CONFLITO

China faz exercícios militares em torno de Taiwan e escala tensão com a ilha e os EUA

Exercícios incluem simulações de bloqueios e controle de portos importantes e manobras envolvem exércitos terrestres, marítimos, aéreos e de mísseis

Publicado em: 14/10/2024 12:47

Veículos militares patrulham fora do aeroporto de Songshan, em Taipei (Foto: DANIEL CENG / AFP)
Veículos militares patrulham fora do aeroporto de Songshan, em Taipei (Foto: DANIEL CENG / AFP)
Nesta segunda-feira (14), o Ministério da Defesa de Taiwan entrou em "alerta máximo" com as manobras militares da China nas águas no sul da ilha. “O exército está em alerta máximo, pronto para responder se necessário", diz o comunicado da pasta ministerial.
 
O líder de Taiwan, William Lai, disse, após o anúncio dos exercícios militares chineses em torno da ilha, que o seu governo continuará a defender o sistema constitucional de liberdade e democracia de Taiwan contra ameaças externas. 
 
"Os exercícios militares lançados pela China têm como objetivo minar o estado de paz e estabilidade na região e continuar a usar a coerção militar contra os países vizinhos, o que não está de acordo com as expectativas da comunidade internacional. Estamos empenhados em manter a paz e a estabilidade no Estreito de Taiwan e aguardamos com expectativa um diálogo e um intercâmbio igualitário, respeitoso, saudável e ordenado entre os dois lados do estreito. Esta é a nossa atitude constante e imutável", afirmou Lai, considerado um independentista e um agitador por Pequim, que convocou uma reunião sobre segurança nacional, na qual participaram o seu vice-presidente, Hsiao Bi-khim, o ministro da Defesa, Wellington Koo, e o secretário-geral do Conselho de Segurança Nacional, Joseph Wu, entre outras autoridades.
 
De acordo com Koo, os exercícios incluem simulações de bloqueios e controle de portos importantes e, que as manobras envolvem exércitos terrestres, marítimos, aéreos e de mísseis e servem como "advertência" às forças "independentistas" de Taiwan. 
 
Lai também declarou na última quinta-feira em seu discurso anual estar comprometido em resistir à anexação da ilha pela China, o que já causou uma forte reação de Pequim. “As provocações do líder taiwanês conduziriam a um desastre para o seu povo. A independência de Taiwan é incompatível com a paz. A China está empenhada na paz e estabilidade na região, algo que todos os grandes países podem ver,”, afirmou hoje Mao Ning, porta-voz do ministério das Relações Exteriores chinesa.
 
Por outro lado, Washington manifestou hoje preocupação com a nova onda de manobras militares da China perto de Taiwan, salientando que se trata de exercícios injustificados que podem escalar a tensão na região. 
 
“A reação militarmente provocadora da China ao discurso anual de rotina do líder de Taiwan, William Lai, na semana passada, é injustificada e corre o risco de agravar a situação. Apelamos à China para que atue com moderação e evite qualquer ação que possa prejudicar a paz e a estabilidade no Estreito de Taiwan e em toda a região, o que é essencial para a paz e a prosperidade regionais e uma preocupação internacional. Continuamos a seguir de perto as atividades da China e a coordenar com os aliados e parceiros as nossas preocupações comuns", disse o porta-voz do departamento de Estado norte-americano, Matthew Miller, acrescentando que os EUA continuam "empenhados" na sua política de ‘uma só China’.

Os Estados Unidos reconhecem Pequim como o único governo legítimo de toda a China desde 1979, rompendo os laços com Taipé, porém permanece sendo o aliado mais poderoso de Taiwan e o seu principal fornecedor de armas.

"Se os EUA estão interessados na paz entre os dois lados do Estreito de Taiwan, devem respeitar o princípio 'uma só China', não enviar sinais errados às forças pró-independência e deixar de fornecer armamento a Taiwan", destacou o chanceler chinês.
 
A ilha é uma dos principais pontos de atrito entre Pequim e Washington, uma vez que os EUA são o principal fornecedor de armas de Taiwan e já insinuaram que poderiam intervir para defende-la no caso de um conflito.
 
Nos últimos tempos, o governo chinês intensificou a pressão militar e política sobre Taiwan, ameaçando ainda a possibilidade de recorrer à força militar para recuperar o controle sobre o território. A ação desta segunda-feira é a quinta vez em que recorre a este tipo de manobras desde 2022, sendo que a primeira deste porte foi uma resposta à visita da então presidente da Câmara dos Deputados dos EUA, Nancy Pelosi, a Taiwan, o que desagradou a China e elevou as tensões entre os dois países.
 
A China reivindica a soberania sobre Taiwan, um território que considera uma "província rebelde" desde que os nacionalistas do Kuomintang se retiraram para lá em 1949, apos terem perdido a guerra contra o exército comunista.
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