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Residência da presidente do Peru é alvo de operação por escândalo de relógios Rolex

Durante madrugada, a polícia e representantes do Ministério Público entraram na casa de Dina Boluarte, em Lima

Polícia sai da casa de Dina Boluarte, presidente do Peru

As forças de segurança do Peru efetuaram uma operação de busca neste sábado (30) na residência da presidente Dina Boluarte e na sede da presidência, no âmbito de uma investigação por suposto enriquecimento ilícito, depois que a chefe de Estado utilizou relógios Rolex que não foram declarados como parte de seu patrimônio.

Durante madrugada, a polícia e representantes do Ministério Público entraram na casa de Boluarte, em Lima, e depois revistaram o palácio do governo, em busca dos relógios de luxo que não tiveram a procedência explicada pela presidente.

"Vamos fazer a operação no palácio, fazer a busca segundo a ordem judicial", declarou o coronel Harvey Colchado aos jornalistas, antes de entrar na sede do governo.

Colchado não confirmou se os relógios foram encontrados na primeira operação, alegando o caráter "reservado" da investigação.

O primeiro-ministro do Peru, Gustavo Adrianzén, considerou a operação um "ataque à dignidade" da presidente Dina Boluarte.

"O que aconteceu constitui um ataque intolerável à dignidade da Presidência da República e à Nação que representa. Estas ações são desproporcionais e inconstitucionais", disse Adrianzén à emissora de rádio e televisão RPP.

Segundo um documento da polícia, quase 40 agentes e promotores participaram na operação.

Desde 18 de março, a presidente peruana é investigada por suposto crime de enriquecimento ilícito e omissão de apresentar declarações em documentos públicos.

Policiais cercaram durante a madrugada a residência de Boluarte, no bairro de Surquillo, zona leste de Lima, e bloquearam o tráfego nas ruas próximas.

A operação na residência "tem fins de busca e apreensão", afirmou a polícia. 

A ação foi autorizada pelo Tribunal Superior de Investigações Preparatórias, presidido pelo juiz Juan Carlos Checkley, a pedido do procurador-geral da nação.

A operação surpresa foi realizada depois que o MP não aceitou a solicitação da presidente para reagendar uma convocação da Procuradoria, programada para o início da semana, quando ela deve apresentar os relógios e os comprovantes de compra.

Se for indiciada neste caso, a presidente não poderá ser julgada até julho de 2026, quando termina o seu mandato, segundo estabelece a Constituição. A investigação, no entanto, pode prosseguir neste período.

O escândalo, porém, pode resultar em um pedido de vacância (destituição) de Boluarte no Congresso, sob a alegação de "incapacidade moral". 

Para que isto aconteça, as bancadas de partidos de direita, que têm maioria no Parlamento unicameral e representam a principal base de apoio da presidente, terão que apoiar as bancadas minoritárias de esquerda em uma aliança difícil de ser concretizada.
 
Boluarte não não estava em casa
 
Segundo a imprensa peruana, a presidente não estava na residência e não foi possível determinar se ela estava em seu gabinete no Palácio de Governo.

O escândalo explodiu com uma reportagem do programa jornalístico "La Encerrona" exibida há algumas semanas.

A reportagem revelou que Boluarte utilizou vários relógios da marca de luxo Rolex em eventos oficiais desde que tomou posse como vice-presidente do governo do ex-presidente Pedro Castillo e ministra do Desenvolvimento e Inclusão Social em 2021.

O período analisado pelo programa vai até dezembro de 2022, mês em que ela assumiu a presidência.

Após a exibição da reportagem, Boluarte afirmou que era um relógio "antigo", produto do seu "esforço", já que trabalha desde os 18 anos.

"Entrei no Palácio de Governo com as mãos limpas e sairei com as mãos limpas, como prometi ao povo peruano", declarou Boluarte, 61 anos, na semana passada.

Com o escândalo, a Controladoria da República anunciou que revisaria novamente as declarações de bens apresentadas por Boluarte nos últimos dois anos em busca de um eventual desequilíbrio patrimonial.

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