TRANSPORTE PÚBLICO

Tempo gasto no transporte reduz produtividade, dizem brasileiros

A pesquisa foi realizada pelo Instituto de Pesquisa em Reputação e Imagem com a população economicamente ativa (PEA)

Publicado em: 24/08/2023 16:22 | Atualizado em: 24/08/2023 16:34

Tempo médio de locomoção varia a cada região do país, sendo que a maioria (26%) dos entrevistados gasta de 30 minutos a 1h diária no trânsito (foto: Tulio Santos/EM/D.A.Press)
Tempo médio de locomoção varia a cada região do país, sendo que a maioria (26%) dos entrevistados gasta de 30 minutos a 1h diária no trânsito (foto: Tulio Santos/EM/D.A.Press)

Mais de um terço dos moradores das grandes cidades brasileiras passam mais de uma hora por dia no trânsito. O dado foi divulgado nesta terça-feira (22/8) por uma pesquisa da Confederação Nacional da Indústria (CNI), que também revelou que 55% das pessoas têm a qualidade de vida afetada em razão do tempo gasto no transporte. Em Belo Horizonte, a falta de alternativa é uma das razões para aumentar esse número. 

 

A pesquisa foi realizada pelo Instituto de Pesquisa em Reputação e Imagem com a população economicamente ativa (PEA) brasileira em municípios a partir de 250 mil habitantes. Foram entrevistados presencialmente 2.019 pessoas com idade a partir de 16 anos, em todos os estados e Distrito Federal. 

 

O tempo médio de locomoção varia a cada região do país, sendo que a maioria (26%) dos entrevistados gasta de 30 minutos a 1 hora por dia no trânsito. Outros 21% gastam entre 1h e 2h, e 8% ficam mais de 3h no transporte. 

 

Todo esse tempo gasto nos deslocamentos diários causa estresse na população e pode desencadear transtornos de diversos tipos. Na pesquisa, 55% afirmam ter a qualidade de vida afetada e 51% consideram que essa situação causa impactos negativos na produtividade. 

 

De acordo com o doutor em psicologia social Cláudio Paixão, a produção hormonal que gera o estresse coloca os nervos ‘à flor da pele’ e deixa as pessoas mais agressivas e, a longo prazo, desencadear transtornos psicológicos como ansiedade, depressão, além do consumo de substâncias para buscar o relaxamento, como álcool. 

 

“Na origem, o estresse serve para nos ajudar a sobreviver, ficar estressado é preparar para um embate. Na vida cotidiana, especialmente no trânsito, não se pode largar o carro, ônibus ou metrô e ir embora. Também não há formas de lutar contra isso, porque a pessoa não pode, literalmente, empurrar veículos da frente”, explica. A reação prepara o corpo, mas sem a ‘queima’, o excesso de adrenalina (hormônio do estresse), pode gerar até problemas digestivos.  

 

Embora difíceis, as horas no trânsito podem ser aproveitadas para que não se tenha a impressão de que aquele tempo foi perdido. “[A pessoa] pode ouvir um podcast ou algo que distraia e ajude a sentir que aquele tempo não foi desperdiçado. Outra forma é criar uma rede de amigos nesse espaço, dando caronas ou conversando com quem esteja no transporte coletivo”, diz o especialista. 

 

Quem aproveita os longos períodos gastos no ônibus é a estudante Hully Carolina, de 19 anos. Ela passa um quarto do dia dentro do transporte e busca atividades para preencher esses momentos. “Contando o dia inteiro, são 6h em ônibus. Moro no Barreiro e para chegar na Savassi são quase 2h. Do trabalho, vou para a faculdade e depois para casa. Graças a Deus, consigo ir sentada na maioria das vezes, mas não é bom. Ainda assim, tento ler um livro e planejar o que preciso fazer no dia, para o tempo não passar em vão”, conta. 

 

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