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Bruno se assume como instrumento de Doria

O ex-deputado Bruno Araújo assumiu corajosamente no programa “Roda Viva” da TV Cultura, anteontem à noite, ter sido alçado à presidência nacional do PSDB por obra e graça do governador de São Paulo, João Doria, para tentar construir a candidatura dele à Presidência da República na sucessão de Jair Bolsonaro. Certamente pesou nesta escolha o fato de estar sem mandato parlamentar, o que o obriga a dedicar-se integralmente aos afazeres do partido, bem como a experiência de 12 anos na Câmara Federal, com passagens pela liderança da oposição e da bancada do PSDB. Araújo reconheceu na entrevista que todo governador de São Paulo, seja ele quem for, é um candidato natural ao Palácio do Planalto, pelo peso político e econômico que o estado representa no contexto da Federação. Essa preliminar é verdadeira, se bem que – observação não feita no programa -, à exceção de Jânio Quadros, no final dos anos 50, nenhum outro governador paulista chegou lá. Tentaram dar o salto, mas ficaram pelo caminho, Ademar de Barros, Paulo Maluf, Mário Covas, Orestes Quércia, José Serra e Geraldo Alckmin. Fernando Henrique Cardoso fez a travessia ao contrário, elegendo-se presidente duas vezes sem nunca ter sido governador.

Deslocamento estratégico
Numa linguagem combinada com João Doria (SP), Bruno Araújo insiste em definir o “novo PSDB” como “partido de centro”, ou seja, “longe dos extremismos da esquerda e da direita”. A retórica pode até colar, mas os fundadores do partido (FHC, Serra, Covas, Montoro, Richa e Egídio Ferreira Lima, dentre outros) jamais foram “centristas”. Todos eram de centro-esquerda.

Autorização prévia
Mesmo na contramão da reforma previdenciária, o deputado Danilo Cabral (PSB) teve um gesto ontem elogiável: levou uma representação do PSB ao ministro Luís Roberto Barroso (STF) para tentar convencê-lo da constitucionalidade de um projeto de lei de sua autoria que determina a necessidade de autorização do Congresso para a venda de empresas estatais.

Medo do Paulo Guedes
O PSB tem medo de que o ministro Paulo Guedes acabe colocando em prática aquilo com que sempre sonhou: a privatização da Petrobras, Eletrobrás, Banco do Brasil, Caixa Econômica, BNDES e tudo o mais que for estatal. Guedes chegou ao governo como legítimo representante do liberalismo e não concebe o estado na condição de “empresário”. Quer vender tudo.

Um canteiro de obras
O fato de ter o pai, Fernando Bezerra (MDB), na liderança do governo no Senado, coloca o prefeito de Petrolina, Miguel Coelho (sem partido), numa posição diferenciada em relação aos outros prefeitos pernambucanos. Basta dizer que ele reservou o dia de ontem para visitar com o secretário de Infraestrutura, Fred Machado, cerca de 80 obras em andamento na cidade.

A presença materna
A ministra Ana Arraes (TCU) compareceu ontem à sede do MEC (DF) para assistir à posse do filho, Antônio Campos, na presidência da Fundação Joaquim Nabuco. O senador e responsável pela indicação, Fernando Bezerra Coelho, também esteve lá. O novo presidente não é um estranho no ninho. Seu pai, Maximiano Campos, pertenceu aos quadros da instituição. 

O terceiro debate
Depois do Recife, SP foi a terceira capital a sediar o debate entre os 10 candidatos à lista tríplice para procurador-geral da República em substituição a Raquel Dodge. O debate ocorreu ontem na sede do MPF. O pernambucano José Robalinho Cavalcanti, ex-presidente da Associação dos Procuradores, voltou a ter a melhor performance dentre todos os debatedores.

A volta às origens
O senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) começa a concordar com Bruno Araújo, novo presidente nacional do seu partido. O Brasil não tem mais jeito, disse ele, dentro do sistema presidencialista. Bolsonaro era a última esperança, mas ela está ficando para trás. Aliás, empunhar a bandeira do parlamentarismo é retornar às origens do partido, que nasceu com este compromisso.

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