Com a proximidade da Black Friday, que neste ano acontece no dia 29 de novembro, última sexta-feira do mês, muitos consumidores aguardam durante todo o ano para conseguir descontos em diversos produtos. Porém, essa espera muitas vezes acaba sendo frustrada quando os clientes se deparam com propagandas enganosas ou descontos de preços que, muitas vezes, não correspondem ao valor real.
A Black Friday foi criada nos Estados Unidos, sendo realizada um dia após o Dia de Ação de Graças, como forma de aproveitar a demanda maior pelo consumo local na época, próxima ao natal. No Brasil, a campanha passou a existir em 2010. Desde então, o período ganhou popularidade e despertou a atenção cada vez maior das pessoas.
A pesquisa “Panorama do Consumo na Black Friday 2024”, realizada recentemente pelo Mercado Livre e Mercado Pago, indica que 87% dos pernambucanos pretendem fazer compras durante a Black Friday deste ano. O estudo, feito entre 1 e 15 de outubro, foi efetuado com mais de mil consumidores do estado e destacou um comportamento de compra otimista.
O levantamento revelou também que 87% dos pernambucanos pretendem comprar nesse período de ofertas e 43% esperam economias acima de 60%. Entre os itens mais desejados apontados pela pesquisa, estão: Eletrodomésticos, Casa & Decoração e Eletrônicos. A maioria das pessoas planejam gastar até R$ 2 mil na data.
Armadilhas virtuais
O secretário-executivo de Defesa do Consumidor do Procon Recife, André Azevedo, explica que, no caso das compras virtuais, o consumidor deve ficar atento principalmente à publicidade e observar, por exemplo, a origem da propaganda. “Às vezes o consumidor recebe um e-mail com ofertas de uma loja grande, mas o domínio do e-mail não é igual ao da loja”, destaca.
André detalha ainda outra situação que deve acender um alerta no ato da compra, são as promoções com o preço muito abaixo do comum. “Nas compras pela internet, é importante tomar cuidado com aqueles perfis que surgem do nada fazendo ofertas de produtos pela metade do preço, mas que no mercado normal é R$ 1 mil, e ele tá vendendo lá por R$ 300 e R$ 350. Além disso, é importante tomar cuidado, por exemplo, com a quantidade de comentários nas redes sociais dessas lojas. Normalmente essas páginas fecham os comentários para que as pessoas lesadas não consigam se manifestar lá e outras pessoas caiam no mesmo golpe”, ressalta.
Para verificar se uma empresa é confiável, o secretário sugere também uma pesquisa sobre ela na internet. Alguns portais, como o Reclame Aqui, oferecem um canal para que as pessoas possam fazer denúncias e relatar eventuais problemas. Além disso, o consumidor também pode consultar listas de sites confiáveis que estão disponíveis na internet.
Compras físicas
Para as compras presenciais, a orientação do secretário é fazer a pesquisa de preços com frequência. “O ideal é ficar de olho nos valores que foram praticados anteriormente para não comprar por impulso e achar que está levando aquela vantagem de 50%, mas o desconto não é verdadeiro. A loja diz que está com desconto, mas em compensação aumentou o valor do produto nos últimos dias o preço do produto”, orienta.
Propagandas enganosas
O não cumprimento das promoções que são anunciadas está entre os principais tipos de denúncias recebidas pelo Procon, de acordo com André.
“Geralmente ocorre a divulgação nas redes sociais, na TV, informando que um produto vai ter 50% de desconto, mas quando o consumidor chega na loja o produto não está mais naquele preço que eles anunciaram. Então, essa oferta é vinculativa e o cliente tem o direito de exercer esse valor pelo que foi anunciado lá.”, afirma.
Lojas falsas
O radialista Dvison Dias, 41, faz parte do grupo de consumidores que foram vítimas de golpe financeiro na internet. “Foi em um anúncio da Black Friday, no ano passado, que acabei fazendo uma compra de R$ 200 em uma empresa distribuidora de bebidas. Em questão de segundos percebi o golpe, mas já era tarde porque a compra tinha sido concluída”, lembra. No caso dele, a forma de pagamento foi via Pix, mas a conta no qual o valor foi encaminhado estava no nome de uma pessoa física, identificação diferente da empresa.
A advogada especialista em direito do consumidor e coordenadora do curso de Direito do Centro Universitário Tiradentes de Pernambuco (Unit-PE), Tatiana da Hora, destaca que é importante conferir a veracidade das promoções que estão nos anúncios. “Mesmo que ela apareça nas redes sociais, é importante conferir no site da empresa se aquele produto realmente está disponível para a compra. Caso o produto não seja encontrado, aquele link deve ser algum tipo de site fraudulento e que pode levar a uma compra que não vai chegar nunca”, aponta.
De acordo com Tatiana, o consumidor deve evitar escolher o pagamento das compras por meio do Pix na Black Friday, pois esse método é rápido e mais difícil de reverter, no caso da aplicação de um golpe.
“A velocidade com que o Pix sai de uma conta e vai para a outra e pode ser sacado é muito rápida. Então, uma vez que o consumidor identifica a fraude, é muito difícil ele conseguir reverter essa compra. Já no cartão de crédito, a possibilidade de recuperação é maior. O pagamento quando ele é feito de uma forma que é mais segura, a pessoa tem como contestar a compra no cartão de crédito dizendo que foi produto de uma fraude para não ficar tão no prejuízo”, recomenda.
Além disso, a advogada recomenda também que os consumidores fiquem sempre atentos às informações sobre os produtos na hora da compra, principalmente às condições do pagamento. “Muitas vezes o preço é promocional apenas para pagamento à vista e às vezes a pessoa escolhe o parcelamento ser perceber e acaba pagando um preço sem desconto”, afirma.
Como denunciar?
Ainda de acordo com Tatiana, em caso de questões relacionadas a fraudes virtuais, é importante que o consumidor registre a ocorrência em uma delegacia de proteção ao consumidor e, em seguida, busque o Procon.
No Recife, o órgão realiza atendimento presencial na sua sede, localizada na Rua do Imperador, 491, no bairro de Santo Antônio, e nos postos de atendimento situados nos Compaz (Ariano Suassuna, no Cordeiro; Eduardo Campos, no Alto Santa Terezinha; Dom Helder, no Coque; e Paulo Freire, no Ibura, e Leda Alves, no Pina). O contato também pode ser feito por meio do Whatsapp (81) 3355.3286, do site www.procon.recife.pe.gov.br e do e-mail denunciaproconrecife@recife.pe.gov.br.