FOGO CRUZADO
Governadores nada dizem sobre o déficit
Por: Inaldo Sampaio
Publicado em: 04/06/2019 07:13
“O que nós gostaríamos é que fosse tudo junto”, disse o presidente Jair Bolsonaro ao ser questionado no último sábado sobre a exclusão de estados e municípios do projeto-base da reforma previdenciária tal qual propõe o deputado pernambucano Daniel Coelho, líder da bancada do Cidadania na Câmara Federal. “Está esse impasse dentro da Câmara e eu não tenho nada a ver com isso. A Câmara agora é que decide”, acrescentou o presidente. No mesmo dia, o relator do projeto na comissão especial, deputado Samuel Moreira fez um alerta grave. Ele disse que os estados e municípios, juntos, tiveram um déficit de R$ 96 bilhões em seus caixas previdenciários em 2018, o equivalente, em 10 anos, à economia que o governo pretende obter com a execução da reforma. Nem assim os governadores do Nordeste se animaram para entrar de corpo e alma em defesa da reforma, que interessa a todos os entes federativos e não apenas à União. O silêncio dos nordestinos é realmente assustador. Não se tem notícia de que nenhum deles tenha conversado com suas bancadas sobre a gravidade do problema, dando a entender que são favoráveis às mudanças, desde que o ônus seja apenas do presidente da República e do Congresso Nacional.
Líder tem que ser do ramo
Só mesmo o líder Fernando Bezerra Coelho (MDB- -PE), com sua reconhecida capacidade de articulação, levaria mais de 42 senadores ao plenário da Casa, numa segunda-feira (ontem), para votar a Medida Provisória do INSS que estava prestes a caducar. Serviu pelo menos para mostrar a Bolsonaro que líder de bancada tem que ser do ramo.
Deputado aprendiz
Bolsonaro já sofreu vários reveses na Câmara Federal porque escolheu um líder de primeiro mandato, sem traquejo, sem jogo de cintura e totalmente desconhecido na base governista: deputado Major Vitor Hugo (PSL-GO). Que, não satisfeito com o desserviço que presta ao governo, ainda arranjou uma encrenca com o presidente Rodrigo Maia.
Quem entrega sou eu
Gonzaga Patriota (PSB) é tido na bancada de Pernambuco como um dos deputados que mais dão assistência aos seus municípios, tanto presencial como por meio de emendas parlamentares. Agora, tem um detalhe: ele é quem faz a entrega das obras. Sábado agora, por exemplo, foi visto entregando dois tratores no município de Dormentes.
O único que se salva
André de Paula, líder da bancada federal do PSD, é testemunha do “pouco apreço” que o presidente Bolsonaro tem pelo Congresso Nacional. Dialoga pouco com os parlamentares e foi incapaz de, em cinco meses de governo, montar uma base política de sustentação. Por isso, o deputado está chegando à conclusão de que, se Paulo Guedes for embora, “o governo acaba”.
A sucessão no PSDB
Dava-se ontem como certa a escolha por Bruno Araújo da deputada estadual Alessandra Vieira para sucedê-lo na presidência do PSDB de Pernambuco. Apostava-se em gente com mais quilometragem como os prefeitos Raquel Lyra (Caruaru), Joaquim Neto (Gravatá) ou Édson Vieira (Santa Cruz do Capibaribe), ou mesmo o ex-prefeito Elias Gomes (Jaboatão), mas Araújo teria descartado.
Mutirão do Procon
Foi um sucesso o mutirão dos endividados realizado pelo Procon, na semana passada, nos municípios de Serra Talhada e São José do Belmonte. Cerca de mil pessoas foram até o órgão para negociar dívidas com a Celpe, com a Compesa e com bancos. É a prova de que o povo simples do Nordeste não gosta de dever. E, quando deve, só não paga quando não pode. Ou não tem.
Acerto político
Os deputados Eduardo da Fonte (federal) e Antonio Moraes (estadual), ambos do PP, irão caminhar juntos na eleição de Macaparana. O candidato da dupla é o ex-prefeito “Paquinha” (PSDB), que foi eleito em 2012 mas perdeu a reeleição em 2016 para Maviael Cavalcanti (DEM), que ainda está indeciso sobre se deve ou não disputar um novo mandato.