Em visita às tropas posicionadas na fronteira com a Faixa de Gaza, o ministro da Defesa de Israel, Yoav Gallant, avisou aos homens da Brigada Givati: "Vocês estão vendo Gaza de longe; em breve, a verão por dentro; a ordem virá". O chefe do Comando Sul das Forças de Defesa de Israel (IDF), major-general Yaron Finkelman, declarou que a ofensiva terrestre começará em breve, e será "longa, difícil e intensa". "A guerra nos foi imposta por um inimigo cruel.
(...) Nós os derrotaremos no território deles", declarou, em referência ao grupo terrorista Hamas, que matou 1,4 mil pessoas durante o ataque a kibbutzim e a cidades do sul de Israel, em 7 de outubro. O premiê Benjamin Netanyahu também esteve com os militares na fronteira. "Venceremos com todas as nossas forças. Israel está com vocês. Vamos atacar fortemente."
[SAIBAMAIS]
Também nesta quinta-feira (19/10), o Hamas acusou as IDF de bombardearem a igreja greco-ortodoxa de São Porfírio, a mais antiga de Gaza ainda em atividade. O Ministério do Interior palestino, comandado pelo Hamas, citou "muitos mártires e feridos". A inteligência norte-americana informou que o ataque ao Hospital Batista Al-Ahli Arab, na Cidade de Gaza, na última terça-feira (17), deixou entre 100 e 300 mortos. Em um desdobramento sem precedentes, um navio da Marinha dos EUA derrubou mísseis e drones disparados por rebeldes houthis no Iêmen, possivelmente direcionados contra Israel. Três "mísseis de cruzeiro de ataque terrestre e vários drones" foram interceptados por um destróier "que opera no norte do Mar Vermelho", disse um porta-voz do Pentágono.
Objetivo
O anúncio de que uma ofensiva terrestre ocorrerá em breve causou surpresa. Analistas apostavam que a visita do presidente Joe Biden a Israel, nesta semana, seria um fator de contenção para uma segunda fase da guerra. "Não vou elaborar sobre quando, onde e o que vamos fazer, mas estamos preparados, equipados e mobilizados com tropas terrestres ao redor de Gaza. Começaremos as operações militares em Gaza quando for a hora certa, quando a situação de batalha for correta e tivermos todas as condições atendidas", afirmou ao Correio, por telefone, Jonathan Conricus, porta-voz internacional das IDF. "Nós degradamos a capacidade militar do Hamas, em termos de foguetes, logística e produção de armas. Seguiremos aplicando pressão sobre o Hamas. A meta de nossa guerra é desmantelar por completo o grupo e resgatar os reféns. A guerra é contra o Hamas, não contra a população civil."
Ali Barakeh — chefe do Departamento de Relações Nacionais do Hamas e um dos líderes da facção terrorista palestina exilado em Beirute — disse ao Correio que o governo de Netanyahu "se atrapalha" nas decisões relativas a uma ofensiva terrestre. "Há confusão no 'Ministério da Guerra' e na liderança do exército. Não tememos a incursão e estamos prontos para enfrentá-los e defender nosso povo, nossa terra e nossas santidades", admitiu.
Ele confirmou que "forças de ocupação sionistas" mataram a "mártir" Jamila Al-Shanti, membro do Conselho Legislativo Palestino e a primeira mulher eleita para o gabinete político do Hamas em Gaza. "Al-Shanti foi a responsável pelo Departamento de Assuntos Femininos Palestinos." Jamila, 64 anos, morreu em um ataque aéreo das IDF, na quarta-feira, no campo de refugiados de Jabalia.
Barakeh confirmou que o Hamas mantém 200 reféns, incluindo estrangeiros que não têm cidadania israelense. "Nós decidimos libertá-los assim que a guerra parar. Tratamos bem os nossos prisioneiros. Eles comem o que comemos e bebem o que bebemos. Mas a Força Aérea israelense matou 22 deles nos bombardeios", assegurou.
Às 22h30 desta quinta-feira, 19 (16h30 em Brasília), o engenheiro civil Mohammed Al Assar, que viveu no Brasil dos 8 meses de idade até os 16 anos, estava dentro de um quarto na cidade de Deir Al Balah, no centro-sul da Faixa de Gaza, com dez pessoas. Era impossível dormir. "Há muitos bombardeios. Mísseis caíram a 5km de onde estamos. Podemos escutar, inclusive, os ataques que ocorrem no norte de Gaza", contou ao Correio, por telefone.
Nesta sexta-feira, pelo menos 20 caminhões carregados com ajuda humanitária, vindos do Egito, devem atravessar a passagem de Rafah e entrar no enclave palestino para ser entregue à população do sul. "Isso é importante, mas o que a gente precisa é acabar com a guerra", desabafa. Mohammed compara a situação a um "filme de terror". "Você sabe que vai chegar a sua hora e apenas espera pela morte", disse.
As informações são do Correio Braziliense.