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Biden anunciará construção de porto para ajuda humanitária em Gaza

Assistência humanitária ao enclave palestino está sendo bloqueada pelas forças israelenses há várias semanas

Joe Biden, presidente dos Estados Unidos

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, deve anunciar nesta quinta-feira (7) a construção pelo exército norte-americano de um porto na costa da Faixa de Gaza para permitir a entrega em larga escala de ajuda aos palestinos. A assistência humanitária ao enclave palestino está sendo bloqueada pelas forças israelenses há várias semanas e são muitos os relatos de crianças e mulheres que estão morrendo de fome devido a este cerco ao território.
 
Nos últimos dias houve alimentos que foram jogados através de aviões que sobrevoaram a região, mas é ideia consensual na comunidade internacional que essa é uma opção que não resolve a extensão da crise humanitária sem precedentes que assola o povo palestino.
 
É estimado que mais de um milhão de deslocados estejam neste momento incapazes de se proteger e de se alimentar. O governo de Tel Aviv ainda promete endurecer mais o cerco à Faixa de Gaza com a incursão maciça das suas tropas na cidade de Rafah diante da falta de um acordo que liberte os reféns capturados em Israel. Com a aproximação do Ramadã, mês sagrado dos muçulmanos, os Estados Unidos, Egito e Catar buscam mediar uma curta trégua na guerra para tentar para ganhar tempo. 
 
Ontem, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, declarou que a União Europeia está trabalhando para estabelecer um possível corredor humanitário de apoio à população da Faixa de Gaza através do Mediterrâneo. O ministro das Relações Exteriores britânico, David Cameron, também disse que iria apelar ao governo do primeiro-ministro de Israel a entrada de alimentos, combustível e medicamentos ao enclave.
 
Catástrofe humanitária
 
Segundo a Organização das Nações Unidas e a Organização Mundial da Saúde, a situação humanitária se agrava a cada dia que passa, onde pelo menos um quarto da população passa fome e esta desnutrida, sendo que muitos palestinos já morreram de inanição. A porta-voz do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), Tess Ingram, também relatou que testemunhou horrores em Gaza, onde milhares de crianças já morreram de fome e de doença e outras tantas estão com a vida por um fio.
 
“Nunca pensei assistir a tanto horror durante a visita de uma semana, a trabalho, que fiz sul e ao centro de Gaza. A situação das crianças é inacreditável. As pessoas vivem em condições muito inseguras, não só por causa das bombas e dos tiros, mas também por causa da crise humanitária no terreno, sendo as crianças, as grávidas e as mulheres que acabaram da dar à luz os casos mais assustadores. As crianças não estão recebendo alimentos suficientes para comer. Quase não têm acesso a água potável. Vivem ao frio, debaixo de lonas de plástico. Conheci crianças que não tinham sapatos nem casacos, num período que agora é o mês de inverno. Muitas crianças estão exaustas. Têm fome, estão traumatizadas com o que viram e estão doentes porque estão bebendo água contaminada, não estão vestidas adequadamente, estão expostas aos elementos e vivem em espaços muito lotados onde é muito fácil a propagação de doenças. Não há lugar para uma criança e não há lugar seguro na Faixa de Gaza para onde estas crianças possam ir”, enfatizou Ingram.
 
Desde o início do conflito, já morreram quase 31 mil palestinos e há aproximadamente 72 mil ficaram feridos, além de milhares de desaparecidos.

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