CONTINENTE AFRICANO

Epidemia de Mpox leva África a declarar urgência de saúde pública

Segundo as autoridades locais, a África quer evitar que o Mpox se transforme numa pandemia. "O Mpox atravessou agora as fronteiras, afetando milhares de pessoas em todo o nosso continente"

Publicado em: 13/08/2024 17:40

De acordo CDC África, desde janeiro de 2022 já foram registrados 38.465 casos em 16 países africanos, com 1.456 mortes (foto: Ernesto Benavides/AFP)
De acordo CDC África, desde janeiro de 2022 já foram registrados 38.465 casos em 16 países africanos, com 1.456 mortes (foto: Ernesto Benavides/AFP)

Nesta terça-feira, o Centro Africano de Controle e Prevenção de Doenças (CDC África) declarou emergência de saúde pública, o mais alto nível de alerta, devido à epidemia do vírus Monkeypox (Mpox), conhecido por "varíola dos macacos", que acomete diversos países do continente.

 

Segundo as autoridades locais, a África quer evitar que o Mpox se transforme numa pandemia. "O Mpox atravessou agora as fronteiras, afetando milhares de pessoas em todo o nosso continente. Anúncio, com o coração pesado, mas com um compromisso inabalável para com o nosso povo, para com os nossos cidadãos africanos, que declaramos o Mpox uma emergência de saúde pública continental. Esta declaração não é uma mera formalidade, é um claro apelo à ação. É o reconhecimento de que não podemos continuar a dar-nos ao luxo de ser reativos. Temos de ser proativos e agressivos nos nossos esforços para conter e eliminar este flagelo", afirmou o presidente do CDC Africa, Jean Kasenya.

 

O anúncio também vai permitir desbloquear fundos para o acesso às vacinas e uma resposta continental. Além disso, a reunião do comitê de emergência da Organização Mundial de Saúde (OMS) que acontecerá em breve ainda irá avaliar se deve ser declarado o nível mais elevado de alerta sanitário em termos internacionais, em resposta à doença.

 

De acordo com os mais recentes dados publicados pelo CDC África, desde janeiro de 2022 já foram registrados 38.465 casos em 16 países africanos, com 1.456 mortes, incluindo um aumento de 160% dos casos em 2024 em comparação com o ano anterior, Mas, a África enfrenta a propagação de uma nova estirpe, detectada no Congo em setembro de 2023 e apelidada de "Clade Ib", que é mais mortal e bem mais transmissível do que as estirpes anteriores.

 

A "Clade Ib" causa erupções cutâneas em todo o corpo, enquanto as estirpes anteriores se caracterizavam por erupções e lesões localizadas na boca, no rosto ou nos órgãos genitais. Conhecida popularmente como "varíola dos macacos", a doença viral se propaga dos animais para os seres humanos, mas pode ser transmitida por contato físico próximo com uma pessoa infectada com o vírus.

 

Em 2022, uma epidemia mundial do subtipo Clade 2 se propagou em inúmeros países, onde a doença não era endêmica. A OMS declarou um alerta máximo em julho de 2022 em resposta a este surto global que se estendeu até maio de 2023. A epidemia provocou cerca de 140 mortes num total estimado de 90 mil casos.