AMÉRICA LATINA

Protestos na Venezuela têm mais de mil detidos e 16 mortos

Violência no país foi condenada, nesta quinta-feira (01), por onze organizações internacionais, incluindo a Anistia Internacional

Publicado em: 01/08/2024 15:35

Mulher participa de comício convocado pelo candidato presidencial Edmundo Gonzalez Urrutia e pela líder da oposição Maria Corina Machado, em frente à sede das Nações Unidas em Caracas (Foto: JUAN BARRETO / AFP
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Mulher participa de comício convocado pelo candidato presidencial Edmundo Gonzalez Urrutia e pela líder da oposição Maria Corina Machado, em frente à sede das Nações Unidas em Caracas (Foto: JUAN BARRETO / AFP )
Após quatro dias das eleições na Venezuela, as autoridades do país já detiveram 1.062 pessoas nos protestos contra os resultados eleitorais. 
 
Segundo as ONGs de direitos humanos, até agora pelo menos 16 pessoas morreram nas manifestações, além de dezenas de feridos e 11 desaparecimentos ‘forçados’. Também 11 organizações internacionais, entre as quais a Anistia Internacional, condenaram nesta quinta-feira a violência e a repressão que ocorre no país e exigiram que as autoridades venezuelanas garantam os direitos civis e políticos da população. “Apelamos às autoridades para que se abstenham de criminalizar os protestos e para que cumpram plenamente os padrões e normas internacionais sobre o uso de força”, diz o comunicado em conjunto.
 
Enquanto isso, o presidente reeleito venezuelano Nicolás Maduro foi ao Supremo Tribunal dizer que está pronto a mostrar as atas e a ser interrogado, mas sem definir quando.
 
Em uma conferência de imprensa com correspondentes estrangeiros, a primeira em quase dois anos, Maduro, ainda acusou os líderes da oposição de ter ‘sangue nas mãos’ por causa das mortes nas manifestações e defendeu que devem ser colocados atrás das grades. Maduro culpou a oposição de golpe de Estado e sabotagem do sistema eleitoral e assegurou que jamais chegará ao poder. “O caminho da Venezuela é não deixar que o poder seja assaltado por criminosos treinados, pagos e drogados. Quantas provas mais temos de apresentar para que digam já chega? Porque temos de colocar o país em guerra com as atitudes deles?”, indagou.
 
Em contrapartida, a líder da oposição venezuelana, María Corina Machado, apelou à mobilização contra o governo de Maduro, cuja reeleição continua a ser contestada nas ruas. Até o momento, a oposição nunca tinha convocado manifestações. Urrutia chegou mesmo na segunda-feira a indicar que as manifestações do dia não estavam contribuindo para objetivo. 
 
"Oferecemos ao regime que aceitasse democraticamente a sua derrota e avançasse com a negociação para assegurar uma transição pacífica. No entanto, optaram pela via da repressão, da violência e da mentira", afirmou a ex-deputada María Corina Machado, principal apoiadora do candidato da oposição, Edmundo González Urrutia. Machado pediu aos venezuelanos que se mantenham ativos e firmes e se mobilizem para fazer valer a verdade, em referência à vitória que atribuiu ao candidato da principal coligação da oposição, a Plataforma Democrática Unida (PUD), com 70% dos votos.

“A oposição majoritária luta há anos para unir o país em torno de valores comuns num movimento cívico de resgate da liberdade”, disse Machado.
 
Os oposicionistas afirmam ter provas da vitória do seu candidato e pediram ao Conselho Nacional Eleitoral (CNE) que publiquem todos os detalhes das atas e que os boletins de voto sejam recontados de forma transparente.
 
Além disso, o secretário-geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), Luis Almagro, também se manifestou e declarou que pedirá ao Tribunal Penal Internacional (TPI) que acuse Nicolás Maduro e emita um mandado de captura contra o presidente venezuelano pelo "banho de sangue" no país, durante as manifestações contra a sua reeleição.