ECONOMIA
Temor de uma nova recessão global abala os mercados financeiros
Por: AFP
Publicado em: 04/01/2020 08:48
Foto: Spencer Platt/AFP |
O nervosismo tomou conta dos mercados globais, nesta sexta-feira (3/1), após o ataque aéreo norte-americano que causou a morte do comendante da Guarda Revolucionária Iraniana, general Qasem Soleimani, considerado um dos homens mais poderosos do país persa. No Brasil, houve uma corrida de investidores para o dólar, que registrou alta de 0,72%, fechando a R$ 4,06 para venda. O receio é o de que uma eventual nova guerra no Oriente Médio, região que concentra a maior produção de petróleo do mundo, leve a economia global à recessão, afetando sobretudo os países emergentes, como o Brasil.
A Bolsa de Valores de São Paulo (B3), após ter batido recorde de alta na véspera, teve um dia de forte volatilidade. O Ibovespa, principal indicador dos negócios, iniciou o pregão em queda acentuada, acompanhando as principais bolsas internacionais, mas, ao longo do dia, diminuiu as perdas, terminando a sessão com recuo de 0,73%, aos 117.707 pontos. Nos Estados Unidos, os índices Dow Jones, S&P 500 e Nasdaq recuaram entre 0,81% e 0,79% respectivamente. As bolsas europeias passaram praticamente todo o dia no vermelho, mas fecharam em direções contrárias, com a maioria em queda. Londres fechou em alta de 0,24%m enquanto Paris recuou 1,25%.
Para o diretor-executivo da NGO Corretora, Sidnei Nehme, a alta do dólar deve ser pontual. “Do meu ponto de vista, é uma alta extremamente momentânea no Brasil, e a moeda deve voltar a um preço mais baixo. Estamos quase sem nenhuma participação de capital estrangeiro no país, o fluxo cambial é negativo e estamos nos sustentando pela própria economia nacional. Não vejo razão para grandes temores, e acho importante que o governo brasileiro não se manifeste e se mantenha neutro. O único problema é preço do petróleo, que pode aumentar a gasolina, mas precisamos de um tempo para ver o impacto”, avaliou.
Após o ataque dos EUA, de fato, o petróleo disparou. O barril do produto tipo Brent, usado como referência pela Petrobras, fechou nesta sexta-feira (3/1) em alta de 3,6%, cotado a US$ 68,60, o maior valor desde meados de setembro, quando instalações petrolíferas da Arábia Saudita foram bombardeadas. Já o barril do WTI avançou, 2,99%, para US$ 63,00. Ainda assim, as ações ordinárias da Petrobras terminaram com queda de 2,47% e as preferenciais, com recuo de 0,81%. Segundo Nehme, a queda foi motivada pelas dúvidas sobre a viabilidade política de a empresa repassar a alta aos preços dos combustíveis.
O diretor de investimentos da Infinity Asset, André Pimentel, destacou que, no decorrer do dia, as notícias atenuaram a queda da Bolsa. “Abrimos com forte queda, mas, depois, o mercado foi se acalmando. Tivemos alguns discursos de representantes do governo americano informando que vão fazer de tudo para acalmar a situação. Esse conflito pode tomar proporções muito maiores, mas ninguém ganharia com isso”, afirmou.
No fim da tarde, foi divulgada a ata da última reunião do Federal Reserve (banco central norte-americano), que acabou ofuscando parte do pessimismo diante das tensões internacionais. O documento afastou a possibilidade de uma elevação das taxas de juros, medida que prejudicaria o mercado de ações.
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