AMÉRICA LATINA

Congresso do Peru debate voto de confiança ao gabinete de Pedro Castillo

Por: AFP

Publicado em: 27/08/2021 14:55 | Atualizado em: 27/08/2021 15:06

 (Foto: Cesar Fajardo/Peruvian Presidency/AFP)
Foto: Cesar Fajardo/Peruvian Presidency/AFP
O Congresso do Peru, controlado pela oposição de direita, retomou nesta sexta-feira (27) um debate polarizado para decidir se concede ou não um voto de confiança ao gabinete ministerial do presidente de esquerda Pedro Castillo.

Na sessão devem discursar 30 deputados que ficaram sem participar na quinta-feira, antes de proceder para votar a moção de confiança, requisito fundamental para que o novo gabinete de 19 membros possa continuar exercendo suas funções.

Se o Parlamento rejeitar, Castillo terá que nomear outro primeiro-ministro, em substituição Guido Bellido, e reorganizar o gabinete, o que afetaria a agenda governamental e prolongaria a incerteza que já afeta a economia do país.

"Deixemos o gabinete ministerial trabalhar", pediu aos seus colegas a deputada Janet Rivas, do partido oficialista Peru Livre, destacando que este governo "nasce do Peru profundo", em alusão ao fato de Castillo e alguns ministros serem provincianos.

"Não somos comunistas nem terroristas", acrescentou Rivas para rejeitar acusações de parlamentares opositores no debate, que ocorre na presença de 19 ministros.

Por outro lado, o fujimorista Eduardo Castillo pediu a rejeição da confiança, alegando que é "um gabinete altamente questionado, ligado a grupos de fachada (da derrotada guerrilha maoísta) de Sendero Luminoso", que semeou o terror no Peru entre 1980 e 2000.

Acusações deste tipo foram comuns na camanha da eleição de 6 de junho, na qual Castillo ganhou da direitista Keiko Fujimori.

O áspero debate começou na manhã de quinta-feira, depois que Bellido apresentou ao plenário durante três horas os planos da administração que assumiu o poder no mês passado, mas a sessão foi suspensa após 11 horas.

"Nossos objetivos imediatos são derrotar a pandemia de covid-19 e reativar nossa economia", disse Bellido, que compareceu ao Congresso ao lado de outros 18 membros do gabinete.

Bellido não mencionou a principal promessa eleitoral de Castillo de convocar uma assembleia constituinte para redigir uma nova Carta Magna, proposta que enfrenta resistência da oposição.

Após o discurso, os legisladores presentes  começaram a debater em um clima tenso que se arrasta desde a campanha para o segundo turno presidencial de 6 de junho, quando Castillo venceu por pequena margem a candidata de direita Keiko Fujimori.

O governo e seus aliados têm 57 votos, dos 66 necessários para confirmar o gabinete, e uma quantidade similar pretende negar o voto de confiança, segundo a imprensa local.

Por isso, uma votação apertada é esperada, embora o analista político Augusto Álvarez Rodrich acredite na vitória do governo.

"O governo tem os votos para obter a confiança", declarou à AFP o analista, para quem um eventual respaldo do Congresso responderá mais a um interesse estratégico para evitar um confronto com o Executivo. 

A chefe do Parlamento, a opositora María del Carmen Alva, anunciou nesta sexta-feira que poderá falar em quíchua na sessão, pois contará com tradução simultânea para o espanhol.

O quíchua - língua dos antigos incas - e o aimara são falados cotidianamente por cinco milhões dos 33 milhões de peruanos.
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