A defesa do matador de aluguel Ronnie Lessa, de 53 anos, deve recorrer da sentença que o condenou, na semana passada, a 78 anos e 9 meses de prisão por matar a tiros a vereadora Marielle Franco e o motorista Anderson Gomes. Os crimes aconteceram em março de 2018.
Ex-sargento do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope), a tropa de elite da PM do Rio de Janeiro, Ronnie Lessa havia feito acordo de delação premiada para apontar os mandantes do crime – em troca, receberia benefícios como cumprir pena mais branda e ficar no sistema estadual. Atualmente, ele está detido em uma cadeia no interior de São Paulo.
No júri popular, realizado no Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJRJ), Lessa e o comparsa, o também ex-PM Élcio Queiroz, foram considerados culpados por homicídio qualificado, além de tentativa de assassinato e receptação. Também foram sentenciados a pagar indenização para familiares de Marielle e de Anderson.
Para os jurados, o crime aconteceu por motivo torpe, com emboscada e uso de recurso que impossibilitou defesa das vítimas. Ao Diario de Pernambuco, o advogado Saulo Carvalho, que representa Ronnie Lessa, afirmou que estuda entrar com recurso para questionar essas qualificadoras.
“O resultado era esperado, Ronnie Lessa era réu confesso dos crimes que cometeu contra a vereadora Marielle Franco e Anderson Gomes. Eu fiz questão de ressaltar isso aos jurados: que condenassem Ronnie Lessa, mas que condenassem de uma forma justa. Infelizmente, algumas questões das qualificadoras não foram observadas”, disse.
[SAIBAMAIS]
Ameaça na cadeia
Em junho, o matador de aluguel foi transferido da Penitenciária Federal de Campo Grande (MS), unidade de segurança máxima, para a Penitenciária 1 de Tremembé, cadeia no interior paulista que é controlada pelo Primeiro Comando da Capital (PCC).
Por medida de segurança, Lessa foi posto em isolamento em uma cela de 9 m². Na ocasião, agentes penitenciárias receberam denúncia sobre um suposto “salve” do PCC para matar o preso, que é ex-PM e delator, categorias consideradas inimigas da facção.
A defesa de Lessa tem tentado transferi-lo para outra unidade prisional. “Hoje, eu acredito que ele não corra risco de morte”, afirmou o advogado. “Ele está completamente isolado em Tremembé, não tem contato com nenhum outro preso”.