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Governo começa operação para repatriar brasileiros no Líbano

Grupo que vive no Líbano aguarda a chegada de jato da FAB, que deixa hoje a Base Aérea do Galeão, no Rio de Janeiro. A aeronave ficará em Lisboa à espera do sinal verde da diplomacia. Um corredor terá de ser aberto para efetuar o resgate

A fumaça sobe do local de um ataque aéreo israelense que teve como alvo um bairro no subúrbio ao sul de Beirute

Com a escalada acentuada do conflito no Oriente Médio, o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva anunciou, ontem, a repatriação de brasileiros que estão no Líbano. A Operação Raízes do Cedro tem início hoje, com a saída de uma aeronave da Força Aérea Brasileira (FAB) rumo a Beirute, onde está previsto o embarque de 220 pessoas.

 

"A Embaixada no Líbano está tomando as providências necessárias para viabilizar a operação, em contato permanente com a comunidade brasileira e em estreita coordenação com as autoridades locais. O governo brasileiro acompanha, com grave preocupação, a realização de operações militares terrestres do exército de Israel no Sul do Líbano, em violação ao direito internacional, à Carta da ONU e a resoluções do Conselho de Segurança. Também deplora a continuidade dos ataques aéreos israelenses a várias regiões do país, que provocaram, desde o dia 17, a morte de mais de mil pessoas, incluindo dois adolescentes brasileiros e seus pais, assim como um saldo de milhares de feridos", destaca o comunicado do Ministério das Relações Exteriores (MRE).

 

Para a volta dos brasileiros, a FAB disponibilizará uma aeronave KC-30. O jato tem previsão de decolar hoje da Base Aérea do Galeão, no Rio de Janeiro, com escala prevista em Lisboa, antes de chegar a Beirute. A aeronave ficará na capital portuguesa à espera de um sinal verde do MRE — que trabalha para deixar aberto um corredor pelo qual seja possível fazer os resgates. A tripulação será composta, além da equipe de voo, por militares da área de saúde — médico, enfermeiro, psicólogo (saiba mais no infográfico ao lado).

 

Fontes do MRE e do Ministério da Defesa ouvidas pelo Correio afirmam que o Brasil está cadastrando todos os interessados em retornar e passando a lista de nomes ao governo do Líbano para agilizar a liberação daqueles que pretendem deixar o país. No sábado passado, uma reunião entre diplomatas brasileiros e libaneses discutiu a logística da repatriação. O MRE trabalha com a expectativa de que até 5 mil pessoas precisem de ajuda para voltar ao Brasil — o que dá a entender que o jato que deixa o Brasil hoje é apenas o primeiro de vários que farão a ponte Rio de Janeiro-Beirute.

 

Chegada pelo norte

 

O KC-30 deverá entrar no espaço aéreo libanês pelo norte, via Mar Mediterrâneo, para evitar a zona de guerra entre o Hezbollah e as forças israelenses. Todo o sul do país árabe está fechado desde ontem, por conta dos mísseis lançados pelo Irã sobre o território de Israel. A rota de repatriação, porém, pode ser alterada (ou mesmo temporariamente suspensa) por questões de segurança.

 

A FAB ressaltou que o trajeto Rio de Janeiro-Lisboa-Beirute-Lisboa-Rio de Janeiro é apenas uma previsão, que pode ser alterado a fim de manter a logística para que os brasileiros sejam trazidos de volta não fique prejudicada.

 

O MRE criou um grupo no WhatsApp com brasileiros que moram no Líbano em que divulgaram, na última semana, um formulário para que os interessados em deixar o país fornecessem os dados pessoas. A comunidade brasileira no Líbano é a maior do Oriente Médio, composta de 21 mil pessoas.

 

A professora Aline Arruda, de Relações Internacionais do Centro Universitário de Brasília, considera que a rota de saída via capital do Líbano ainda é a mais eficiente. "O aeroporto de Beirute está aberto. Mas, em situação de guerra, pode fechar a qualquer momento. A melhor escolha é a que priorize a questão humanitária, sem grandes implicações políticas. O recomendável é que seja a mais neutra possível, que não tome lados nesse conflito", observou.

 

Segurança

 

O professor de Relações Internacionais da Universidade de Brasília (UnB) Antonio Jorge Ramalho destaca que o fator primordial é a segurança dos cidadãos a serem evacuados.

 

"Israel sinalizou que se restringirá à fronteira sul, onde, supostamente, se concentrariam os alvos que almeja. Convém, pois, escolher rotas que evitem as cidades ao sul do Líbano. E convém evacuar o máximo de pessoas dispostas a sair agora. Tudo indica que será uma questão de tempo até se ampliarem os ataques, como ocorreu em 2006", advertiu.

 

Uma das que estão prontas para voltar ao Brasil é Zeinab Yassine, filha de pais libaneses. Ela se mudou para o Líbano quando casou e espera, ansiosamente, pelo retorno. "A expectativa é grande. Estou contando os dias para sair dessa situação de guerra. É muito complicado ver meus filhos com medo, é algo que não quero que vivam nunca mais", disse Zeinab, mãe de Mohamad, de seis anos, e Ali, de 10.

 

As informações são do Correio Braziliense. 

Leia a notícia no Diario de Pernambuco