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Caixa Econômica altera regras para financiamento de imóveis; medidas devem afetar construtoras e consumidores

Mudanças entrarão em vigor a partir do dia 1º de novembro


As mudanças nas regras para financiamento de imóveis pela Caixa Econômica Federal  devem impactar no planejamento de projetos das construtoras e também na busca dos consumidores que desejam financiar um imóvel. 

O banco anunciou, na última terça-feira (15), que a partir do dia 1º de novembro, vai reduzir o valor do financiamento de imóveis de até R$ 1,5 milhão. A partir desta data, o montante total financiado passará de 80% do valor do imóvel para 70% no Sistema de Amortização Constante (SAC) e até 50% no sistema Price. 

Diante disso, o interessado em financiar o imóvel terá que dar uma entrada de, pelo menos, 30% do montante do imóvel. Segundo o banco, a alteração nas cotas não se aplica ao financiamento de unidades habitacionais já financiadas pelo banco, apenas ao futuros financiamentos. 

De acordo com o economista David Batista, essa mudança proposta pela Caixa acaba refletindo em duas vertentes, afetando tanto as construtoras, quanto o público que compra imóveis novos no mercado.  

“Potenciais compradores vão ter dificuldade de comprar, então não vão conseguir acessar o financiamento pela questão do próprio custo do imóvel. Esse fator reflete também no planejamento futuro dos jovens, da geração entre 25 e 45 anos, que são os que mais financiam imóveis”, aponta David. 

Para o economista, esse problema desencadeia em questões que afetam o planejamento dessa parcela da população. “Temos alguns impactos que são sociais, como a questão da procrastinação da formação de família e a insegurança habitacional, que leva os jovens a adiar decisões importantes, como casamento, criação de filhos, resultando em um padrão de vida familiar menos tradicional e potencialmente menos filhos”, destaca.   

Impacto nas construtoras 

No primeiro momento, deverá ocorrer uma redução de projetos imobiliários, em função da diminuição dos recursos disponíveis para a construção, projeta David Batista. 

“As construtoras tendem a reduzir o número de projetos. A escassez de financiamento acaba elevando o valor dos imóveis para a captação de recursos, o que acaba resultando em taxas de juros mais elevadas e em condições de crédito mais rigorosas, isso buscando a própria construtora fazer seu próprio financiamento”, afirma. 

David Batista ressalta ainda que esse fator causa ainda dependência de parcerias das construtoras para fazer esse financiamento. “Elas fazem 20% do valor da obra e tentam financiar o restante. Da forma como está sendo proposto pela caixa, as construtoras terão dificuldades para poder realizar esse financiamento pelo próprio custo de construção. Como não vai ser financiado, a empresa terá que repassar esse custo ou vai ter que vender principalmente os imóveis menores para procurar investidores que consigam colocar e comprar alguns imóveis na planta diretamente”, disse. 

Entenda as mudanças

Para quem deseja financiar pelo sistema de amortização constante (SAC), modelo em que a prestação diminui ao longo do tempo, o valor da entrada subirá de 20% para 30% do valor do imóvel. 

Já pelo sistema Price, que são parcelas fixas, o valor subirá de 30% para 50%.

O que diz a Caixa

De acordo com o banco, as mudanças entrarão em vigor levando em consideração o aumento da demanda por crédito imobiliário, que em 2024 está maior do que a esperada e que as alterações são necessárias para a manutenção desse tipo de crédito. Com o crescimento da carteira estimado entre 8% e 12%, ficou estimado que a carteira do banco irá superar o limite máximo projetado para o período.

“Em 2024, o banco concedeu, até setembro, R$ 175 bilhões de crédito imobiliário, o que representa um aumento de 28,6% em relação ao mesmo período de 2023. Foram 627 mil financiamentos de imóveis, beneficiando cerca de 2,5 milhões de brasileiros até o momento”, afirma o banco.

A instituição disse ainda que busca medidas para atender diversas demandas de financiamentos habitacionais. “Assim, informamos que a Caixa estuda constantemente medidas que visam ampliar o atendimento da demanda excedente de financiamentos habitacionais, inclusive participando de discussões junto ao mercado e Governo, com o objetivo de buscar novas soluções que permitam expansão do crédito imobiliário no país, não somente pela Caixa, mas também pelos demais agentes do mercado”, disse.

Leia a notícia no Diario de Pernambuco