CIÊNCIA

Pela primeira vez cientistas conseguem transformar plástico gasto em sabão

Descoberta atua e opera em plásticos já gastos e que não podem ser reciclados através dos meios convencionais

Publicado em: 11/08/2023 14:47

Método pioneiro funciona com polietileno e polipropileno (Foto: Freepik)
Método pioneiro funciona com polietileno e polipropileno (Foto: Freepik)
Um grupo de cientistas norte-americanos descobriu uma técnica que permite dar uma nova vida ao plástico gasto, transformando-o em sabão. O professor de química, Guoliang Liu, da Virginia Tech, nos EUA, e autor do novo estudo publicado na revista "Science", disse que observou e pesquisou a semelhança entre o plástico e os ácidos graxos e que poderia, portanto realizar a conversão do polietileno em sabão. “O problema, inicialmente, era o tamanho a nível molecular, porque os plásticos são bastante grandes, tendo cerca de 3000 átomos de carbono, enquanto os ácidos graxos são muito menores”, disse Liu.

Liu apontou que os plásticos são quimicamente semelhantes aos ácidos graxos – fazem parte da constituição das gorduras - um dos principais ingredientes do sabão. Para tanto, o cientista fez uma analogia com a lenha, que quando arde, libera fumaça, que é composta por partículas bem menores e então se questionou se o mesmo não sucederia com a queima de plástico. “A lenha é majoritariamente feita de polímeros como a celulose. A combustão da lenha decompõe estes polímeros em cadeias curtas e depois em pequenas moléculas gasosas, antes da oxidação total em dióxido de carbono. Se decompusermos as moléculas de polietileno sintético de forma similar, mas pararmos o processo antes de estas se decomporem completamente em pequenas moléculas gasosas, então se deve obter moléculas de cadeia curta, semelhantes ao polietileno", explicou.

O método pioneiro funciona com polietileno e polipropileno, os dois tipos de plásticos mais comuns. Mais de 80% dos resíduos de plástico são depositados em aterros sanitários, sendo que menos de 10% são reciclados. Por isso, a grande vantagem da descoberta é que atua e opera em plásticos já gastos e que não podem ser reciclados através dos meios convencionais. "A poluição plástica é um desafio global. É um dos principais problemas que a nossa sociedade enfrenta e esta é uma peça de um puzzle maior. Precisamos de um esforço conjunto entre a investigação e as comunidades industriais. E a melhor forma de evitar a poluição por plásticos é minimizar a sua utilização.", apelou Liu.

Como foi feito o primeiro sabão de plástico

Para conseguir queimar o plástico em segurança, a equipe de investigadores construiu um reator semelhante a um forno, com a temperatura na parte inferior quente o suficiente para quebrar as cadeias de polímeros e a parte superior arrefecida o suficiente para impedir que se quebrassem demasiado. A equipe testou o "forno" e, quando recolheu os resíduos, descobriu que o produto criado era polietileno de cadeia curta, uma espécie de cera, que depois foi transformada em sabão. "É o primeiro sabão feito de plástico no mundo. Tem uma cor diferente do normal. Mas funciona", afirmou o professor Guoliang Liu.

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