GUERRA

Norte-coreanos no conflito da Ucrânia podem levar Seul a fornecer armas a Kiev

Até agora Seul não participa do fornecimento de armas aos ucranianos, prestando apoio apenas em ajuda humanitária e material para desminagem

Publicado em: 22/10/2024 17:10

 (Foto: MANDEL NGAN/AFP
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Foto: MANDEL NGAN/AFP
A Coreia do Sul adiantou hoje que vai rever seu posicionamento e pode ser que comece a enviar armas para Kiev, se Moscou e a Coreia do Norte continuar a mútua cooperação militar. Mas, um alto funcionário do gabinete do presidente sul-coreano, Yoon Suk-yeol, anunciou numa coletiva de imprensa que o seu país prepara medidas diplomáticas, econômicas e militares em resposta ao envio de tropas norte-coreanas para a guerra na Ucrânia.
 
“Consideraríamos o fornecimento de armas para fins defensivos como parte dos cenários passo a passo, e se nos parecer que estão indo longe demais, também poderemos considerar armas de uso ofensivo”, afirmou o membro do gabinete  presidencial de Yoon.
 
Até agora Seul não participa do fornecimento de armas aos ucranianos, prestando apoio apenas em ajuda humanitária e material para desminagem.

O Conselho de Segurança Nacional da Coreia do Sul considerou ainda que o envio de tropas para a guerra de agressão ilegal da Rússia na Ucrânia é uma ameaça significativa à segurança, não só do seu país, mas também para a comunidade internacional. “Após o envio de tropas de combate pela Coreia do Norte, o Governo irá implementar contramedidas em fases”, avançou o Conselho.

Este é mais uma escalada na tensão entre as Coreias, depois do líder norte-coreano Kim Jong-un ter ordenado recentemente a destruição de ligações ferroviárias e rodoviárias entre os dois países, assim como o envio de dezenas de lixo ao vizinho. “Foi uma ação legítima contra um Estado hostil”, classificou em Pyonyang.

Na segunda-feira (21), Seul convocou o Embaixador russo no país, Georgy Zinoviev, apos ter acusado Pyongyang do envio de pelo menos 1.500 soldados para combater ao lado das tropas russas na Ucrânia, de acordo com informações averiguadas pelo serviço secreto sul-coreano e, além de terem sido divulgadas pelo próprio líder ucraniano. Por sua vez, Zinoviev, assegurou que a cooperação entre Moscou e Pyongyang está dentro das normas estabelecidas pelo Direito Internacional.

Em Kiev, o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky apelou nesta terça-feira (22) para que os seus aliados fiquem atentos a estes novos desdobramentos. “A Ucrânia tem informações sobre a preparação em curso por parte de duas brigadas norte-coreanas, cada uma com cerca de seis mil soldados. É um desafio, mas sabemos como responder. O importante é que os nossos parceiros não fechem os olhos a isto”, alertou Zelensky.

A mídia da Coreia do Sul já havia avançado que o número total de tropas da Coreia do Norte pode chegar a 12 mil soldados.

Putin e Kim Jong-un rejeitam denúncias

O governo da Coreia do Norte negou as acusações e diz que são rumores infundados. 
 
“A respeito da alegada cooperação militar com a Rússia, a minha delegação não sente qualquer necessidade de comentar esses rumores infundados e estereotipados. As acusações de Seul visam manchar a imagem da Coreia do Norte e minar as relações legítimas, amigáveis e de cooperação entre dois Estados soberanos”, indicou um representante norte-coreano durante uma reunião na Assembleia Geral da ONU.

Enquanto isso o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, declarou ontem que a cooperação entre os dois países não é dirigida contra países terceiros e não deve preocupar ninguém. A Rússia não confirmou o envio de tropas por Pyongyang, mas defendeu o direito à cooperação militar com o país e que não está contra os interesses de segurança da Coreia do Sul.

Em junho deste ano, a Rússia e a Coreia do Norte intensificaram a colaboração com a assinatura de um pacto de segurança entre seus líderes por Vladimir Putin e Kim Jong-un. O acordo entre ambos compromete a ajuda mútua caso um dos dois países  enfrentem uma agressão.

Para o secretário-geral da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), Mark Rutte, o fornecimento de forças norte-coreanas para lutar ao lado dos russos na Ucrânia marcaria uma escalada significativa no conflito, pelo que promete a cooperação da Aliança Atlântica com a Coreia do Sul. "Conversei com o presidente sul-coreano Yoon Suk Yeol sobre a estreita parceria entre a OTAN e Seul, a cooperação da indústria da defesa e a segurança interligada das regiões Euro-atlântica e Indo-Pacífico", revelou Rutte.