A produção industrial em Pernambuco apresentou queda de 2,6% em setembro, de acordo com a Pesquisa Industrial Mensal (PIM) regional, divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta quinta-feira (7). A indústria pernambucana foi impactada principalmente pelo recuo nos setores de manufatura de bens de transporte e de veículos automotores.
No mês de setembro, a produção industrial nacional variou 1,1% em relação a agosto. Já na série com ajuste sazonal, sete dos 15 locais analisados apresentaram taxas positivas. Além de Pernambuco, que obteve um recuo de -2,6%, outros estados que apresentaram quedas significativas foram o Ceará (-4,5%) e Amazonas (-3,1%).
Por outro lado, segundo o levantamento, os avanços mais acentuados foram no Espírito Santo (2,4%), Goiás (2,4%), Santa Catarina (2,3%) e Rio Grande do Sul (1,9%).
De acordo com o economista Sandro Prado, uma combinação de variáveis econômicas e setoriais no cenário pernambucano explicam a desaceleração, especialmente no setor de manufatura de bens de transporte e veículos automotores, que impactou significativamente os números de setembro.
“A economia pernambucana possui uma indústria que depende, em sua maioria, da importação de componentes e insumos. Esse aspecto expõe as indústrias locais à volatilidade cambial. Com a desvalorização significativa do real, houve o aumento dos custos operacionais e de produção, especialmente em setores como o automotivo e de bens de transporte”, aponta Prado.
De acordo com ele, esse impacto é expressivo em Pernambuco, onde a infraestrutura e a logística ainda apresentam limitações, elevando o custo final dos produtos. Essa alta dos custos de insumos dificultou a retomada consistente da produção industrial.
Transporte e veículos automotores
O economista cita ainda que os setores de outros equipamentos de transporte e veículos automotores em Pernambuco foram bastante afetados durante o mês de setembro.
“No setor de veículos automotores, o processo de mudanças nas cadeias de suprimentos globais exigem investimentos e adaptações que ainda estão em fase inicial no Brasil, o que coloca estados como Pernambuco em desvantagem comparado a regiões com maior acesso a tecnologias de ponta”, destaca.
Apoio fiscal
Outro ponto levantado por Sandro é que a indústria pernambucana conta com apoio fiscal para impulsionar o seu desenvolvimento, mas a retomada econômica exige políticas públicas de estímulo industrial mais integradas a um contexto global de mudança. “A nova política industrial (nova indústria Brasil) ainda não está em uma etapa de maturidade suficiente para uma recuperação mais robusta da indústria pernambucana”, finaliza.
Setor industrial pernambucano nos últimos meses
No mês de julho de 2024, a indústria pernambucana apresentou recuperação de 4,3%. Já nos meses seguintes, o estado apresentou queda de -2,2%, em agosto, e -2,6% em setembro. Na série com ajuste sazonal, chegando a um crescimento acumulado no ano de 3,4%.
Comparado com o mesmo mês do ano anterior, sem ajuste sazonal, o resultado foi 4,6%. De acordo com a pesquisa, esse número foi influenciado principalmente pela fabricação de coque, de produtos derivados do petróleo e de biocombustíveis 59,3%, metalurgia 34,3%, fabricação de máquinas, aparelhos e materiais elétricos 20,6%, indústria de transformação 12%, indústria geral 12% e fabricação de bebidas 10,9%.
Em contrapartida, quatro atividades tiveram queda: fabricação de outros equipamentos de transporte, exceto veículos automotores (-76,4%), fabricação de produtos químicos (-12,4%), fabricação de celulose, papel e produtos de papel (-4,6%) e fabricação de produtos de minerais não metálicos (-4,6%).