Centro Vale até faixa sincera para atrair clientela Rua da Imperatriz, que já foi uma das mais movimentadas do comércio, dá sinais de decadência. Lojistas fazem de tudo para conseguir clientes

Por: Wagner Oliveira - Diario de Pernambuco

Publicado em: 15/08/2016 15:56 Atualizado em: 15/08/2016 16:14

Criatividade é o segredo do marketing popular. Foto: Renata Luz/Esp. DP
Criatividade é o segredo do marketing popular. Foto: Renata Luz/Esp. DP
“Precisamos de clientes. Com ou sem experiência.” Diz a placa colocada na fachada de uma das lojas que ainda resistem à crise, na Rua da Imperatriz, no coração do Recife. Com aproximadamente 300 metros de extensão, a via, que já foi uma das mais movimentadas do comércio recifense, dá sinais de decadência. Atualmente, 12 estabelecimentos comerciais estavam com as portas fechadas. Quase todos com placas de aluga-se ou vende-se. Reflexo da crise econômica que está atingindo o Brasil. Dados da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) indicam que 170 mil estabelecimentos comerciais que trabalham com mão de obra formal fecharam as portas no país nos últimos 18 meses. Cerca de 50 mil foram hipermercados e supermercados.

Ainda segundo a CNC, no primeiro semestre de 2016, o país perdeu 68 mil estabelecimentos, número inferior aos 73 mil registrados no segundo semestre de 2015. A confederação espera um segundo semestre melhor neste ano, mas ainda assim com dados negativos. A CNC também afirma que vê sinais de reação de alguns setores do comércio desde o mês de maio, principalmente por causa da estabilização nos indicadores de confiança. “O consumo vai demorar um pouco mais para se recuperar, porque o emprego é a última variável que se ajusta”, afirmou o chefe da Divisão Econômica da CNC, Carlos Thadeu de Freitas.

Além da Rua da Imperatriz, vários endereços do Recife abrigam hoje prédios fechados onde funcionaram estabelecimentos comerciais. Para tentar atrair os clientes, lojistas estão fazendo de tudo para oferecer seus produtos. São caixas de som, palhaços e cartazes de promoção. A loja de roupas Vitrage, da Rua da Imperatriz, apostou num anúncio diferente. Segundo o gerente Gerson Rodrigues, a propaganda tem surtido efeito. Num tecido amarelo, as frases “Precisamos de clientes. Com ou sem experiência”, além da palavra “Baixou”, em letras garrafais, têm feito muita gente entrar na loja. “Conseguimos melhorar o movimento e os clientes dizem que acharam a faixa engraçada. Tem gente que entra pensando se tratar de um anúncio de emprego. Baixamos os preços e aumentamos as vendas”, garantiu Rodrigues.

Segundo o economista da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do estado de Pernambuco (Fecomércio), Rafael Ramos, os valores dos aluguéis dos imóveis da Rua da Imperatriz são mais altos que em outros pontos do Recife, o que fez muitos empresários mudarem de endereço. “Com as vendas baixas, o empresário acaba sendo obrigado a mudar de local para poder pagar o aluguel. Nem todas as lojas que fecharam no Centro do Recife necessariamente são porque faliram. As vendas no varejo estão difíceis em todo o Brasil. A Pesquisa Mensal do Comércio vem apresentando declínio desde o ano passado, mas em 2016 houve uma piora nos números”, apontou Ramos.

De acordo com o presidente da Câmara dos Dirigentes Lojistas do Recife (CDL), Eduardo Catão, a Rua da Imperatriz é o endereço do Recife onde mais existem estabelecimentos comerciais fechados. “Do total das 12 lojas fechadas na Imperatriz, quatro encerraram as atividades no ano de 2014. As demais foram obrigadas a fechar as portas ou mudarem de lugar devido aos altos preços cobrados nos aluguéis dos prédios. Mas isso também acontece em shoppings e em lojas de bairros”, pontuou Catão.

Dados do Sindicato dos Empregos no Comércio do Recife indicam que, de janeiro a julho deste ano, 11.436 pessoas foram demitidas do comércio. No mesmo período do ano passado, esse total foi de 11.901 postos de empregos fechados.

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