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Brumadinho: ação pede julgamento de ex-presidente da Vale e R$ 200 milhões

Advogados de parte das vítimas requerem ainda que atual presidente da mineradora seja incluído como investigado no processo e afastado imediatamente do cargo

Rompimento de barragem em Brumadinho ocorreu em 2019

Os advogados representantes dos espólios de 40 vítimas da tragédia em Brumadinho, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, pedem judicialmente o retorno do ex-presidente da Vale, Fábio Schvartsman, ao banco dos réus, apontando “condutas omissivas” que levaram ao rompimento da barragem. Com isso, além das indenizações já pagas mediante acordo, a defesa pleiteia que Schvartsman e outros 15 denunciados sejam condenados solidariamente a pagar mais R$ 5 milhões para cada uma das famílias das 40 vítimas, totalizando R$ 200 milhões.

 

Conforme os advogados, as indenizações recebidas pelos familiares referem-se “ao dano afetivo, indireto, causado aos parentes do núcleo familiar de quem faleceu”. Os novos valores requeridos, porém, decorrem do “dano direto causado aos próprios trabalhadores que perderam a vida”. Procurada pela reportagem, a defesa de Schvartsman disse que não irá se manifestar. A ação também visa à responsabilização do atual presidente da Vale (veja mais abaixo). 

 

O pedido foi feito na segunda-feira (19/8) por meio de aditamento apresentado à 2ª Vara Federal Criminal de Belo Horizonte. O documento visa complementar a denúncia do Ministério Público Federal apresentada à Justiça em janeiro de 2020, além de buscar um “processo justo, bem como a devida responsabilização do autor da prática criminosa”.

 

Em março deste ano, o Tribunal Regional Federal da 6ª Região em Minas trancou dois processos depois da defesa de Schvartsman obter um habeas corpus, livrando o ex-presidente da mineradora das acusações de homicídio qualificado e crime ambiental. Na ocasião, os desembargadores entenderam que não havia provas de negligência após o rompimento da Barragem I da Mina do Córrego do Feijão em 25 de janeiro de 2019, quando 270 pessoas morreram.

 

“Fábio Schvartsman, apesar da condição na qual assumiu a Vale (após o desastre de Mariana e com o compromisso público de que isso nunca mais voltaria a ocorrer), e estando na posição de garantidor, omitiu-se diante de situação de grave risco, que culminou no evento danoso que teve como causa a execução de uma perfuração na barragem com a utilização de técnicas e instrumentos inadequados”, narra a defesa no aditamento.

 

Responsabilização de atual presidente da Vale 

 

No aditamento, a defesa requer ainda que Eduardo Bartolomeo, atual presidente da Vale, seja incluído como investigado no processo e afastado imediatamente da presidência da empresa em decorrência de um suposto crime de usurpação da União, pois alega-se que Bartolomeo se recusa a indenizar as 270 vítimas diretas que faleceram no desastre, violando obrigações previstas no Código de Mineração.

 

O pedido de afastamento do cargo é justificado como uma “medida cautelar para restaurar a ordem pública”. A defesa diz que é devida uma indenização aos espólios. “A conduta dos presidentes da Vale se coaduna ao tipo penal de usurpação ao patrimônio a partir do momento em que existe um dano a ser reparado, dano pelo resultado morte, ocasionado em razão da exploração do patrimônio da União, e eles, ao longo dos mais de cinco anos decorridos desde a tragédia de Brumadinho, se recusaram (no caso de Eduardo Bartolomeo, se recusa) a se responsabilizar e a repará-lo”, justificam os advogados.

 

Em nota, a Vale disse que “a petição é juridicamente descabida e absolutamente desprovida de qualquer fundamento sólido”. Conforme a mineradora, o atual presidente sempre agiu para que a empresa cumprisse com seu compromisso pela reparação. 

 

“Em sua gestão, os acordos foram assinados e vêm sendo cumpridos. A companhia já executou mais de 70% do Acordo de Reparação Integral, firmado em 2021 com diversas autoridades públicas e instituições da Justiça. Importante registrar, ainda, que mais de 16,7 mil pessoas já receberam indenização individual, cíveis e trabalhistas, referente ao desastre de Brumadinho e territórios evacuados, beneficiando os familiares das vítimas e aqueles que se declararam atingidos e comprovaram danos morais e materiais, que totalizam em indenizações individuais mais de R$ 3,7 bilhões, valores que são históricos”, declarou.

 

As informações são do Estado de Minas. 

Leia a notícia no Diario de Pernambuco