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Cerco total da Faixa de Gaza é 'proibido' pelo direito internacional humanitário, diz ONU

Declarações do alto comissário foram criticadas pela delegação de Israel em Genebra

Israel lamentou que Türk não tenha rotulado os ataques do Hamas como atos de "terrorismo"

O cerco total da Faixa de Gaza anunciado na segunda-feira (9) pelo ministro israelense da Defesa é "proibido" pelo direito internacional humanitário, lembrou nesta terça-feira (10) o alto comissário da ONU para os Direitos Humanos, Volker Türk.

 

No comunicado emitido nesta manhã, Türk afirmou que "a imposição de cercos que põem em perigo a vida de civis, privando-os de bens essenciais à sua sobrevivência, é proibida pelo direito internacional humanitário".

 

Essas declarações do alto comissário foram criticadas pela delegação de Israel em Genebra, onde está a sede do Conselho da ONU para os Direitos Humanos.

 

A missão diplomática enviou um e-mail aos jornalistas para sublinhar que este cerco ocorre após "um massacre sem precedentes de israelenses inocentes e que Israel tem o direito de se defender". 

 

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Israel lamentou que Türk não tenha rotulado os ataques do Hamas como atos de "terrorismo".

 

O alto comissário lembrou que "qualquer restrição à circulação de pessoas e de bens, visando a um cerco, deve ser justificada por necessidades militares. Caso contrário, pode constituir uma punição coletiva".

 

Da mesma forma, Volker Türk disse estar "profundamente chocado e indignado com os relatos de execuções sumárias de civis e, em alguns casos, de massacres horríveis cometidos por membros de grupos armados palestinos". 

 

Ele pediu a esses grupos que "libertem de imediato, e sem condições, todos os civis capturados".

 

Türk acrescentou que, segundo as primeiras informações, houve vítimas civis nos bombardeios israelenses em Gaza.

 

Na segunda-feira, o ministro israelense da Defesa, Yoav Gallant, anunciou a imposição de um "cerco total" à Faixa de Gaza, depois de o movimento islamita palestino Hamas ter lançado uma ofensiva por terra, mar e ar contra Israel.

 

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"Nem eletricidade, nem comida, nem água, nem gás, tudo fechado", disse o ministro. 

 

A Faixa de Gaza é um território palestino empobrecido e densamente povoado, onde vivem 2,3 milhões de pessoas, e sujeito a um rígido bloqueio israelense desde 2007. 

 

Os milicianos do Hamas que penetraram território israelense saíram de Gaza, em uma ofensiva que deixou cerca 900 mortos em Israel. A resposta militar israelense deixou, por sua vez, ao menos 765 mortos em Gaza.

 

Os ataques israelenses também forçaram o deslocamento de mais de 187.500 pessoas dentro da Faixa de Gaza, de acordo com o Escritório de Coordenação de Assuntos Humanitários das Nações Unidas (OCHA) nesta terça-feira. 

 

Ao mesmo tempo, a Organização Mundial da Saúde (OMS) pediu a abertura de um corredor humanitário para a Faixa. 

 

A comissão permanente de inquérito da ONU sobre as violações dos direitos humanos nos Territórios Palestinos e em Israel indicou que "recolheu e preservou provas de crimes de guerra cometidos por todas as partes" desde o início da ofensiva do Hamas no sábado. 

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