EMPREENDEDORISMO
Como o empreendedorismo social enriquece as cidades
Por: Fábio Silva
Publicado em: 18/01/2019 07:50 | Atualizado em: 18/01/2019 07:59
No Chile existe uma atmosfera que não existe em muitos países pelo mundo. Lá, uma vez por ano, profissionais de várias áreas dedicam uma semana inteira a um festival para compartilhar, dividir, ensinar, aprender e multiplicar o conhecimento sobre empreendedorismo social e inovação tecnológica. O ar que se respira lá tem contribuído de forma considerável para o fomento de muitas empresas que querem não apenas crescer e ganhar dinheiro, mas também, causar transformações sociais.
No Brasil, isso vem acontecendo de forma tímida, mas relevante. Muitos empreendedores e profissionais perceberam que não adianta só ganhar dinheiro, expandir os negócios, ganhar novos mercados se o contexto social onde se está inserido não evoluir.
Explico: conheci uma médica no Rio de Janeiro, que não se conformava em atender várias vezes os mesmos pacientes com as mesmas queixas. Especialmente as crianças. “Elas nunca ficam boas?” - Dra Vera Cordeiro se perguntava constantemente. Mas, depois de tanto se questionar sem ter respostas, e continuar trabalhando repetitivamente nos mesmos problemas, a médica decidiu ir além da sua obrigação. Ela passou a visitar as comunidades onde as crianças viviam e descobrir a raiz das doenças. Percebeu que os remédios curavam as doenças, mas não tratavam suas causas, como a falta de saneamento básico, por exemplo. Não havia remédio suficiente para curar as crianças que se banhavam nos esgotos das ruas. Foi quando ela decidiu se unir a outros profissionais e criar um projeto chamado “Saúde Criança”, que oferece prevenção às famílias carentes. Assim, reduziu os gastos com remédios nos postos de saúde, diminuiu índices de mortalidade infantil e amputação de membros e formou médicos mais comprometidos com os que mais precisam deles.
No Brasil, isso vem acontecendo de forma tímida, mas relevante. Muitos empreendedores e profissionais perceberam que não adianta só ganhar dinheiro, expandir os negócios, ganhar novos mercados se o contexto social onde se está inserido não evoluir.
Explico: conheci uma médica no Rio de Janeiro, que não se conformava em atender várias vezes os mesmos pacientes com as mesmas queixas. Especialmente as crianças. “Elas nunca ficam boas?” - Dra Vera Cordeiro se perguntava constantemente. Mas, depois de tanto se questionar sem ter respostas, e continuar trabalhando repetitivamente nos mesmos problemas, a médica decidiu ir além da sua obrigação. Ela passou a visitar as comunidades onde as crianças viviam e descobrir a raiz das doenças. Percebeu que os remédios curavam as doenças, mas não tratavam suas causas, como a falta de saneamento básico, por exemplo. Não havia remédio suficiente para curar as crianças que se banhavam nos esgotos das ruas. Foi quando ela decidiu se unir a outros profissionais e criar um projeto chamado “Saúde Criança”, que oferece prevenção às famílias carentes. Assim, reduziu os gastos com remédios nos postos de saúde, diminuiu índices de mortalidade infantil e amputação de membros e formou médicos mais comprometidos com os que mais precisam deles.
Aqui no Recife, onde moro, existem mais de 500 projetos sociais como este, que oferecem uma contribuição ao Estado que não dá pra contabilizar. Por outro lado, também temos uma população extremamente solidária, que ao ser convocada, arregaça as mangas e oferece ajuda dos mais diversos tipos. O empresário doa dinheiro, empresta veículos, disponibiliza espaços para reuniões, abre galpões para arrecadação de donativos. Os profissionais doam seu tempo, sua experiência, sua capacidade de produzir. Os voluntários se mobilizam, arrecadam donativos, separam, visitam, buscam informações sobre quem precisa de que.
É com essa atmosfera que muitos buscam aprender o quanto a solidariedade tem a ver com sustentabilidade e empreendedorismo. Negócios podem fazer a diferença nas cidades? Empresas podem construir uma sociedade mais justa? Isso não é papel dos governos? Assim como ocorre no Chile, uma vez por ano essas perguntas são respondidas na prática no Recife. Ao longo de uma semana, durante o Festival VOX de Inovação Social, que acontece sempre em Novembro, profissionais e voluntários se dedicam especificamente ao compartilhamento de ideias, à troca de experiências, à demonstração de resultados obtidos através de iniciativas voltadas para as pessoas e para as cidades e não só para os bolsos. Enquanto empreendedor, em meio à carga tributária abusiva, à burocracia trabalhista e às dificuldades impostas pela concorrência de mercado, uma coisa me anima: saber que existem alternativas para encontrar o equilíbrio entre o lucro e a transformação. Sim! O empreendedorismo social pode enriquecer as cidades com recursos mais relevantes do que apenas o dinheiro.
Fábio Silva é empreendedor social, criador da ONG Novo Jeito, das plataformas www.transformarecife. com.br e www.transformabrasil.com.br e presidente do Porto Social
* Fábio Silva é empreendedor social, criador da ONG Novo Jeito, do Porto Social, e das plataformas Transforma Recife e Transforma Brasil