ORIENTE MÉDIO
Líbano denuncia ataques de Israel ao Conselho de Segurança da ONU
Em um comunicado, o governo libanês reiterou que Beirute não intervém no conflito entre Israel e o grupo xiita libanês HezbollahPublicado em: 19/11/2024 15:54 | Atualizado em: 19/11/2024 16:24
Conselho de Segurança da ONU (foto: ANGELA WEISS / AFP) |
O Ministério das Relações Exteriores do Líbano anunciou que irá apresentar uma nova denúncia ao Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas sobre os “repetidos ataques israelenses” contra o exército libanês.
Em um comunicado, o governo libanês reiterou que Beirute não intervém no conflito entre Israel e o grupo xiita libanês Hezbollah e apela aos membros da ONU para que condenem os repetidos ataques israenses contra o exército como uma violação flagrante do direito internacional, da Carta das Nações Unidas e das resoluções internacionais.
As autoridades libanesas ainda disseram que hoje a Força Interina das Nações Unidas no Líbano (Unifil) informou que as instalações das forças de manutenção de paz das Nações Unidas foram novamente alvos de ataques no sul do país, tendo quatro membros ficaram feridos num dos incidentes. Os feridos são quatro ganeses que se encontravam em serviço quando um foguete atingiu a sua base. Também dois soldados libaneses foram mortos e três outros ficaram feridos numa ofensiva israelense a uma instalação militar na cidade de al-Mari”, no sul do Líbano, elevando para 36 o número de seus soldados mortos desde o início do conflito.
O Líbano pede especificamente que seja respeitada a Resolução 1701 do Conselho de Segurança, que pôs fim à guerra de 2006 entre Israel e o Hezbollah, além de garantir a segurança e a estabilidade duradouras no sul do Líbano e em todo o país, que está sofrendo bombardeios aéreos desde o final de setembro.
Por sua vez, o ministro libanês do Trabalho, Mustafa Bayram, nomeado para o governo do país pelo Hezbollah, afirmou que o presidente do Parlamento, Nabih Berri, informou que a possibilidade de um possível acordo de cessar-fogo é positiva, mas alertou que nada foi concluído. Hoje, o enviado especial dos Estados Unidos, Amos Hochstein, está em Beirute para conversações sobre um cessar-fogo entre Israel e o Hezbollah. É esperado que essa ida de Hochstein se baseie numa proposta de cessar-fogo apresentada pelos EUA ao Líbano na semana passada. Hochstein já se encontrou com Berri e também com o primeiro-ministro interino, Najib Mikati, que relatou que durante as conversações, a necessidade de alcançar um cessar-fogo e de pôr termo à “destruição insensata de cidades libanesas por parte de Israel". O primeiro-ministro do Líbano ainda destacou a prioridade do governo em fazer regressar os cidadãos libaneses deslocados às suas casas, aplicar as resoluções internacionais e reforçar a autoridade do exército libanês no sul do país.
Enquanto isso, o porta-voz do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), James Elder, que esteve em Beirute, manifestou sua preocupação com os efeitos dos bombardeios intensos de Israel que ocorrem todos os dias. “Nos últimos dois meses, no Líbano, foram mortas, em média, três crianças por dia. Apesar de mais de 200 crianças terem sido mortas no Líbano em menos de dois meses, surgiu um padrão desconcertante: as suas mortes são confrontadas com a inércia daqueles que são capazes de pôr termo a esta violência. Além do mais, são centenas de milhares de crianças deslocadas”, advertiu Elder.
Já a Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO) declarou a ativação de uma proteção reforçada de 34 bens culturais no Líbano contra o risco de serem danificados ou usados para fins militares nos combates entre as tropas israelenses e o Hezbollah. “A proteção inclui áreas do Patrimônio Mundial de Baalbek e Tiro, duas regiões com ruínas fenícias, gregas e romanas, locais que foram recentemente registrados ataques próximos”, apontou a agência da ONU.
A decisão foi tomada numa reunião do Comitê para a Proteção dos Bens Culturais em Caso de Conflito Armado, da UNESCO e foi convocada a pedido das autoridades libanesas.
“Estes 34 bens culturais desfrutam agora do mais alto nível de imunidade contra ataques e utilização militar. O não cumprimento destas cláusulas constituiria uma violação grave da Convenção de Haia de 1954 e abriria a possibilidade de uma ação judicial”, alertou a UNESCO.
Os ataques israelenses contra o território libanês já mataram mais de 3.500 pessoas e feriram outras quase 15 mil, anunciou o ministério da Saúde do Líbano.