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Zelensky acusa Rússia na ONU e diz que 'jamais' aceitará paz imposta por Moscou

Enquanto isso, Putin ameaçou mudar a doutrina nuclear russa para eventualmente usar essas armas em retaliação a um ataque aéreo "maciço"
Por: AFP

Publicado em: 25/09/2024 17:14

Presidente ucraniano, Volodimir Zelensky (foto: TIMOTHY A. CLARY / AFP)
Presidente ucraniano, Volodimir Zelensky (foto: TIMOTHY A. CLARY / AFP)

O presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, acusou, nesta quarta-feira (25), na ONU seu homólogo russo, Vladimir Putin, de planejar ataques contra suas usinas nucleares, ao mesmo tempo em que afirmou que "jamais" aceitará uma paz imposta pela Rússia, dois anos e meio após o início da guerra.

 

"Recentemente recebi outro relatório alarmante de nosso serviço de inteligência. Parece que agora Putin planeja atacar nossas usinas nucleares e infraestrutura, para desconectar essas instalações da rede de energia", denunciou Zelensky em seu discurso na Assembleia Geral.

 

"Qualquer incidente crítico no sistema de energia poderia causar um desastre nuclear. Um dia assim nunca deve chegar. Moscou precisa entender isso, e isso depende em parte de sua determinação e da pressão que se exerce sobre o agressor", acrescentou.

 

Enquanto a Rússia prossegue com seus bombardeios diários ao território ucraniano, Zelensky afirmou nesta quarta-feira que seu país "jamais" aceitará uma paz imposta de fora.

 

"Nós ucranianos nunca aceitaremos - nunca aceitaremos - por que alguém no mundo poderia acreditar que um passado colonial tão brutal, que não tem continuidade hoje, poderia se impor agora na Ucrânia?", questionou Zelensky ao questionar as motivações da China e do Brasil para promover conversas com a Rússia.

 

Na terça-feira, diante do Conselho de Segurança, o presidente ucraniano, ciente de que o apoio ao seu país pode estar se esgotando, afirmou que "só se pode forçar a Rússia a fazer a paz, e isso é exatamente o que devemos fazer: forçar a Rússia a fazer a paz".

 

Até agora, os Estados Unidos lideraram uma ampla coalizão de apoio militar e financeiro à Ucrânia, mas a posição de Washington pode mudar após as eleições presidenciais de 5 de novembro.

 

Zelensky deve apresentar na quinta-feira em Washington ao seu homólogo americano, Joe Biden, e ao Congresso, os detalhes de um "plano de vitória" que, segundo ele, colocaria fim à invasão russa ao seu país, iniciada em fevereiro de 2022.

 

Enquanto isso, Putin ameaçou mudar a doutrina nuclear russa para eventualmente usar essas armas em retaliação a um ataque aéreo "maciço". 

 

"Consideramos essa possibilidade se recebermos informações confiáveis sobre um lançamento maciço de meios de ataque aeroespaciais", declarou o presidente.

 

 

"Graves problemas"

 

Poucos detalhes desse plano são conhecidos, mas para o líder ucraniano trata-se, sobretudo, de fortalecer seu país, para que possa negociar com firmeza.

 

"Uma Ucrânia forte forçará Putin a se sentar à mesa de negociações", declarou em uma entrevista à revista New Yorker publicada no domingo.

 

Concretamente, Kiev pede a seus aliados ocidentais mais sistemas de defesa antiaérea e mísseis de longo alcance para defender melhor suas cidades dos ataques diários russos.

 

Nesta quarta-feira, o presidente da França, Emmanuel Macron, prometeu que seu país fará "tudo ao seu alcance para garantir que a Ucrânia se mantenha firme, deixe de estar em perigo e obtenha justiça". Paris seguirá "fornecendo equipamentos essenciais para sua defesa", disse.

 

Em seu discurso de terça-feira na Assembleia Geral, Biden declarou que a Rússia havia falhado em sua invasão à Ucrânia e instou a ONU a manter seu apoio a Kiev até que os ucranianos saiam vitoriosos.

 

 

"À beira do abismo" 

 

Mais de 100 chefes de Estado e de Governo sobem esta semana à tribuna da Assembleia Geral da ONU em Nova York, em um momento em que os conflitos fazem estragos em todo o planeta, especialmente no Líbano e na Faixa de Gaza.

 

O principal foco de atenção desta reunião diplomática anual é a situação explosiva nessa região.

 

Vários líderes, começando por Biden, pediram na terça-feira que se evite a todo custo uma "guerra total" no Líbano, que está, segundo o secretário-geral da ONU, António Guterres, à "beira do abismo".

 

A pedido da França, o Conselho de Segurança tem previsto debater a crise em uma reunião de emergência na tarde desta quarta.

 

Nas últimas horas, Israel realizou novos bombardeios contra o Hezbollah no Líbano, de onde também foram realizados contra-ataques. Na segunda-feira, uma ofensiva israelense deixou mais de 550 mortos, intensificando o temor de uma conflagração regional quase um ano após o início da guerra em Gaza.

 

Foi o maior número de mortos em um único dia no Líbano desde o final da guerra civil (1975-1990).

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