Nesta segunda-feira (23), o Hamas emitiu um comunicado, no qual alega que os hospitais da Faixa de Gaza já não têm mais combustível. O grupo também pediu o estabelecimento de um corredor permanente na região para evitar uma "catástrofe humanitária".
"O cerco em curso debilitou as condições humanitárias e provocou uma grave escassez de alimentos e medicamentos. Para não falar do fato de todos os hospitais da Faixa de Gaza terem ficado sem combustível. A Faixa de Gaza tem sido objeto de genocídio e de crimes contra a humanidade que, se continuarem, serão uma vergonha absoluta para a humanidade", diz a nota.
As autoridades de saúde da Faixa de Gaza afirmam que o número de mortos já supera os 5 mil, em sua maioria crianças e mulheres. O total de crianças mortas, de acordo com o Hamas, é agora de 2.055.
O terceiro comboio de carregamento de ajuda humanitária entrou hoje, pela fronteira de Rafah com o Egito. No entanto, a maioria diz que o número é extremamente insuficiente diante da imensa demanda. Organizações de defesa dos direitos humanos alertaram para o fato de ser necessária muito mais ajuda em Gaza, onde mais de dois milhões de civis correm o risco de sofrer de inanição grave, passar fome e morrer por falta de suprimentos médicos.
Segundo as Nações Unidas, a Faixa de Gaza recebeu menos 7.200 caminhões de ajuda humanitária do que o habitualmente chegava à região antes do inicio do conflito. A ONU também voltou hoje a apelar por pausas humanitárias e advertir que o principal centro hospitalar de Gaza, o Hospital Shifa, está "à beira do colapso", assim como outras estruturas de saúde, devido à falta de eletricidade, medicamentos, equipamentos e pessoal.
Os funcionários humanitários dos hospitais de Gaza ainda disseram que não dispõem mais de morfina ou analgésicos para tratar os civis, porque já se esgotou os materiais médicos essenciais. "O que é extremamente importante são os kits de trauma, os kits de cirurgia. Infelizmente, temos muitas crianças entre os feridos e eu conversei com um dos nossos cirurgiões, que ontem recebeu uma criança de 10 anos, com queimaduras em 60% da superfície corporal, e que acabou por não tomar analgésicos. Não há qualquer justificação para impedir que estes medicamentos essenciais cheguem à população", disse Leo Cans, chefe da missão dos Médicos Sem Fronteiras em Jerusalém.
Já a Anistia Internacional declarou que a "punição coletiva" de civis por parte de Israel constitui um crime de guerra.