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Décimo terceiro salário: saiba o que fazer com o dinheiro extra

Por lei, as empresas devem pagar a primeira parcela do décimo até o dia 30 de novembro


Com a proximidade do final do ano, grande parte da população se prepara para receber o 13º salário. Os trabalhadores têm até o dia 30 de novembro para receber a primeira parcela do benefício. Com a alta registrada de inadimplentes no Brasil, essa é uma oportunidade para planejar o pagamento de pendências financeiras.

O acréscimo anual dado aos trabalhadores, que são regidos pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), pode ser pago em uma única parcela ou em duas vezes. A segunda do décimo deve ser paga até o dia 20 de dezembro. 
 
Para aqueles que estão endividados, a chegada desse pagamento também pode ser uma oportunidade para desafogar as contas que estão pendentes. 
 
Como utilizar o 13º salário?
 
O economista e professor do Centro Universitário Tiradentes (Unit-PE), Werson Kaval, defende o planejamento dos gastos em relação ao 13º salário, já que o trabalhador sabe quando ele será pago. 
 
“O primeiro ponto para quem está endividado era justamente utilizar ele para colocar as contas em dia e pagar parcelas de financiamento que estão atrasadas. Porém, infelizmente existe uma dificuldade, o endividado recebe esse dinheiro, mas ele vê como uma nova forma de comprar”, aponta o economista. 
 
Werson sugere ainda o investimento em capacitações como uma alternativa para a educação no uso desse dinheiro. “Para aproveitar o máximo que o dinheiro pode fazer por nossas vidas, nós precisamos aprender a lidar com ele. O brasileiro precisa aprender o que é planejamento e levar isso para o papel. Todo trabalhador precisa ter o controle das receitas e despesas para saber qual é a margem que pode ser utilizada”, disse. 
 
Para as pessoas que não estão com dívidas, o economista sugere poupar parte desse valor, por exemplo 10%. “Quem desenvolve o hábito de poupar, começando por exemplo com o décimo terceiro é muito bem-vindo, porque a pessoa começa a se motivar a utilizar melhor o recurso sem precisar usar parcelamento cartão de crédito”, orienta. 
 
Cartão de crédito
 
Ainda de acordo com o professor, considerando que o mercado sabe que toda decisão de compra é emocional, o brasileiro sempre vê a possibilidade de um crédito extra como mais uma chance de gastar e realizar desejos.
 
“Ele tem uma dificuldade absurda de adiar um consumo para o futuro, para realizar ele de forma imediata, mesmo que isso cause um endividamento. Afinal, pelo menos em torno de 70% das famílias brasileiras estão endividadas e 80% dessas estão em cartão de crédito, mostrando que o brasileiro está no hábito de comprar”, aponta. 

Alta de inadimplentes no Brasil 
 
Segundo a Pesquisa Nacional de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), divulgada mensalmente pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), foi registrado em outubro, o aumento geral de 29,3% na inadimplência no Brasil. O cenário ocorre mesmo com a redução do endividamento, que caiu para 76,9%.
 
De acordo com o levantamento, a taxa de juros elevada no país está tornando as dívidas dos brasileiros ainda mais caras. Com isso, a parcela das famílias que apontam não ter condições de quitar as dívidas atrasadas aumentou para 12,6%. 
 
O economista Werson Kaval destaca os riscos do uso do crédito nesse cenário. “A taxa de juros implica em todo tipo de crédito e financiamento no Brasil. Toda vez que uma taxa selic sobe, basicamente todo o crédito vai subir. Então a dívida que a pessoa tem termina com uma taxa de juros alta, gerando uma bola de neve”, ressalta.
 
O professor também defende que a educação financeira deveria estar integrada à vida educacional da população. “O brasileiro vive em um eterno ciclo vicioso em função de não temos o hábito mesmo do planejamento financeiro. Tanto a educação financeira, quanto a gestão, deveria nascer no início da base acadêmica. Essa é uma base que a maioria dos brasileiros não tem e é muito difícil de ser adquirida no decorrer da vida”, afirma. 
 
Educação financeira na escola
 
A coordenadora dos terceiros anos do Ensino Médio do Colégio Madre de Deus, Flávia Andrade, explica a importância da educação financeira já na juventude. A instituição de ensino aborda em sua grade projetos para os alunos, temas como matemática financeira, para os estudantes do ensino fundamental, e também empreendedorismo para os alunos do Ensino Médio. 
 
“É uma responsabilidade com dinheiro, o compromisso de fazer com que esse dinheiro prospere. Além da consciência de que se esse aluno se tornar um empresário, tem uma questão social e ambiental em uma empresa, também trazemos isso. Então o estudante, ele já cresce com a noção de um plano de negócios”, detalha.  

Leia a notícia no Diario de Pernambuco