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ONU alerta que quase 350 mil pessoas em Gaza vão sofrer fome catastrófica

Atualmente 133 mil pessoas em Gaza estão nesta situação, porque uma ajuda alimentar que chegou no verão permitiu melhorar as condições

Palestinos deslocados fazem fila para receber rações alimentares, oferecidas por uma instituição de caridade, no campo de refugiados de Al-Shati, em Gaza

Nesta quinta-feira (17), a Organização das Nações Unidas divulgou um relatório que no inverno aproximadamente 345 mil habitantes de Gaza vão enfrentar uma fome catastrófica, o que representa um crescimento de mais de 150% em relação aos valores atuais. Atualmente 133 mil pessoas em Gaza estão nesta situação, porque uma ajuda alimentar que chegou no verão permitiu melhorar as condições. 
 
No entanto, em setembro praticamente cessou a entrada dos comboios de ajuda, aponta o documento do Quadro Integrado de Classificação de Segurança Alimentar (IPC), desenvolvido com os conhecimentos especializados de ONGs e de agências da ONU, incluindo a da Alimentação e Agricultura (FAO). “Este declínio drástico do cenário vai limitar muito a capacidade das famílias de se alimentarem e de terem acesso a bens e serviços básicos nos próximos meses”, indica o IPC.
 
O diretor da Agência das Nações Unidas para os Refugiados Palestinos (UNRWA), Philippe Lazzarini, também alertou hoje para um verdadeiro risco de fome aguda em Gaza, que poderia ser evitável, mas que afirma ter sido orquestrado pelo governo de Israel. “Podemos entrar em uma situação onde a fome ou a má nutrição extrema são novamente prováveis. O território palestino, cercado e devastado, enfrenta agora as piores restrições à ajuda humanitária em um ano. É constatado uma queda drástica do número de caminhões com ajuda humanitária no sul para uma média entre 50 e 60 para dois milhões de habitantes, quando se estima que o número necessário é muito, muito, mais elevado. A fome em Gaza é criada de forma artificial, uma vez que Israel impede ativamente os comboios de passar a fronteira. Alguns membros do governo israelense fazem da fome uma arma de guerra. E as crianças carregam o fardo desta guerra, das quais um milhão vive entre escombros e ainda estão expostas a doenças infecciosas como a poliomielite, que reapareceu apos 25 anos”, acusou Lazzarini. 
 
Além disso, a ONU denuncia que no norte do enclave cerca de 400 mil pessoas estão retidas pelos combates e se tornou extremamente complicado fazer chegar ajuda humanitária nesta zona.  A UNRWA ainda indicou na quarta-feira (16) que está próximo um possível ponto de ruptura das suas operações em Gaza devido às condições cada vez mais adversas e difíceis.
 
Na terça-feira, os Estados Unidos ameaçaram suspender parte da ajuda militar a Tel Aviv se a situação humanitária na faixa de Gaza não melhorar no prazo de 30 dias. A embaixadora norte-americana na ONU, Linda Thomas Greenfield, advertiu que qualquer política da fome em Gaza tem implicações no direito internacional.
 
A União Europeia (UE) criticou Washington por oferecer a Israel um mês inteiro para aliviar a situação humanitária em Gaza. "Os EUA têm dito a Israel que têm de melhorar o apoio humanitário a Gaza, mas deram um mês para isso. Um mês no atual ritmo de mortes. São demasiadas pessoas", afirmou Josep Borrel, chefe da diplomacia européia.
 
Enquanto isso, o Reino Unido considera aplicar sanções contra ministros israelenses, nos quais os alvos são o ministro das Finanças de Israel, Bezalel Smotrich, e o ministro da Segurança interna, Itamar Ben-Gvir, devido aos comentários que fizeram sobre os civis em Gaza e ainda as atividades dos colonos na Cisjordânia ocupada. Smotrich já disse que a fome de civis em Gaza poderia ser justificada e Ben-Gvir que exaltou como heróis os colonos que praticam violência na Cisjordânia. “Estamos analisando a possibilidade porque são comentários obviamente abomináveis”, declarou o primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, que já limitou algumas licenças de exportação de armas para Israel, afirmando que havia o risco de que determinados equipamentos pudessem ser usados para cometer graves violações do direito humanitário internacional.
 
Segundo o último levantamento, mais de 42.438 palestinos morreram desde o inicio do conflito e 99.246 ficaram feridos, além de aproximadamente 10 mil estarem desaparecidos sob os escombros e ruínas. 
 
A guerra em Gaza também resultou na queda de quase 90%, do produto interno bruto (PIB) e o desemprego aumentou para 79,7%, de acordo com a Organização Internacional do Trabalho (OIT). 
 
Por outro lado, na Cisjordânia, o desemprego subiu para 34,9%, entre outubro de 2023, início do conflito em Gaza, e o final de setembro de 2024 enquanto o Produto Interno Bruto (PIB) caiu 21,7%, demonstra o quinto relatório da OIT sobre o impacto econômico da guerra de Gaza na população palestina.
 
Os números são similares aos do anterior relatório da OIT, publicado em junho, mas mostra um aumento de 0,6 pontos percentuais na taxa de desemprego em Gaza e de 2,9 pontos na Cisjordânia.

Leia a notícia no Diario de Pernambuco