COLUNA

Inflação estoura teto da meta em outubro

O resultado foi influenciado, principalmente, pelos aumentos nos grupos Habitação (1,49%) e Alimentação e bebidas (1,06%)
Por: Ecio Costa

Publicado em: 11/11/2024 10:05

O IPCA de outubro registrou uma alta de 0,56%. Com esse resultado, o índice acumulado em 12 meses subiu de 4,42% para 4,76%, e no acumulado do ano, a inflação já está em 3,88%. O resultado fez com que o acumulado de 12 meses ultrapassasse o teto da meta de inflação, de 4,5%, mostrando que o processo de reinflação da economia está mais forte.

O resultado foi influenciado, principalmente, pelos aumentos nos grupos Habitação (1,49%) e Alimentação e bebidas (1,06%), que contribuíram com 0,23 p.p. para o índice do mês. O principal impacto veio da energia elétrica residencial (4,74%), que exerceu influência de 0,20 p.p. no índice geral. O grupo Habitação foi impactado pela elevação da energia elétrica, que passou da bandeira vermelha patamar 1, vigente em setembro, para o patamar 2 em outubro, aumentando de R,46 para R,87 a cada 100 kWh consumidos.

O grupo Alimentação e bebidas foi pressionado pelo aumento das carnes (5,81%), que registrou a maior variação mensal desde novembro de 2020. Entre os cortes, destacaram-se acém (9,09%), costela (7,40%) e contrafilé (6,07%). Esse movimento é explicado pela menor oferta no mercado interno devido ao clima seco, menor número de animais abatidos e aumento das exportações.

O grupo Transportes, por outro lado, apresentou queda de -0,38%, com destaque para as passagens aéreas (-11,50%), que tiveram impacto de -0,07 p.p. no índice geral. Subitens como metrô (-4,63%) e ônibus urbano (-3,51%) também contribuíram para o resultado negativo, devido às gratuidades concedidas durante as eleições municipais. Nos combustíveis, houve queda no etanol (-0,56%), gasolina (-0,13%) e óleo diesel (-0,20%), enquanto o gás veicular registrou alta de 0,48%.

Com o resultado de outubro, o IPCA acumulado em 12 meses subiu para 4,76%, intensificando o alerta para que o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, que acabou de elevar a Taxa Selic para 11,25% ao ano na semana passada, continue sua política monetária restritiva com o objetivo de controlar a inflação.

A inflação segue pressionada pelos reajustes de energia elétrica, altas sazonais dos alimentos e políticas fiscais expansionistas do governo, com déficits fiscais recorrentes e sem controle. O tão esperado anúncio de cortes de gastos, que poderia ajudar no controle da inflação, até agora foi adiado diversas vezes, trazendo falta de credibilidade no que vem pela frente e pressionando o Dólar, que por sua vez, pode por mais lenha na fogueira da inflação, com aumentos de preços de insumos e produtos importados.

Caso o índice continue acima do teto da meta e a previsão para os próximos anos também continue tendo elevações, o ciclo de aperto da política monetária, através dos aumentos da taxa Selic pode ser prolongado além do previsto, fazendo com que a Selic chegue próximo dos 13% ao ano, segundo previsões do mercado.