Os humanos têm um incrível superpoder: a capacidade de imaginar. Podemos visualizar mentalmente o que desejarmos; idealizar futuros; reinventar passados ou criar algo que nunca existiu.
Apenas com imaginação, sem precisar de mais nada, podemos prospectar infinitas possibilidades para as nossas vidas; testar virtualmente soluções para qualquer problema; pensar novas formas de fazer qualquer coisa; mergulhar profundamente em novas ideias ou emergir do fundo do poço com sonhos animadores.
Enfim, na nossa mente, podemos tudo. E sem qualquer censura, pois ainda não inventaram um modo de controlar nossa imaginação (embora sensores e algoritmos com inteligência artificial já estejam bem perto de captar e injetar impulsos cerebrais, podendo controlar ações e reações individuais).
Tantos sofrimentos e desgraças indicam que a nossa capacidade de imaginar, criar e transformar a realidade está sendo subutilizada ou muito mal aproveitada. E é fácil intuir o motivo. Imaginação e criatividade precisam de ambiente fértil para florescerem. Pelo menos, quatro referências são fundamentais: conhecimento, democracia, diversidade e propósitos elevados. Sociedades com governos que restringem a educação, apequenam a democracia, sufocam a diversidade de pensamento e não cultivam generosidade e grandeza nos propósitos (semeando ódio, armas e intrigas) perdem sua capacidade de imaginar, criar e evoluir.
Mas não há muros, mitos ou governos que segurem a evolução humana. Se o pensamento repressor e ultraconservador fosse sempre hegemônico ainda estaríamos na idade da pedra. Certamente ainda existiria escravidão legalizada, homossexuais não poderiam viver normalmente e as mulheres sequer poderiam votar ou ter uma profissão. E talvez o arco-íris tivesse apenas duas cores: azul e rosa. Felizmente, com persistência e coragem, a imaginação e a força criativa de uma sociedade sempre conseguem superar trevas e ignorâncias.
Os artistas, interagindo criativamente com o povo, muito contribuem para a superação do atraso, despertando senso crítico. Por isso, são os primeiros a sofrer censuras, cortes, boicotes e ataques de todos os tipos. Cadê o Ministério da Cultura? Cadê as políticas públicas para o desenvolvimento das artes?
Considerando a necessidade de refletir sobre esse contexto e interligar movimentos criativos, estamos desenvolvendo as Oficinas Colaborativas de Imaginação. Os encontros vão ocorrer no Hub Sins- Pire (Praça do Arsenal, Recife Antigo) a partir da próxima semana (informações em @sinspire.hub). A ideia é explorar, ao máximo, capacidades de imaginar soluções inovadoras para múltiplos desafios da atualidade.
Diante do indesejável crescimento de posturas e pensamentos opressores, é urgente um movimento contrário, motivando as pessoas a usarem suas capacidades de imaginação de forma pacífica e agregadora.
Imagine, como cantou John Lennon, toda a sociedade usando a imaginação para reinventar a política, a economia, as cidades, a vida coletiva... não seria mais imaginação... seria transformação real.
Em todos os tempos, as ciências e as artes sempre iluminaram caminhos para o futuro. Comprovam que o pensamento arrojado e visionário se perpetua no tempo, enquanto o pensamento retrógrado é sempre sepultado e esquecido. Ao celebrarmos 500 anos do genial Leonardo da Vinci, um artista-cientista que orgulha a humanidade, cabe relembrar algumas das suas frases que continuam necessárias nos tempos atuais:
“Aprender é a única coisa de que a mente nunca se cansa, nunca tem medo e nunca se arrepende”. “Pouco conhecimento faz com que as pessoas se sintam orgulhosas. Muito conhecimento, que se sintam humildes”.
“Quem pensa pouco erra muito”. “Tudo que está no plano da realidade já foi sonho um dia”.
INTERAÇÃO: IMAGINE, JOHN LENNON - HTTP://WWW.JOHNLENNON.COM/MUSIC/ ALBUMS/IMAGINE/
*Sérgio Xavier é jornalista, consultor e desenvolvedor de projetos de inovação tecnológica para sustentabilidade (InovSi e Circularis - Porto Digital). É ativista ambiental e foi Secretário de Meio Ambiente e Sustentabilidade de Pernambuco.
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