Quem não tem uma dívida sequer, pode se gabar de conseguir dormir mais tranquilo. Em todo o país, o quadro de endividamento tem se aproximado da margem de 80% da população. O recorte pernambucano assinala mais de 430 mil pessoas com compromissos com o cartão de crédito, financiamentos, carnês, empréstimo pessoal, entre outras modalidades. Já o número de quem não conseguiu honrar os pagamentos, ingressando no time dos inadimplentes, chega ao degrau médio de 175 mil cidadãos no estado. A tão sonhada saída do sufoco, alertam especialistas, está associada a muita cautela, prestando sempre atenção em quanto se pode gastar.
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Disciplina e orientação são a chave para vencer as dívidas
Em Pernambuco, 175 mil pessoas estão no time dos inadimplentes. Especialistas apontam que é preciso diferenciar a necessidade da vontade
Em mais recente pesquisa do Serasa, 15% da população brasileira afirma que não tem o costume de organizar as finanças. Conforme a entidade, o quadro representa 6 em cada 10 brasileiros. O cuidado e orientação também se mostra necessário para não repetir os erros, já que muitos conseguem quitar pendências, mas acabam retornando à malha dos débitos. "A compra, na maioria das vezes, é uma decisão emocional, não racional. A pessoa internaliza uma ideia de que se esforçou muito, que merece determinado objeto ou recurso como um prêmio. No entanto, isto termina não valendo o impacto que vai trazer à sua vida e no contexto da sua renda. É preciso diferenciar o que é necessidade do que é vontade", explica o economista Werson Kaval.
Segundo ele, a inadimplência de pagamento decorre do comprometimento maior do que a renda, junto a falta de reserva para imprevistos. "Nos deparamos com uma carência de educação financeira, algo que precisa ser inserido em todos os lares. Eu acredito que, inclusive, deveria ser uma disciplina padrão, presente desde o ensino básico. Isto iria contribuir para mudar a nossa cultura. O crédito não é vilão, mas começa a se tornar problema quando passa a ser usado de forma indiscriminada", diz Kaval. Ele alerta que, via de regra, uma pessoa não salta diretamente de uma saúde financeira estável para o superendividamento. O processo é desenvolvido com sinais de alerta no caminho.
A dona de casa Késia Cardoso, de 50 anos, traz uma das muitas histórias desta realidade de acumulação de dívidas, algo que envolve tormentos e privações. Moradora do bairro de Rio Doce, em Olinda, ela contraiu empréstimos consignados, no próprio nome e também de familiares, ultrapassando R$ 35 mil. "Cheguei a um patamar que não aguentava mais, a gente fica sem conseguir suprir o básico dentro de casa. A única saída é tentar fazer um acordo, na esperança de diminuir o valor das parcelas", revela. Neste cenário também está a aposentada, Ana Maria Santana, 75, residente em Marcos Freire, em Jaboatão dos Guararapes. Com salário de R$ 1.320, a idosa diz que passou a ficar com menos de R$ 400 para dar conta de tudo. "A tentação é grande. O telefone toca o tempo inteiro, sempre aparece alguém oferecendo dinheiro fácil. Caímos nestas ciladas, sem pensar no amanhã", admite.
- A hora de buscar ajuda
Segundo ele, o endividamento é uma questão também psicológica, tendo acompanhado casos que interferiram nas relações interpessoais, como o rendimento profissional e até ameaçando términos de casamentos. "Não adianta conseguir ajustar e depois se endividar novamente, tornando-se uma grande bola de neve. Além de apoio e assistência jurídica, nosso papel é também fazê-lo entender que esse exagero de consumo é um vício, uma forma de distúrbio, estimulando-o a se adequar a um padrão de vida dentro da sua realidade", complementa.
- Mapear as dívidas;
- Envolver a família no planejamento e no controle das despesas;
- Não contrair novas pendências;
- Priorizar o pagamento dos débitos maiores, negociando condições, prazos e juros;
- Identificar e eliminar gastos com supérfluos e desperdícios;
- Gerar renda extra;
- Procurar ajuda.