COLUNA

Déficit Zero cada vez mais distante

No acumulado de janeiro a agosto, o déficit atingiu R$ 99,4 bilhões, uma queda de 9,1% em relação ao mesmo período de 2023
Por: Ecio Costa

Publicado em: 08/10/2024 08:48

 

Governo tem déficit de quase R$ 100 bilhões no acumulado do ano, e não deve atingir a meta zero em 2024. O governo federal registrou um déficit primário de R$ 22,4 bilhões em agosto de 2024 e um acumulado de R$ 227,5 bilhões em 12 meses. Já no acumulado de janeiro a agosto, o déficit atingiu R$ 99,4 bilhões, uma queda de 9,1% em relação ao mesmo período de 2023, quando o déficit foi de R$ 109,3 bilhões, mas ainda muito distante da meta de zerar o déficit em 2024. 

 

O déficit acumulado em 12 meses de R$ 227,5 bilhões é o maior desde 2021. Apesar disso, a equipe econômica do governo estima um déficit de R$ 28,3 bilhões para 2024, valor próximo ao limite permitido de 0,25% do PIB (R$ 28,8 bilhões) para o déficit zero. No entanto, o mercado financeiro, segundo o Boletim Focus, projeta um cenário mais pessimista, com um déficit de 0,6% do PIB. De acordo com o Prisma Fiscal, a expectativa dos agentes econômicos é de que o déficit chegue a R$ 66,67 bilhões em 2024. 

 

Ao somar o pagamento de juros da dívida e incluir estados, municípios e estatais, o déficit nominal em 12 meses atingiu R$ 1,11 trilhão, segundo dados do Banco Central. O pagamento de juros da dívida somou R$ 855 bilhões nesse período, representando 76,9% do rombo total nas contas públicas. Esse patamar de déficit vem se mantendo acima do recorde atingido com a pandemia e está acima de R$ 1 trilhão pelo 5º mês seguido. 

 

Esse cenário tem impactado diretamente a dívida pública, que já representa 78,6% do PIB, ou R$ 8,9 trilhões. O endividamento público acumulou um crescimento de 6,9 pontos percentuais desde o início do governo Lula, e em apenas um mês, observou-se uma variação de 0,2 p.p. No ritmo atual, a relação dívida/PIB deve ultrapassar o patamar de 80% ao final deste ano, com projeções de mercado indicando que poderá alcançar 92% do PIB até 2032, caso não haja intervenções fiscais relevantes. 

 

O crescimento acelerado da dívida pública, sem medidas efetivas de contenção de gastos, aumenta os riscos fiscais, encarecendo o custo de rolar a dívida. Esse aumento tende a pressionar as taxas de juros, exigindo que o governo pague mais para atrair investidores, o que agrava ainda mais a situação fiscal e gera incertezas no cenário econômico. A inflação e a taxa de câmbio também são afetadas, com potenciais impactos negativos no crescimento econômico.