DESASTRE

O que são as minas da Braskem em Maceió? Entenda por que cidade está em alerta máximo

Situação de emergência foi declarada pela prefeitura da cidade na última quarta-feira (29)

Publicado em: 01/12/2023 12:40 | Atualizado em: 01/12/2023 22:34

Situação de emergência por 180 dias foi decretada por causa do iminente colapso de uma mina de exploração de sal-gema (Foto: UFAL)
Situação de emergência por 180 dias foi decretada por causa do iminente colapso de uma mina de exploração de sal-gema (Foto: UFAL)
A prefeitura de Maceió decretou, na última quarta-feira (29), situação de emergência por 180 dias por causa do iminente colapso de uma mina de exploração de sal-gema da Braskem, que pode provocar o afundamento do solo em vários bairros. 

No momento, a área já está desocupada e a circulação de embarcações da população está restrita na região da Lagoa Mundaú, no bairro do Mutange, na capital alagoana. Nove escolas estão estruturadas com carros-pipa, colchões, alimentação, equipes de saúde, equipes da Guarda Municipal e de assistência social para receber até 5 mil pessoas vindas das regiões afetadas.

“Estudos mostram que há risco iminente de colapso em uma das minas monitoradas. Por precaução e cuidado com as pessoas, reforçamos, mais uma vez, a recomendação de que embarcações e a população evitem transitar na região até nova atualização do órgão”, informou a prefeitura.

Este não é, contudo, um problema recente. Desde 2018, diversos bairros tiveram que ser evacuados emergencialmente por causa da exploração mineral subterrânea realizada no local. 

O que são as minas da Braskem em Maceió?

A Braskem é uma empresa de atuação global que mantém atividades de mineração sob a superfície de Maceió desde a década de 1970, quando nem mesmo usava esse nome. Atualmente, ela possui unidades no Brasil, Estados Unidos, Alemanha e México e é controlada pela Novonor, que costumava ser Odebrecht, tendo também a Petrobras com parte das ações. 

No subsolo de Maceió, a companhia costumava extrair sal-gema, um cloreto de sódio usado na produção de soda cáustica e policloreto de vinila. Para isso, um poço era cavado e, em seguida, a água era injetada para a camada de sal, o que gerava uma salmoura. 

Em seguida, a solução era retirada das minas para a superfície e os poços cavados eram preenchidos com material líquido para dar estabilidade ao solo. Parte dessas minas, no entanto, teve vazamento do líquido ao longo dos anos, o que causou instabilidade no solo e gerou buracos. 

Ao todo, existem 35 minas na área urbana da cidade de Maceió. Elas estão sendo preenchidas novamente.

Em março de 2018, um tremor de terra causou o afundamento do solo em cinco bairros da capital alagoana: Pinheiro, Mutange, Bebedouro, Bom Parto e em uma parte do Farol. Na época, cerca de 60 mil moradores deixaram a área. 

Estes tremores seriam justamente a acomodação do solo diante dessa instabilidade causada pelos vazamentos. No total, mais de 200 mil pessoas foram afetadas pelo desastre e a Braskem, responsável pelo problema, indenizou os moradores. Em 2019, a extração de sal-gema na região foi encerrada e as 35 minas da companhia começaram a ser fechadas.

Em nota, a empresa afirmou que monitora a situação da mina e que, desde a última terça-feira (28), isolou a área de serviço da empresa, onde são executados os trabalhos de preenchimento dos poços. 

“Os dados atuais de monitoramento demonstram que o movimento do solo permanece concentrado na área dessa mina”, informou, dizendo ainda que está apoiando a realocação emergencial dos moradores que ainda resistem em permanecer na área de desocupação e segue colaborando com as autoridades.

O que diz a Defesa Civil

Através de comunicado, a Defesa Civil de Maceió informou que o deslocamento vertical acumulado da mina 18, localizada na região do antigo campo do CSA, no Mutange, é de 1,42m e a velocidade vertical é de 2,6cm por hora. 

O órgão afirmou que permanece em alerta máximo devido ao risco iminente de colapso da mina e que, por precaução, a recomendação é de que a população não transite na área desocupada até uma nova atualização da Defesa Civil, enquanto medidas de controle e monitoramento são aplicadas para reduzir o perigo.

* Com informações do UOL e da Agência Brasil

COMENTÁRIOS

Os comentários a seguir não representam a opinião do jornal Diario de Pernambuco; a responsabilidade é do autor da mensagem.
MAIS NOTÍCIAS DO CANAL