A fachada de um supermercado Carrefour de São Paulo foi apedrejada por manifestantes no início da noite desta sexta-feira (20). Chegaram a entrar na loja e deixaram uma boa parte do mercado destruída. Carros de clientes também foram atingidos. A Polícia Militar, até o momento, não interferiu na manifestação e o Carrefour está mantendo os clientes abrigados dentro da unidade, que é um das maiores da capital paulista, localizada no Jardim Pamplona Shopping, nas proximidades da Avenida Paulista. As lideranças do movimento chegaram a pedir para os manifestantes não atacarem o mercado, que fica dentro de um shopping na área nobre de São Paulo.
Unidade do Carrefour em São Paulo é apedrejada por manifestantes https://t.co/E0P6XnO2Y6 pic.twitter.com/FPTbOrj4ls
— Diario de Pernambuco (@DiarioPE) November 20, 2020
João Alberto Silveira Freitas, um homem negro, foi morto por um segurança do supermercado em Porto Alegre, na noite de quinta-feira (19). O vídeo do momento da morte do homem circula nas redes sociais desde a manhã desta sexta e causa revolta em todo o Brasil. Nas imagens, é possível ver pessoas gritando para que as agressões cessassem. O laudo da morte aponta que o homem morreu por asfixia.
Manifestação
Parte dos manifestantes que acompanhavam a marcha do Dia da Consciência Negra em São Paulo se distanciou da passeata e foi até à loja do Carrefour. O grupo arremessou pedras e destruiu a fachada do shopping onde fica o supermercado. Alguns carros que estavam estacionados em frente ao comércio foram atingidos pelas pedras e tiveram os vidros quebrados. O ato durou poucos minutos e não há relato de feridos até o momento.
Militante do Movimento Negro e da educação popular, Douglas Belchior, mais conhecido por Negro Belchior, afirmou que o ato vem como uma "senha" em resposta à falta de reconhecimento do presidente Jair Bolsonaro à existência de racismo. "As palavras, a política e o diálogo não têm sido suficientes. Precisamos reagir com o mesmo peso das mãos que nos matam diariamente".
Em Porto Alegre, manifestantes chegaram a pular as grades do supermercado onde ocorreu a morte. Houve ato de vandalismo e pixação, mas a Polícia Militar jogou gás lacrimogêneo e dispersou o grupo.
A unidade do Carrefour de Brasília também tem manifestação nesta sexta.
O que diz o Carrefour
"O Carrefour informa que adotará as medidas cabíveis para responsabilizar os envolvidos neste ato criminoso. Também romperá o contrato com a empresa que responde pelos seguranças que cometeram a agressão. O funcionário que estava no comando da loja no momento do incidente será desligado. Em respeito à vítima, a loja será fechada. Entraremos em contato com a família do senhor João Alberto para dar o suporte necessário.
O Carrefour lamenta profundamente o caso. Ao tomar conhecimento deste inexplicável episódio, iniciamos uma rigorosa apuração interna e, imediatamente, tomamos as providências cabíveis para que os responsáveis sejam punidos legalmente. Para nós, nenhum tipo de violência e intolerância é admissível, e não aceitamos que situações como estas aconteçam. Estamos profundamente consternados com tudo que aconteceu e acompanharemos os desdobramentos do caso, oferecendo todo suporte para as autoridades locais."
O que diz a Brigada Militar
"Imediatamente após ter sido acionada para atendimento de ocorrência em supermercado da Capital, a Brigada Militar foi ao local e prendeu todos os envolvidos, inclusive o PM temporário, cuja conduta fora do horário de trabalho será avaliada com todos os rigores da lei. Cabe destacar ainda que o PM Temporário não estava em serviço policial, uma vez que suas atribuições são restritas, conforme a legislação, à execução de serviços internos, atividades administrativas e videomonitoramento, e, ainda, mediante convênio ou instrumento congênere, guarda externa de estabelecimentos penais e de prédios públicos. A Brigada Militar, como instituição dedicada à proteção e à segurança de toda a sociedade, reafirma seu compromisso com a defesa dos direitos e garantias fundamentais, e seu total repúdio a quaisquer atos de violência, discriminação e racismo, intoleráveis e incompatíveis com a doutrina, missão e valores que a Instituição pratica e exige de seus profissionais em tempo integral."
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