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Quando a igreja se espalha

Foto: Divulgação

Eu sou cristão, você sabia?

Ufa! Então tá dando certo ;)

Não sabia? Por que não?

Se não sabia, quero te pedir desculpas. Estou tentando melhorar todos os dias para que você descubra que sou cristão! Como?

Pedindo perdão quando erro, me afastando do mal que posso fazer, pensando e criando ações que possam transformar a minha vida e a vida das pessoas.

Olho para a minha cidade e para o meu país como a minha casa, a minha igreja, o meu lugar, e quero cuidá- -los como o lugar mais sagrado que possa existir.

Isso responde à pergunta que muitos me fazem: de onde surgiu a ONG Novo Jeito, o Porto Social, a plataforma Transforma Brasil? Foi da inquietação que surgiu há anos em meu coração e que me fazia pensar, constantemente em formas de aplicar, na prática, aquilo que eu aprendi na Bíblia, mas não conseguia transformar em realidade. O voluntariado e o empreendedorismo social são formas muito claras de pôr em prática aquilo que Jesus Cristo mais ensinou: amar ao próximo. Ele cuidava das pessoas, ouvia seus lamentos, se preocupava com as suas dores, apresentava soluções para os seus problemas. Quando ele voltou aos céus, deixou esse legado, para que cuidemos uns dos outros. Só que muita gente não entendeu a missão. Ao invés de amar e cuidar, muitos decidiram ignorar as ordens, e utilizam a Bíblia apenas como um “amuleto” de proteção. Poucos são os que a põem em prática.

Olho para as pessoas e vejo nelas meus irmãos, e, como irmãos precisamos nos cuidar, nos amar. Essa é a razão de existir do voluntariado. Aprendi que todo mundo precisa apenas de uma oportunidade para fazer algo para o bem de todos.

Olho para todos os lugares e vejo igreja em tudo. Num encontro de empresários para geração de emprego, numa ONG que é uma plataforma de causas, voluntários e serviços para a vida das pessoas na periferia; numa rodada de startups onde a maioria das iniciativas criadas por jovens é para restaurar o caos do planeta, etc. Já parou para ouvir músicas e perceber suas letras? Elas são vetores de pacificação social e ali é um louvor, uma igreja se espalhando pela TV, pelo rádio. Tudo isso compõe o empreendedorismo social. Esta prática nada mais é do que a profissionalização do voluntariado. É a representação completa da equação fazer o bem %2b garantir o sustento. É a igreja fazendo parte da sociedade.

Mas sabe o que me deixa triste? Quando vejo cristãos dizendo que estão “decepcionados” com a igreja. Com que igreja? Que igreja seu olhar enxerga? A do culto, do templo, do domingo, da instituição?

O domingo é só um dos dias do calendário. O templo é só um dos lugares onde a igreja pode existir.

No novo testamento, Jesus amplifica o conceito de igreja. Ele estende a tenda até até onde estiverem 2 ou 3 em nome dEle fazendo o bem.

Sou presidente de uma incubadora e aceleradora de ONGs - o Porto Social. Lá temos 200 ONGs sendo aceleradas e eu todo dia olho para o Porto com um olhar de ministério e o chamo de uma “Social Igreja”. Aquela que, “se necessário com palavras”, prega o evangelho, como dizia Santo Agostinho.

Vocação, missão, propósito, são sentimentos sagrados. Eu os vejo na igreja, eu os sinto na cidade, me alegra vê-los nos sorrisos da sociedade. Eu amo a igreja e que bom que ela se espalhou. Não está mais em um único lugar, em um único povo ou em um único horário. Ela pode e deve estar em todo e qualquer lugar. Basta que cada um a queira no seu dia a dia, na sua profissão, no seu convívio social.

* Fábio Silva é empreendedor social, criador da ONG Novo Jeito, do Porto Social, e das plataformas Transforma Recife e Transforma Brasil

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