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Alterações do clima estimularam e aceleraram os dez eventos mais mortais nos últimos 20 anos

Investigação mostra como cientistas detectaram "impressão digital das alterações climáticas" em diversas tragédias climáticas

Carros capotados estavam entre outros destroços causados pelas inundações repentinas em Derna, no leste da Líbia, em 2023

O grupo World Weather Attribution (WWA), do Imperial College London, divulgou uma análise de especialistas mundiais sobre as alterações climáticas das últimas duas décadas. A conclusão é que as mudanças no clima causadas pelos seres humanos alimentaram todos os dez eventos climáticos mais mortíferos do planeta (abaixo segue a relação).
 
“As alterações climáticas não são uma ameaça distante”, afirmou Friederike Otto, co-fundadora e líder da World Weather Attribution,. “Este estudo deve abrir os olhos dos líderes políticos que se agarram aos combustíveis fósseis que aquecem o planeta e destroem vidas. Se continuarmos a queimar petróleo, gás e carvão, o sofrimento vai continuar e aumentar”, destacou. 
 
A investigação do WWA mostra como os cientistas detectaram “impressão digital das alterações climáticas” em tragédias climáticas como as recentes inundações em Espanha. Os investigadores referem que as descobertas comprovaram como as alterações climáticas já são incrivelmente perigosas com 1,3°C de aquecimento. 
 
Os ciclones ferozes, furacões, as ondas de calor, as secas e as inundações mataram mais de 570 mil pessoas em todo o mundo e se tornaram mais intensos e prováveis à medida que a atmosfera vai ficando cada vez mais quente. As alterações climáticas tornaram a escassez de chuva mais provável e intensa e agravaram a seca devido ao aumento das temperaturas que extraiu mais águas da terra, diz a WWA. Entre 2010 e 2012, 258 mil pessoas morreram devido à seca na Somália. 
 
Na semana passada, o Programa das Nações Unidas para o Ambiente alertou que o mundo está no caminho para um aquecimento global entre 2,6º e 3,1º C acima dos níveis pré-industriais. 
 
O relatório da Organização Meteorológica Mundial (OMM), a agência para o ambiente da ONU, apontou que as concentrações de gases com efeito de estufa na atmosfera atingiram novos recordes no ano passado, o que determina que o planeta terá muitos anos de elevação das temperaturas. “Em 2023, as temperaturas globais na terra e no mar já foram as mais altas de que se tem registro, com os níveis de dióxido de carbono a registrarem um aumento de 151% em relação aos níveis pré-industriais, ou seja, antes de 1750”, indica o documento da OMM.
 
A OMM também alertou para o risco do aumento das concentrações dos gases, que provocam o aquecimento global, se tornar ainda mais intenso. "Os incêndios florestais podem libertar mais emissões de carbono para a atmosfera, enquanto o aumento da temperatura dos oceanos pode reduzir a sua capacidade de absorção de CO2, o que pode levar a uma maior acumulação de CO2 na atmosfera e acelerar consideravelmente o aquecimento global", garantiu Ko Barrett, secretário-geral adjunto da OMM.
 
Já a 29ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP29) será realizada entre os dias 11 e 22 de novembro em Baku, no Azerbaijão, com a presença dos líderes mundiais que vão novamente se reunir para discutir as negociações e medidas globais sobre as alterações climáticas.
 
Os dez eventos climáticos mais mortais dos últimos 20 anos
 
- Ciclone Sidr no Bangladesh em 2007: 4234 mortos
- Ciclone Nargis em Myanmar em 2008: 138 366 mortos
- Onda de calor na Rússia em 2010: 55 736 mortos
- Seca na Somália entre 2010 e 2012: 258 mortos
- Cheias na Índia em 2013: 6054 mortos
- Tufão Haiyan nas Filipinas em 2013: 7354 mortos
- Onda de calor em França em 2015: 3275 mortos
- Ondas de calor na Europa em 2022: 53 542 mortos
- Ondas de calor na Europa em 2023: 37 129
- Tempestade Daniel na Líbia em 2023: 12 352 mortos

Leia a notícia no Diario de Pernambuco