URUGUAI

Opositor de esquerda e governista de centro-direita vão ao 2º turno no Uruguai

O segundo turno está marcado para 24 de novembro
Por: AFP

Publicado em: 28/10/2024 10:06

O candidato de esquerda Yamandú Orsi e o candidato da centro-direita Álvaro Delgado  (Crédito: SANTIAGO MAZZAROVICH / AFP)
O candidato de esquerda Yamandú Orsi e o candidato da centro-direita Álvaro Delgado (Crédito: SANTIAGO MAZZAROVICH / AFP)

O esquerdista Yamandú Orsi, pupilo do ex-presidente José "Pepe" Mujica, e o candidato do governo de centro-direita Álvaro Delgado disputarão o segundo turno para definir o próximo presidente do Uruguai após as eleições de domingo, segundo os resultados oficiais.

Com mais de 99% das urnas apuradas, Orsi obteve 43,9% dos votos, cotra 26,7% de Delgado, anunciou a Corte Eleitoral na madrugada desta segunda-feira.

Orsi, pupilo do ex-presidente José "Pepe" Mujica, era o favorito, mas recebeu menos apoio do que o previsto nas pesquisas de intenção de voto, enquanto Delgado, ex-secretário da Presidência do atual presidente Luis Lacalle Pou, superou as expectativas.

O segundo turno está marcado para 24 de novembro.

"Vamos nestes 27 dias por este último esforço com mais vontade do que nunca", afirmou Orsi na noite de domingo diante de milhares de eleitores.

"Falta pouco, triunfaremos", acrescentou, depois de pedir a unidade dos uruguaios e destacar que a Frente Ampla foi a mais votada nas eleições de domingo.

Delgado comemorou ao lado dos aliados da coalizão governista, que também inclui o Partido Colorado (centro-direita, 16%, segundo os resultados oficiais), o 'Cabildo Abierto' (direita, 2,6%) e o Partido Independente (centro-esquerda, 1,7%).

"Hoje iniciamos outra etapa (...) de uma lógica diferente", enfatizou Delgado. "A coalizão é o projeto político mais votado neste país".

ÚLTIMO VOTO DE MUJICA?

Orsi, um professor de História de 57 anos, e Delgado, um veterinário de 55, superaram outros nove candidatos que concorriam para suceder ao presidente Luis Lacalle Pou, do Partido Nacional, que lidera a coalizão de governo. O mandatário tem 50% de aprovação, mas a Constituição o impede de concorrer a um segundo mandato consecutivo.

"Não se ganha o governo sem a nossa presença", disse o candidato Andrés Ojeda, um advogado midiático de 40 anos, candidato do Partido Colorado, terceiro mais votado no primeiro turno. "Vamos vencer a Frente Ampla", prometeu.

O Identidade Soberana, partido fundado em 2022 e que se apresenta como alternativa aos dois blocos majoritários, recebeu 2,69% dos votos.

Orsi acredita no retorno da Frente Ampla à presidência, que o movimento perdeu em 2020, após três mandatos consecutivos, um deles com Mujica (2010-2015).

O ex-guerrilheiro de 89 anos se recupera de problemas derivados de um câncer de esôfago, mas foi muito ativo na campanha e uma das primeiras pessoas a votar no domingo.

"Talvez seja o meu último voto", disse, em uma cadeira de rodas e cercado de câmeras de televisão. Questionado pelos jornalistas, Mujica apontou a segurança pública e o crescimento econômico como os principais desafios do próximo governo.

PLEBISCITOS REJEITADOS

Mais de 2,7 milhões de uruguaios estavam registrados para votar e escolher o presidente e vice-presidente para o período 2025-2030, além de renovar o Parlamento bicameral.

Os eleitores também se pronunciaram sobre dois plebiscitos, que fracassaram porque não receberam mais de 50% dos votos.

O mais polêmico, promovido pela central sindical única Pit-CNT com o apoio de setores da Frente Ampla, apresentava a proposta de redução da idade mínima de aposentadoria de 65 para 60 anos e a proibição dos planos de previdência privada. Mas recebeu apenas 38,8% de votos favoráveis.

O outro plebiscito, promovido por todos os candidatos da coalizão de governo e rejeitado pela oposição, pretendia autorizar operações policiais nas residências durante a noite. Porém, recebeu apenas 39,4% de adesão e também foi rejeitado.

A segurança pública é o tema que mais preocupa a população do país, que tem 3,4 milhões de habitantes, predominantemente agrícola, com elevada renda per capita e baixos níveis de pobreza e desigualdade em comparação com as demais nações da região, mas que enfrenta um aumento da violência vinculada às drogas.