As autoridades norte-americanas organizam um esquema de segurança sem precedentes para o dia das eleições presidenciais dos Estados Unidos, na terça-feira (5).
Diversos estados decidiram até mobilizar suas guardas nacionais com o receio de distúrbios, entre os quais, Washington e Nevada, que convocaram militares para garantir a segurança durante a votação. Também cerca de cem ex-membros do governo e militares veteranos fizeram um apelo pelo respeito ao voto e uma transferência pacífica de poder. Isso porque analistas políticos e mídias norte-americanas preveem que o candidato republicano, Donald Trump, não aceitará os resultados em caso de uma derrota e contestará uma eventual vitória da candidata democrata Kamala Harris. A rede de TV CNN inclusive afirmou abertamente que Trump está alegando que as eleições foram roubadas antes mesmo do dia da votação e está preparando o terreno, exatamente como fez há quatro anos.
Enfim, a retórica usada por Trump continua, uma vez que no domingo passado, em um comício em Lititiz, na Pensilvânia, voltou a falar em fraude eleitoral. De acordo com o discurso pronunciado por Trump, os democratas "estão lutando muito para roubar" e que “a única forma de Kamala Harris vencer as eleições é por meio de irregularidades”, e ainda que ele não deveria ter deixado a Casa Branca em 2020. Trump também disse que os resultados têm que obrigatoriamente sair na noite de terça-feira, apesar dos especialistas assegurarem que, devido à previsão de uma diferença muito pequena entre os votos para cada região, a contagem dos boletins pode demorar vários dias. Enquanto isso, os especialistas anteciparam que o magnata provavelmente anuncie sua vitória antes mesmo do fim da contagem de votos.
Mas, outras medidas excepcionais e sem precedentes estão sendo adotadas, como as que foram anunciadas no estado do Oregon, onde centenas de boletins de voto foram destruídos, após incêndios criminosos em urnas eleitorais.
Já no domingo (3), as autoridades norte-americanas instalaram barreiras de proteção em torno da Casa Branca, do Capitólio e da residência da candidata democrata, Kamala Harris. Além do mais, comerciantes montaram barricadas em torno de suas lojas na capital do país. A imprensa dos Estados Unidos ressaltou operações de segurança inéditas na história das eleições no país.
Nas seções de voto, a segurança, além disso, foi reforçada para a proteção contra eventuais violências no dia da votação. Muitos locais foram equipados com vidros à prova de balas, portas de metal e botões de telefonemas de emergência. E os mesários tiveram treinamento para agir em caso de ataques. E a polícia recebeu aulas sobre o funcionamento do sistema eleitoral dos EUA, que reflete o temor da sociedade americana neste momento.
Para complementar os chamados Estados-pêndulo ou swing states, que podem decidir o resultado e são imprevisíveis a cada eleição da corrida presidencial porque historicamente oscilam entre democratas e republicanos, estão com o nível de alerta máximo, como é o caso da Pensilvânia, Arizona, Carolina do Norte, Geórgia, Michigan, Nevada e Wisconsin, onde os locais de votação que receberão a maior quantidade de eleitores serão patrulhados por drones, assim como foram convocados até atiradores de elite, que estarão posicionados no alto de prédios.
Processo eleitoral
Mais de 160 milhões de cidadãos norte-americanos se registraram para votar nestas eleições e aproximadamente 78 milhões já votaram antecipadamente, como permite o sistema eleitoral dos EUA.
Nos EUA o presidente não é eleito diretamente pelo voto popular, mas por um colégio eleitoral. Este órgão é formado por 538 delegados distribuídos entre os estados e, para vencer, um candidato precisa garantir pelo menos 270 delegados. Cada estado tem um número específico de delegados, proporcional à sua população, e o vencedor em cada estado na maioria das vezes leva todos os votos do colégio, no que é conhecido the winner takes all (o vencedor leva tudo, numa tradução livre). Os delegados só podem ser divididos em dois estados: Maine e Nebraska.
Os estados-pêndulo que tradicionalmente não têm uma preferência política estabelecida oscila entre os dois partidos e se tornam decisivos em cada eleição. Juntos, eles possuem 93 delegados, quase um terço do total necessário para chegar à Casa Branca.
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