Economia

Aumento da oferta de voos deve baratear passagens aéreas

Azul vai operar voos regulares para 12 novas cidades a partir do Recife, a princípio, com os mesmos modelos de aeronave e, até o fim do ano, também com o Airbus 320

Presidente da Azul diz que o mercado dita o ritmo da demanda e os preços dos bilhetes, e que sai na frente quem oferece melhores ofertas de destinos, serviços e aeronaves mais modernas. Foto: Tânia Rêgo/ Agência Brasil

A chegada ao Recife do centro de conexões (hub) da Azul Linhas Aéreas para os estados da Região Nordeste, a partir de fevereiro, deverá, além de aumentar a oferta de voos, baratear os preços dos bilhetes cobrados aos viajantes. Pelo menos essa é a expectativa de representantes do setor de turismo no estado, que levam em conta a disputa por um mercado bastante acirrado e a crise que afeta a economia brasileira, considerando, ainda, a posição estratégica da capital pernambucana.

O anúncio da implantação do hub, noticiado com exclusividade pelo Diario, tem impacto direto no mercado de aviação, uma vez que o início das operações está previsto para o próximo mês, no período pós-carnaval, considerado de baixa estação, mas que agrega um público variado de turistas e viajantes que desfrutam de férias.

Para Fátima Bezerra, sócia-diretora da WM Tours e vice-presidente da Associação Brasileiras de Agências de Viagens de Pernambuco (Abav-PE), a tendência com a ampliação dos serviços é de preços de passagens mais em conta. “Essa ampliação nas operações da Azul, com 32 decolagens diárias e a duplicação de destinos, deverá aumentar em 40% a oferta de assentos. Com a demanda maior de vagas, a estimativa é de que os valores sejam mais acessíveis”, pontua.

Outro fator determinante para uma possível redução de valores, na avaliação da dirigente, é a procura de viajantes de outros estados brasileiros pelo Recife como saída para destinos fora do Brasil, a exemplo da Europa. Neste contexto, vale lembrar que a Azul comprou a TAP Portugal, em 2015, por meio do consórcio Gateway, em parceria com o empresário Humberto Pedrosa, que no processo de privatização, adquiriu 61% das ações da companhia portuguesa.

“Já temos procura de voos para destinos no exterior através de saídas pelo Recife, evitando cidades como São Paulo, ou conexões em outros estados. Com a otimização da oferta pela Azul, há uma tendência de uma procura ainda maior pelo Recife, uma vez que o viajante terá oportunidade de pernoitar e conhecer um pouco a capital pernambucana, dependendo do tempo. A notícia da chegada do hub da Azul foi ótima para começar 2016”, comemora Fátima Bezerra.

Empresa ainda não fala sobre valores

Oficialmente, a Azul não confirma a possível redução nos valores dos bilhetes com a implantação do hub. Mas em entrevista exclusiva à reportagem do Diario na manhã de hoje, Antonaldo Neves, presidente da companhia, deixou no ar a possibilidade diante da competição do mercado. Questionado sobre se o subsídio do Imposto Sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), concedido pelo governo de Pernambuco, reduzindo a alíquota do querosene de aviação de 25% para 12%, acarretaria em redução de preços, Neves explicou que a taxação incide sobre os custos de operação.

“A redução do ICMS sobre o querosene de aviação, que consome 40% dos custos de operação, é uma concessão de praxe no setor de aviação comercial e um incentivo para elevar a frequência da operação das companhias aéreas, como este caso da Azul em Pernambuco. Os clientes ganham com a oferta maior de voos e destinos, mas eventualmente é possível oferecer tarifas menores, até mesmo através de promoções”, declarou Neves.

Segundo o presidente da Azul, o mercado dita o ritmo da demanda e, por consequência, dos preços cobrados pelos bilhetes. “O segmento da aviação comercial é livre para determinar os valores cobrados diante da demanda. Sai na frente quem oferece as melhores condições em termos de variação e oferta de destinos e voos, aeronaves mais modernas e serviços que atendam as necessidades dos consumidores”, completou.  

Cidades de Brasília, Belém, João Pessoa, Campina Grande, Petrolina e Juazeiro do Norte terão ligação diária e sem escalas com o Recife. Foto: Gianfranco Panda Beting/ Azul Linhas Aéreas

Neves também confirmou que, a cruto prazo, a empresa continuará operando os voos com os jatos já conhecidos fabricados pela Empresa Brasileira de Aeronáutica (Embraer), mas que no fim deste ano começará a operar com os Airbus 320. A companhia recebe, em média, oito novas aeronaves por ano para elevar a frota e substituir aparelhos mais antigos.

Ampliação com o hub

Com a chegada do centro de conexões, a Azul estreará voos regulares para 12 novas cidades a partir do Recife, com início em fevereiro. As cidades de Brasília, Belém, João Pessoa, Petrolina e Juazeiro do Norte passarão a ter ligações diárias e sem escalas com destino à capital pernambucana, além de Campina Grande, que terá operações retomadas.

Na ampliação, São Paulo (Congonhas), Curitiba, Goiânia, Ilhéus, Porto Seguro e Presidente Prudente terão frequências aos sábados. Com as mudanças, a Azul amplia foco no Recife, operando 32 ligações diárias para 24 cidades. A oferta atual é de 24 voos por dia para 12 bases, ou seja, com o novo portfólio a companhia vai dobrar o número de destinos servidos. Segundo a companhia, as novidades permitirão à Azul ser a única companhia a conectar todas as capitais nordestinas. Além disso, a companhia oferecerá conexões rápidas para cidades do interior por meio do Recife.

Marcelo Bento, diretor de Planejamento e Alianças da Azul, disse que a estratégia com o hub é focar no turismo. “Estamos reestruturando a malha no Recife como parte de nosso planejamento estratégico de modo a oferecer conexões rápidas principalmente entre destinos no Nordeste. As novidades permitirão que ampliemos ainda mais as operações, com condições futuras para novas bases nas regiões Norte e Nordeste. O foco da Azul no Recife vai alimentar, sobretudo, o turismo, mas também aproximará negócios”, destacou. 

Para Gustavo do Vale, presidente da Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero), a decisão da Azul em escolher o Recife para incrementar sua malha aeroviária reforça os esforços da estatal em melhorar os aeroportos brasileiros.  “O Aeroporto Internacional do Recife/Guararapes - Gilberto Freyre está inteiramente preparado para atender à demanda de passageiros advinda desses novos voos da Azul, que, além de confirmar a vocação regional daquela companhia aérea, permitirá uma diversidade maior de opção aos brasileiros, contribuindo significativamente para o crescimento da aviação civil no Brasil”, enfatizou.

Destinos

Segundo a Azul, a primeira cidade a receber os novos voos do Recife será João Pessoa, no dia 22 de fevereiro. Depois, em 15 de março, passam a ter voos a partir da capital pernambucana as cidades de Brasília (DF), Belém (PA), Juazeiro do Norte (CE), Petrolina (PE), Ilhéus (BA), Goiânia (GO) e Curitiba (PR). No dia 29, a companhia retomará as operações em Campina Grande (PB). Já em 2 de abril, começam os voos para Porto Seguro (BA) e São Paulo (Congonhas). Na sequência, em 7 de maio, será a vez de Presidente Prudente, no interior de São Paulo.

Além das novas rotas, a Azul passará a ter dois voos diários do Recife para São Paulo (Guarulhos), três para Natal e Belo Horizonte (Confins), e quatro para Fortaleza. Todas as novidades estreiam em 15 de março. A companhia incluirá, a partir de 22 de fevereiro, o jato A330, com 272 assentos, maior aeronave de sua frota, em uma ligação diária entre Campinas e Recife (atualmente, a operação com o equipamento é semanal).

De acordo com a companhia, aos fins de semana será criada uma malha dedicada à Azul Viagens, operadora de turismo da Azul, voltada a quem viaja a lazer para o Nordeste. A Azul ligará grandes centros urbanos do Brasil, como São Paulo, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, Goiânia, Brasília, Curitiba e Porto Alegre, além de Presidente Prudente, aos destinos turísticos do Nordeste via Recife. Todas as intenções da companhia de ampliar os voos no Recife passam por aprovação da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), que controla o setor, mas devem ser aprovadas sem ressalvas. Outras informações podem ser conferidas no portal www.voeazul.com.br.

Guararapes

O Aeroporto Internacional do Recife - Gilberto Freyre, segundo o governo do estado, comporta atualmente cerca de 7,1 milhões de passageiros (embarques e desembarques) anualmente. São 75.418 aeronaves circulando no terminal, entre pousos e decolagens, 40.889 toneladas de carga (exportações e importações) e 16.868 toneladas de mercadorias e produtos transportados via Correios (cargas e descargas).

Aeroporto Internacional do Recife - Gilberto Freyre é considerado o melhor terminal do Brasil, segundo uma pesquisa de satisfação da Secretaria de Aviação Civil (SAC) e fica a 300 quilômetros de três capitais. Foto: Ana Araujo/MEPortal da Copa

O terminal de passageiros possui 52.000 metros quadrados de área construída, 11 pontes de embarque, 64 balcões de check-in, pátio de aeronaves com 163.155 metros quadrados (*), 31 posições de estacionamento de aeronaves (**) e capacidade anual de 16,5 milhões de passageiros.

Considerado o melhor terminal do Brasil, segundo uma pesquisa de satisfação da Secretaria de Aviação Civil (SAC), fica a 300 quilômetros de três capitais, três aeroportos internacionais, dois aeroportos regionais, cinco portos internacionais e a 800 quilômetros de seis capitais, cinco aeroportos internacionais, dez portos internacionais. Ao todo, o terminal comporta um raio de 52 milhões de habitantes.  

*Soma do pátio 1 (aviação geral), pátio 2 (aviação comercial) e pátio 3 (aviação cargueira)

** Utilização da estrutura do parque de manutenção (PAMA) - Operação Copa

Leia a notícia no Diario de Pernambuco
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