COLUNA
A meta de inflação deveria aumentar?
Por: Ecio Costa
Publicado em: 13/02/2023 10:30
Crédito: Reprodução/Central Bank News e SPE/Ministério da Economia |
A meta de inflação definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) é de 3,25% ao ano para 2023, alinhada com as práticas internacionais de países emergentes. No México, Colômbia, Chile e Uruguai é de 3%. No Peru, a meta é de 2%. Argentina e Venezuela não têm metas de inflação e por lá está disparada. A alteração para uma meta com mais inflação seria positiva para o país?
O CMN é composto pelo Ministro da Fazenda (Presidente do Conselho), o Presidente do Banco Central e o Secretário Especial de Fazenda do Ministério da Fazenda e irá se reunir até junho para definir a política de metas de inflação para 2026 e a manutenção das metas de 2024 e 2025.
A meta de 2023 é 3,25%. As metas para 2024 e 2025 são de 3,00% ao ano, com intervalos de tolerância de 1,50% na banda inferior e 4,50% na banda superior. Para 2023, a banda inferior é de 1,75% e a superior de 4,75%. Nos anos de 2021 e 2022, a inflação superou a banda superior e o Presidente do Banco Central precisou escrever uma carta ao Congresso explicando por que isso aconteceu e o que iria fazer para resolver o problema.
Um aumento da meta de inflação vem sendo defendido com o objetivo de diminuir as taxas de juros da economia para que a economia possa crescer mais, já que os juros altos inibem o consumo, com o objetivo de controlar a inflação. Mas os dados indicam que isso não acontece.
O regime de metas de inflação usa um mecanismo de expectativas que tem como objetivo reduzir o custo econômico da redução e reversão do processo inflacionário. Por conta disso, a meta de inflação é estipulada com 3 anos de antecedência para antecipar expectativas. Com um Banco Central com credibilidade, aliado a uma política econômica responsável e crível, ao determinar uma meta de 3 anos, cria-se um cenário em que se ancoram as expectativas de inflação ao redor da meta. Isso reduz o custo de se desinflacionar a economia.
Metas de inflação mais altas na realidade levam a taxas de juros mais elevadas, pois o mercado antecipa a necessidade de corrigir o problema, não existe esse trade-off esperado de que a meta de inflação mais alta levará a uma taxa de juros mais baixa, com mais crescimento.
Na realidade, a inflação mais alta prejudica a população mais pobre, pois a inflação de alimentos, de maior peso para os mais pobres, termina subindo ainda mais, diminuindo o poder de compra da população com renda mais baixa, que consome mais alimentos na sua cesta de bens.
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