VENEZUELA

28 de julho é a data escolhida para as eleições presidenciais na Venezuela

Data foi definida através de acordo entre governo e oposição
Por: AFP

Publicado em: 05/03/2024 20:00

Data foi anunciada nesta terça-feira (05)  (foto: Federico Parra / AFP)
Data foi anunciada nesta terça-feira (05) (foto: Federico Parra / AFP)

As esperadas eleições presidenciais na Venezuela serão realizadas em 28 de julho, no segundo semestre do ano, tal como foi acordado entre governo e oposição em uma mesa de diálogo, informou nesta terça-feira (05) a autoridade eleitoral.

 

O presidente Nicolás Maduro aparece como candidato natural do chavismo para a reeleição por seis anos, embora ainda não tenha confirmado a sua candidatura. A oposição, enquanto isso, está na prática sem candidato, pois María Corina Machado, escolhida nas primárias, está impedida de exercer cargos públicos por 15 anos.

 

A junta diretora do Conselho Nacional Eleitoral (CNE), de linha governista, aprovou por "unanimidade" a data de 28 de julho, pouco mais de cinco meses antes da posse, em 10 de janeiro de 2025, anunciou o presidente do órgão, Elvis Amoroso, em uma declaração aos jornalistas.

 

"A Junta Nacional Eleitoral" apresentou "um cronograma eleitoral que contempla todos os requisitos constitucionais, legais e técnicos para celebrar as eleições presidenciais do ano de 2024", disse Amoroso, ex-controlador responsável de inabilitações de opositores e sancionado pelos Estados Unidos em 2017 e pela União Europeia em 2020.

 

Dias antes, o CNE recebeu do Parlamento, controlado pelo chavismo, um documento com 27 propostas de datas para as presidenciais, após um processo de consulta de quase um mês com dirigentes políticos e setores civis.

 

O anúncio da data coincide com o 11º aniversário de morte do presidente Hugo Chávez (1999-2013), cujo legado Maduro prometeu manter.

 

 

O cronograma

 

O período para inscrever os candidatos será de 21 a 25 de março e a campanha eleitoral está prevista de 4 a 25 de julho.

 

"Estão dando 20 dias a oposição para resolver" sobre um possível candidato alternativo a Machado, disse à AFP Luis Vicente León, diretor do instituto de pesquisas Datanálisis, em um momento em que a dirigente opositora permanece ativa em atos políticos, apesar de sua inabilitação, ratificada em janeiro pela Suprema Corte, não lhe permitir se inscrever.

 

Governo e oposição haviam acordado a realização de eleições no segundo semestre de 2024 em negociações intermediadas pela Noruega, em um pacto que contempla a observação da União Europeia e outros atores internacionais. 

 

Em 2021, a UE enviou uma missão para as últimas eleições de prefeitos e governadores, nas quais identificou melhorias consideráveis no sistema de votação, mas também irregularidades como o uso de recursos públicos na campanha, a inabilitação "arbitrária" de candidatos e o estabelecimento de pontos de controle do partido do governo nos centros de votação.

 

Sua presença no país terminou de forma abrupta, depois que Maduro os tachou de "inimigos" e "espiões".

 

 

'Vamos, Nico!'

 

Maduro, que governa desde 2013, após ser ungido por Hugo Chávez antes de sua morte, disse, no início do ano, que era "prematuro" confirmar se buscaria um terceiro mandato, embora importantes dirigentes do chavismo deem como certa sua candidatura pelo Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV).

 

Sua reeleição em 2018 foi tachada de "fraudulenta" pela oposição, que boicotou o processo, e os Estados Unidos, que impuseram uma série de sanções que asfixiaram a economia, mas fracassaram em seu objetivo de derrubá-lo do poder.

 

A UE também não reconheceu o resultado.

 

De antemão, o clima já é de campanha nas fileiras do chavismo. Maduro começou a viajar pelo país para atos governamentais e políticos, que até agora tinham sido exceção.

 

Maduro está ao volante, sai do carro pela janela e sobe no capô do para cumprimentar os seguidores, apesar de seu pesado e rígido esquema de segurança.

 

Ele havia sugerido na segunda que as eleições ocorreriam no fim de julho, lembrando as "mega eleições" de 30 de julho de 2000, nas quais Chávez foi reeleito pela primeira vez após a aprovação da nova Constituição.

 

"Vamos, Nico!", slogan de apoio ao mandatário, foi entoado em coro nesta terça na sessão plenária do Parlamento após o anúncio da data.

 

 

'E agora?'

 

A liberal María Corina Machado não reagiu ao anúncio do cronograma, mas León afirmou que "está claríssimo que María Corina não será candidata" e "não vai permitir uma substituição de sua candidatura por alguém que ela não nomeie diretamente".

 

Embora alguns nomes sejam aventados, Machado negou a possibilidade de se afastar, ao insistir que irá "até o final", apoiada pelos mais de 2 milhões de votos com os quais venceu com folga as primárias da coalizão opositora Plataforma Unitaria.

 

"Em 21 de março toda a Venezuela acompanha a inscrição da nossa candidata unitária", escreveu no X o líder opositor Juan Guaidó, exilado nos Estados Unidos. 

 

Mas Henrique Capriles, duas vezes candidato à Presidência e igualmente inabilitado, se pegunta: "E agora?".

 

"É preciso tomar decisões", publicou no X. "Sob nenhuma hipótese, abandonar a força do voto, (é preciso) pôr o país acima de qualquer interesse pessoal".

 

Outros dirigentes mais distantes da oposição tradicional - tachados de "colaboracionistas" por María Corina - anunciaram a intenção de concorrer às eleições, o que analistas consideram que busca dividir o voto antichavista.

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