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Israel diz que aumentou a ajuda humanitária para Gaza, mas ONU e ONGs contestam

O Exército israelense afirma que desde ontem entraram 27 caminhões de ajuda humanitária, do Programa Alimentar Mundial, na Faixa de Gaza, através da fronteira ao norte

Faixa de Gaza

O Exército israelense disse que desde ontem entraram 27 caminhões de ajuda humanitária, do Programa Alimentar Mundial, na Faixa de Gaza, através da fronteira ao norte. A entrada deste fornecimento ocorre na semana em que acaba o prazo de 30 dias dado pelos Estados Unidos para melhorar da situação humanitária no enclave palestino. Na segunda-feira (11), o novo ministro das Relações Exteriores de Israel, Gideon Saar, mencionou que o problema seria resolvido, sem adiantar mais e parecendo minimizar o caso.

 

Mas, os militares israelenses também asseguraram ter aberto uma nova passagem terrestre como parte do esforço e do compromisso de aumentar o volume e as rotas de ajuda para Gaza. “A travessia de Kisufim, perto de Khan Younis, foi disponibilizada para a entrega de alimentos, água, material médico e equipamento de abrigo para o centro e o sul de Gaza”, declarou o comunicado do exército.

 

No entanto, um relatório divulgado hoje por oito organizações internacionais de ajuda afirmam que o governo de Tel Aviv não cumpre as exigências de Washington para permitir um maior acesso humanitário à Gaza, onde as condições são piores do que em qualquer momento da guerra de 13 meses. O documento assinado pelas ONGs elencou 19 medidas de conformidade com as exigências dos EUA e concluiu que Israel não cumpriu 15, cumprindo apenas parcialmente quatro.

 

“Israel não apenas falhou no cumprimento das medidas estabelecidas para um maior apoio humanitário, como tomou ações que pioraram dramaticamente a situação no local, particularmente no norte de Gaza. A situação está num estado ainda mais terrível hoje do que há um mês”, aponta o relatório, assinado por Anera, Care, MedGlobal, Mercy Corps, Norwegian Refugee Council, Oxfam, Refugees International e Save the Children.

Já as Nações Unidas alertaram para o fato de os níveis já baixos de ajuda que chegam a Gaza terem diminuído ainda mais, sendo a situação na região norte sitiada especialmente catastrófica. O aviso da Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina (UNRWA, sigla em inglês) surge na véspera do prazo imposto pelos EUA para melhorar as condições humanitárias no território.  A UNRWA salientou que o acesso continua insuficiente e garante que o que entra neste momento está no patamar mais baixo dos últimos meses. “As pessoas em Gaza precisam de tudo”, reitera a ONU. 

 

No mês passado, a administração de Joe Biden apelou a Tel Aviv que aumentasse a quantidade de alimentos e ajuda de emergência no território. O governo norte-americano avisou que o não cumprimento poderia acionar as leis dos EUA que exigem a redução do apoio militar. Em 13 de outubro, o secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, e o secretário de Defesa, Lloyd Austin, pediram a Israel que, entre outras coisas, permitisse que um mínimo de 350 caminhões de mercadorias ingressasse em Gaza diariamente, além de abrir uma quinta passagem para o território sitiado, permitisse que as pessoas em acampamentos costeiros, impostos pelos militares, se mudassem para o interior antes do inverno, e garantisse o acesso de grupos de ajuda ao norte de Gaza, duramente atingido.

 

Israel, por sua vez, na ocasião anunciou que adotaria uma série de medidas para atenuar a situação calamitosa, mas as autoridades norte-americanas deram recentemente a entender que ainda não está sendo feito o suficiente, apesar de não informarem se vão ativar alguma ação retaliatória.

Por outro lado, o governo Biden pode ter menos influência após a reeleição presidencial de Donald Trump, que sempre foi um firme apoiador de Israel no seu primeiro mandato.

 

Entretanto, a Casa Branca deve se pronunciar esta semana sobre os progressos realizados conforme foi estabelecido. Além do mais, o presidente israelense, Isaac Herzog, se reunirá hoje com Biden.

 

Os militares de Israel também admitiram que estão investigando possíveis violações do direito internacional por parte das suas forças no decorrer desta nova ofensiva no norte de Gaza. Segundo o jornal israelense Haaretz, as Forças de Defesa de Israel analisam 16 incidentes separados entre 21 de outubro e 2 de novembro no norte do enclave.

Leia a notícia no Diario de Pernambuco