ESTADOS UNIDOS

EUA se preocupam com acordo russo com a Coreia do Norte

Putin e o líder norte-coreano, Kim Jong-un, assinaram um acordo de defesa em que estabelece que os dois países enviem ajuda militar em caso de um ataque ao seus territórios

Publicado em: 21/06/2024 17:48 | Atualizado em: 21/06/2024 18:01

Porta-voz do Departamento de Estado norte-americano, Matthew Miller, (foto: AFP/File)
Porta-voz do Departamento de Estado norte-americano, Matthew Miller, (foto: AFP/File)

O porta-voz do Departamento de Estado norte-americano, Matthew Miller, afirmou que a alusão do presidente russo, Vladimir Putin, de que a Rússia pode vir a fornecer armas à Coreia do Norte é incrivelmente preocupante.

 

A declaração de Miller acontece após Putin e o líder norte-coreano, Kim Jong-un, terem assinado um acordo de defesa, que estabeleceu que os dois países enviem ajuda militar em caso de um ataque ao seu território. "O fornecimento de armas russas a Pyongyang desestabilizaria a Península Coreana, como é óbvio, e potencialmente, dependendo do tipo de armas fornecidas, violaria as resoluções do Conselho de Segurança da ONU que a própria Rússia apoiou", pontuou, acrescentando ainda a possibilidade da Coreia do Sul também fornecer armamento à Ucrânia.

 

O secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, e o Ministério das Relações Exteriores da Coreia do Sul também reiteraram que o tratado entre Moscou e Pyongyang representa uma séria ameaça à paz e à estabilidade na Península Coreana. Blinken destacou que a Casa Branca iria considerar tomar várias medidas em resposta ao pacto.

 

Washington e Seul reafirmam inclusive que há provas de que Pyongyang já forneceu uma quantidade significativa de mísseis balísticos e projéteis de artilharia à Rússia, que, por outro lado, a Coreia do Norte nega.

 

Enquanto isso, em sua visita ao Vietnã, Putin disse que o fornecimento mútuo de armas russas à Coreia do Norte seria uma resposta apropriada ao envio feito pelo ocidente de armamento a Kiev. "Aqueles que enviam estes mísseis para a Ucrânia pensam que não estão lutando contra nós, mas eu disse, incluindo em Pyongyang, que nos reservamos o direito de fornecer armas a outras regiões do mundo, tendo em conta os nossos acordos com a Coreia do Norte. Não excluo essa possibilidade", indicou Putin, além de alertar a Coreia do Sul que estaria cometendo um grande erro se decidissem fornecer armas as tropas ucranianas.

 

“Espero que isso não aconteça. Se acontecer, então estaremos a tomar decisões relevantes que dificilmente agradarão aos atuais dirigentes da Coreia do Sul", adiantou. A Coreia do Sul, um exportador de armas em crescimento com um exército bem equipado apoiado pelos EUA, forneceu ajuda não letal e outros apoios à Ucrânia e se uniu às sanções lideradas pelos EUA contra Moscou. Mas o país tem uma política de longa data de não fornecer armas a países que estão em guerra. Entretanto, Chang Ho-jin, Conselheiro de segurança nacional do presidente sul-coreano, Yoon Su Yeol, disse hoje que Seul iria reconsiderar a sua posição sobre o fornecimento de armas à Ucrânia.

 

Por sua vez, o diplomata norte-americano Daniel Kritenbrink visitará o Vietnã para ressaltar o compromisso de Washington em trabalhar com Hanói para garantir uma região do Indo-Pacífico livre e aberta.

 

 

 

As relações entre as duas Coreias se deterioraram expressivamente nas últimas semanas, com o recomeço de um ambiente similar da época da guerra fria, que incluiu o uso da Coreia do Norte de balões com grandes quantidades de lixo no lado sul da fronteira entre os dois países. Há ainda indícios por meio de imagens de satélitite de que Pyongyang está construindo muros em pontos ao longo da fronteira, dias após diversos dos seus soldados terem sido mortos ou feridos durante a limpeza de terrenos em zonas repletas de minas.

 

A Guerra da Coreia terminou em 1953 com um armistício, no qual ambas as partes se comprometeram a não "executar qualquer ato hostil dentro, a partir ou contra a zona

desmilitarizada". Mas nunca houve um acordo de paz definitivo.