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Novo rumo para o esporte: sororidade em vez da rivalidade

Sororidade demonstrada na final do solo na ginástica artística subverteu a expectativa tradicional de que as rivais devem se manter distantes

O esporte tem historicamente se alimentado da rivalidade, da busca incessante pela superação do outro. Contudo, começa a se delinear uma mudança paradigmática: a sororidade ganha um maior espaço, transformando a maneira como as atletas se relacionam entre si, dentro e fora das competições. 

Um exemplo recente e marcante dessa transformação ocorreu nos Jogos Olímpicos de Paris 2024, durante a final do solo na ginástica artística feminina. O comportamento das ginastas Simone Biles e Jordan Chiles, ao reverenciarem Rebeca Andrade no pódio, simboliza essa nova era de irmandade esportiva, desafiando as antigas narrativas de confronto.
  
A performance de Rebeca Andrade na final do solo foi impecável, garantindo-lhe a medalha de ouro e consolidando sua posição como uma das grandes atletas da ginástica mundial. No entanto, o momento que mais ressoou globalmente não foi apenas sua vitória, mas a reação de suas rivais e colegas Simone Biles e Jordan Chiles. Em um gesto de admiração e respeito, elas se curvaram diante de Andrade, não como competidoras derrotadas, mas como irmãs celebrando a conquista de uma das suas.

Esse ato de reverência no pódio transcendeu a competição, tornando-se uma declaração poderosa de que o valor de uma atleta não se mede apenas pelas medalhas que carrega, mas também pela capacidade de reconhecer e honrar o sucesso de outras. A sororidade demonstrada ali subverteu a expectativa tradicional de que as rivais devem se manter distantes, focadas apenas em si mesmas. Em vez disso, vimos um exemplo claro de que o apoio mútuo pode coexistir com a busca pela excelência individual.

Nem todos, entretanto, compartilham dessa visão. Marlon Humphrey, jogador de futebol americano do Baltimore Ravens, manifestou sua discordância nas redes sociais, classificando o comportamento das ginastas como "nojento". Para Humphrey, acostumado ao ambiente competitivo da NFL, onde a rivalidade é vista como um motor indispensável para o sucesso, a ideia de reverenciar uma oponente pareceu uma traição ao espírito competitivo.

A crítica de Humphrey revela uma resistência ainda presente no mundo esportivo: a dificuldade de enxergar a sororidade como uma força positiva. Na perspectiva de muitos, especialmente em esportes historicamente dominados por uma cultura de rivalidade feroz, qualquer gesto de solidariedade pode ser visto como fraqueza. No entanto, essa interpretação ignora a profundidade e a complexidade do esporte, onde o respeito e a união podem ser tão poderosos quanto a determinação de vencer.

O esporte é uma poderosa ferramenta de formação de valores e pode servir como um campo fértil para a disseminação de ideias transformadoras. A sororidade, como foi exemplificada por Biles, Chiles e Andrade, tem o potencial de redefinir o que significa competir. Em vez de enxergar a vitória como um jogo de soma zero, onde o sucesso de uma implica na derrota de outras, a sororidade promove a ideia de que o triunfo de uma atleta pode ser celebrado por todas, sem que isso diminua a realização individual.

Essa mudança de perspectiva é particularmente relevante em um mundo onde as mulheres continuam a enfrentar desafios e barreiras significativas, tanto no esporte quanto na sociedade em geral. A sororidade oferece um caminho para a criação de uma cultura esportiva mais inclusiva e solidária, onde as conquistas são compartilhadas e as dificuldades, enfrentadas em conjunto.

O gesto de Simone Biles e Jordan Chiles em Paris 2024 não foi apenas um momento de cortesia, mas uma ruptura com uma tradição de rivalidade que há muito tempo domina o esporte. Embora críticas como as de Marlon Humphrey revelem a persistência de velhas concepções, o movimento em direção à sororidade está ganhando força. Este novo horizonte desafia as atletas a verem suas concorrentes não como inimigas, mas como aliadas na busca pela grandeza.

No fim das contas, a sororidade no esporte é uma demonstração de força e de visão coletiva. É um lembrete de que, ao nos apoiarmos mutuamente, somos capazes de alcançar alturas ainda maiores. Em vez de focar apenas na competição, essa nova abordagem nos convida a celebrar o esporte como uma arena onde a verdadeira vitória é alcançada quando todas saem mais fortes.


O Projeto de Lei 3.021/2024 chega em um momento decisivo para a saúde pública no Brasil, propondo mudanças substanciais na Lei 11.664, de 2008, que orienta ações de prevenção, detecção, tratamento e acompanhamento dos cânceres do colo uterino, de mama e colorretal no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS). 

Com a inclusão do câncer colorretal nas diretrizes e a redução dos prazos para diagnóstico e tratamento, o projeto reflete o avanço necessário para enfrentar a crescente incidência desses tipos de câncer no Brasil. Além disso, uma proposta complementar, de autoria do senador Laércio Oliveira (PP-SE), busca instituir o rastreamento mamográfico anual para mulheres jovens com histórico familiar de câncer de mama.

A proposta do senador Laércio Oliveira visa introduzir uma medida preventiva crucial: a realização de mamografias anuais a partir dos 30 anos de idade para mulheres que tenham parentes consanguíneos até o segundo grau com histórico de câncer de mama. Esta iniciativa responde a uma necessidade identificada em estudos epidemiológicos que mostram que mulheres com histórico familiar de câncer de mama estão em maior risco de desenvolver a doença em idade precoce.

Atualmente, a mamografia é recomendada a partir dos 40 anos, mas essa proposta busca antecipar a detecção em uma década para um grupo específico, potencialmente salvando vidas ao identificar o câncer em estágios iniciais, quando o tratamento é mais eficaz. Integrada ao PL 3.021/2024, essa medida representaria um avanço significativo na política de prevenção do câncer de mama no Brasil, alinhando-se com as práticas adotadas em países com sistemas de saúde avançados.

O PL 3.021/2024 vai além do câncer de mama, propondo mudanças abrangentes na legislação vigente. Entre as principais alterações estão:

1. Inclusão do Câncer Colorretal: pela primeira vez, o câncer colorretal seria formalmente incorporado às diretrizes da Lei 11.664, uma medida crucial dado que este é um dos cânceres mais comuns e letais no Brasil. A inclusão abrange a ampliação da cobertura para exames preventivos, como a colonoscopia, e o estabelecimento de diretrizes para tratamento e acompanhamento.

2. Redução dos Prazos para Diagnóstico e Tratamento: uma das principais inovações do projeto é a redução dos prazos máximos para que pacientes com suspeita de câncer recebam diagnóstico e iniciem o tratamento. Segundo a nova proposta, esse prazo seria de até 30 dias, uma medida destinada a melhorar significativamente as taxas de sobrevivência e a qualidade de vida dos pacientes.

3. Integração de Novas Tecnologias e Tratamentos: o projeto também prevê a incorporação de novas tecnologias de diagnóstico e tratamento, como exames de imagem avançados e terapias-alvo. Para garantir a eficácia dessa medida, o projeto sugere a criação de um comitê técnico especializado para avaliar e recomendar a inclusão dessas tecnologias no SUS.

4. Acompanhamento e Suporte Continuado: além das medidas preventivas e de tratamento, o PL 3.021/2024 destaca a importância do acompanhamento contínuo para pacientes que já passaram por tratamentos oncológicos, incluindo programas de reabilitação e suporte psicológico.

A integração das mudanças propostas pelo PL 3.021/2024 e a medida do senador Laércio Oliveira no SUS podem transformar o cenário do tratamento e prevenção do câncer no Brasil. A antecipação do rastreamento mamográfico para mulheres em risco elevado promete detectar o câncer de mama em estágios iniciais, enquanto a ampliação da cobertura para o câncer colorretal aborda uma necessidade urgente de saúde pública. A redução dos prazos de tratamento e a incorporação de novas tecnologias também são passos decisivos para aumentar a eficácia do SUS na luta contra o câncer.

Estas mudanças não apenas ampliam o acesso a exames preventivos e tratamentos avançados, mas também propõem uma abordagem mais ágil e abrangente, que pode reduzir drasticamente as taxas de mortalidade associadas a esses cânceres.

Embora as propostas representem avanços significativos, sua implementação requer um planejamento detalhado e investimentos substanciais em infraestrutura e capacitação de profissionais de saúde. A antecipação do rastreamento mamográfico, por exemplo, exigirá um aumento na capacidade dos serviços de radiologia e mamografia em todo o país. Além disso, a efetividade da redução dos prazos para diagnóstico e tratamento dependerá de uma logística eficiente e da disponibilidade de recursos em todas as regiões do Brasil.

Outro desafio será a gestão da incorporação de novas tecnologias, que deve ser feita de forma transparente e com base em evidências científicas robustas para garantir que os recursos do SUS sejam utilizados de maneira eficiente e equitativa.

O PL 3.021/2024, junto com a proposta de rastreamento mamográfico anual para mulheres jovens com histórico familiar de câncer de mama, sinaliza uma mudança significativa na forma como o Brasil aborda a prevenção e o tratamento do câncer. Se implementadas de maneira eficaz, essas medidas podem salvar vidas e estabelecer um novo padrão de cuidado oncológico no país. A combinação de detecção precoce, tratamento ágil e suporte continuado oferece uma esperança renovada para milhões de brasileiros, posicionando o Brasil como um líder na luta contra o câncer na América Latina.


A laqueadura tubária, popularmente conhecida como "ligadura de trompas," é uma forma de contracepção permanente amplamente utilizada em todo o mundo. Apesar de ser considerada uma solução definitiva para mulheres que decidem não ter mais filhos, a vida é cheia de mudanças, e o desejo de ter filhos pode ressurgir em algum momento. Para essas mulheres, a possibilidade de reverter a laqueadura oferece um raio de esperança.

A laqueadura envolve a obstrução ou corte das trompas de Falópio, impedindo que os óvulos liberados pelos ovários cheguem ao útero, onde poderiam ser fertilizados por espermatozoides. Esta intervenção é considerada permanente justamente pela dificuldade de reverter o procedimento e restaurar a fertilidade natural da mulher.

No entanto, é importante entender que a laqueadura não é uma sentença final contra a maternidade. Com os avanços na medicina reprodutiva, a reversão da laqueadura tornou-se uma possibilidade real para muitas mulheres, embora não seja uma garantia absoluta de sucesso.

A reversão da laqueadura é um procedimento cirúrgico complexo que envolve a reconexão das trompas de Falópio, permitindo que os óvulos e os espermatozoides voltem a se encontrar de maneira natural. Essa cirurgia é chamada de reanastomose tubária e, dependendo da técnica usada na laqueadura original, pode ter diferentes graus de sucesso.

O procedimento é realizado por meio de uma microcirurgia, onde o cirurgião utiliza instrumentos delicados e, muitas vezes, um microscópio para reconectar as trompas de Falópio. A precisão desta técnica é crucial, já que o objetivo é reestabelecer o canal pelo qual os óvulos e espermatozoides se encontram.

As taxas de sucesso da reversão da laqueadura variam amplamente, dependendo de vários fatores:

1. Tipo de laqueadura original: o método utilizado na laqueadura inicial é um dos maiores determinantes do sucesso da reversão. Se as trompas foram simplesmente cortadas e amarradas, as chances de sucesso são geralmente maiores do que se elas foram queimadas ou removidas.

2. Tempo desde laqueadura: quanto mais recente for o procedimento, maior a chance de sucesso na reversão. Isso ocorre porque, com o tempo, o tecido cicatricial pode se formar, tornando mais difícil a reconexão das trompas.

3. Idade da mulher também desempenha um papel crucial. Mulheres mais jovens têm maiores chances de sucesso na reversão, tanto pela qualidade de seus óvulos quanto pela recuperação do tecido tubário.

4. Saúde reprodutiva geral da mulher, incluindo a presença de outros problemas de fertilidade, também afeta as chances de sucesso.

As estatísticas indicam que entre 40% e 85% das mulheres que passam pela reversão da laqueadura conseguem engravidar. No entanto, esse número não garante que a gravidez seja fácil ou rápida; o tempo para concepção pode variar significativamente.

Apesar das possibilidades, a reversão da laqueadura não é isenta de riscos. Como qualquer cirurgia, há riscos associados à anestesia, infecção e complicações pós-operatórias. Além disso, há o risco de uma gravidez ectópica, onde o embrião se implanta nas trompas de Falópio em vez do útero, o que pode ser uma condição perigosa.

Outro ponto importante é o custo da reversão da laqueadura, que pode ser elevado e, na maioria das vezes, não é coberto por seguros de saúde. Isso leva muitas mulheres a considerar alternativas como a fertilização in vitro (FIV), que, apesar de também ser cara, pode ter uma taxa de sucesso comparável ou superior, dependendo do caso.

Para mulheres que não querem ou não podem passar pela reversão da laqueadura, a fertilização in vitro (FIV) é uma alternativa viável. Na FIV, os óvulos são fertilizados em laboratório e, em seguida, transferidos para o útero. Esse método bypassa completamente as trompas de Falópio, tornando a laqueadura irrelevante para a fertilidade.

Embora a FIV possa ser uma opção menos invasiva em termos de cirurgia, ela vem com seus próprios desafios e considerações, incluindo múltiplos ciclos de tratamento e a questão emocional que pode acompanhar a terapia de fertilidade.

A decisão de tentar a reversão da laqueadura é profundamente pessoal e deve ser feita em consulta com um especialista em fertilidade. É importante considerar todas as opções, entender as probabilidades reais de sucesso e estar preparado para as várias possibilidades, incluindo a necessidade de considerar alternativas como a FIV.

A reversão da laqueadura representa uma esperança real para muitas mulheres que desejam conceber após terem optado por um método contraceptivo permanente. Embora não seja uma solução garantida, a medicina moderna oferece caminhos para restaurar a fertilidade que, há poucas décadas, eram impensáveis.

Para aquelas que buscam mais do que apenas esperança, mas uma compreensão clara das possibilidades e limitações, o diálogo contínuo com profissionais de saúde é essencial. Assim, cada mulher pode fazer a escolha mais informada e alinhada com seus desejos e realidades.

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