De acordo com um estudo do Institute for Strategic Dialogue (ISD), mensagens de ódio, misoginia e de assédio contra mulheres, como "o teu corpo, a minha escolha" e "voltem para a cozinha", aumentaram nas redes sociais desde a vitória de Donald Trump nas eleições dos Estados Unidos. “O uso da frase ‘o teu corpo, a minha escolha’ cresceu 4.600% na rede social X”, informou o ISD.
O principal impulsionador foi Nicholas J. Fuentes, um nacionalista branco e conhecido podcaster norte-americano, que compartilhou no X: “O teu corpo, a minha escolha. Para sempre”. A publicação já foi visualizada mais de 90 milhões de vezes e replicada por mais de 36 mil pessoas. O vídeo de Fuentes com a frase viralizou nas redes sociais. “Adivinhem? Os homens venceram outra vez. E sim, nós controlamos os vossos corpos”, completa o podcaster.
Outras mensagens misóginas também se tornaram virais na rede social X nos últimos dias. Uma delas é da autoria de Andrew Tate, o influenciador das redes sociais norte-americano, que no dia 7 de novembro escreveu na rede social X: “Vi uma mulher a atravessar a rua hoje, mas mantive o pé no acelerador. Direito de passagem? Vocês não têm mais direitos”.
Além disso, segundo o ISD, outras frases como “voltem para a cozinha” e “revoguem a 19ª Emenda” (que dá às mulheres o direito ao voto) aumentaram significativamente depois da eleição de Trump, que analisou comentários direcionados a mulheres e a discussão desses mesmos comentários nas plataformas X, TikTok, Facebook e Reddit.
Mas, muitas mulheres ainda estão denunciando nas redes que recebem comentários de homens como “o teu corpo, a minha escolha” nas suas publicações ou em mensagens privadas. No entanto, estas frases ultrapassaram o universo digital e inúmeros jovens e pais apontam casos de assédio e ataques nas escolas e universidades, com essa citação.
Já no Facebook, a mesma frase foi repetida 52 mil vezes somente nas 24 horas após o anúncio da vitória de Trump.
A frase “o teu corpo, a minha escolha” consiste numa alteração ao slogan “o meu corpo, a minha escolha”, que é usado pelas mulheres em defesa pelos direitos reprodutivos. Entretanto, estes mesmos direitos estão agora em risco com o retorno do presidente eleito à Casa Branca, que tem uma posição mais conservadora em relação ao direito ao aborto.
Trump defende a revogação da lei Roe V. Wade. A lei já foi abolida há dois anos por três juízes nomeados por Trump, deixando assim ao critério de cada Estado a decisão de proibição do aborto. Dez Estados também votaram para decidir eventuais alterações às leis da interrupção voluntária da gravidez. Mas sete dos dez Estados que votaram aprovaram os referendos que protegem ou reforçam o direito ao aborto.
A eleição de Trump ainda impulsionou ao movimento 4B, um movimento feminista radical que nasceu na Coreia do Sul e diz não ao casamento e relações sexuais heterossexuais, gravidez ou namoro. O movimento já existia nos EUA, mas ganhou força após a nomeação do novo presidente norte-americano.