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Novo projeto de acordo para financiamento climático em negociação na COP 29

Texto tem objetivos específicos para países menos desenvolvidos ou mais vulneráveis, mas negociadores devem resumi-los em um único documento


Nesta quarta-feira (13), na 29ª Conferência das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas (COP29), que começou na segunda-feira na capital do Azerbaijão, um documento apresentado hoje no evento aponta que a maioria dos países em desenvolvimento exige mais dinheiro dos países ricos para que realizem a transição energética. O novo projeto do acordo tem 34 páginas e é muito maior do que o anterior, que foi recusado na véspera.
 
O texto tem ainda objetivos específicos para países menos desenvolvidos ou mais vulneráveis, no entanto os negociadores devem resumi-las num único documento. 
Já o valor atual desse financiamento é de pouco mais de 100 bilhões de dólares por ano, mas as propostas em cima da mesa chegam a quase um trilhão de dólares anualmente.
 
Os representantes dos quase 200 países que participam na COP29  em Baku terão que discutir o novo projeto na próxima semana e devem alcançar um acordo sobre o valor de financiamento e sobre quem vai pagar pela crise e a luta conta as mudanças climáticas nos próximos anos. Mas, as decisões tomadas precisam ser tomadas por consenso.
 
Vaticano defende perdão da dívida aos países mais pobres
 
O secretário de Estado do Vaticano, o cardeal italiano Pietro Parolin, declarou hoje na COP 29 que anular a dívida dos países pobres é uma questão de justiça e uma forma de enfrentar as consequências da crise climática. "É necessário criar uma nova arquitetura financeira para que os países mais pobres e vulneráveis possam lutar contra a crise ambiental", disse Parolin. 
 
O secretário do Vaticano reiterou o pedido do Papa Francisco, que apelou as nações as mais ricas do mundo o reconhecimento da gravidade das ações cometidas no passado cancelando as dívidas antigas. "Seria uma decisão justa. Existe uma verdadeira dívida ecológica, sobretudo entre o sul e o norte e que está relacionada com desequilíbrios comerciais", acrescentou. 
 
O secretário-geral da ONU, António Guterres, em seu discurso na terça-feira (12) na COP 29, advertiu que ninguém e nenhum país é poupado das alterações do clima, que causa ondas de choque no abastecimento e na alimentação global com os preços a dispararem. “A menos que as emissões sejam reduzidas, todas as economias vão enfrentar uma fúria muito maior das alterações climáticas. Desastres estão sendo agravados pelas mudanças climáticas provocadas pela Humanidade. Trabalhadores e deslocados que não conseguem suportar o calor insuportável, as cheias que destroem comunidades e infraestruturas. Crianças com fome porque as secas devastam as colheitas. É hora para agir, a Humanidade conta com vocês”, disse. 
 
Guterres criticou que é um disparate duplicar a aposta nos combustíveis fósseis, sendo a energia solar e eólica a fonte mais barata de nova eletricidade em quase todo o mundo. “A revolução da energia limpa já chegou e ninguém a pode deter. Nenhum grupo, nenhuma empresa e nenhum governo podem travar, mas vocês devem garantir que a mudança seja justa e rápida. Os países mais ricos devem ser os primeiros a reduzirem as emissões. E proteger as pessoas, em especial as comunidades mais vulneráveis da crise climática, que implica o investimento de milhões de dólares. Precisamos cumprir a meta financeira global. Os países em desenvolvimento não devem sair de Baku de mãos vazias. Um acordo é obrigatório e os poluidores devem pagar. O financiamento climático não é caridade, é um investimento. A ação climática não é opcional, é imperativa. Ambos são indispensáveis para um mundo habitável para toda a humanidade”, defendeu o chefe da ONU.

Recorde dos combustíveis fósseis em 2023 

Enquanto isso, um relatório científico do Global Carbon Project  sobre o ritmo de aquecimento do planeta revela que as emissões mundiais de CO%u2082, geradas pela combustão de carvão, petróleo e gás, vão atingir um novo recorde já este ano. Os 120 cientistas que colaboraram com o estudo alertam que para conter o aquecimento global a 1,5°C, em comparação com o final do século XIX, o planeta necessita fixar como meta atingir zero emissões líquidas de CO%u2082 até o final da década de 2030. Muito antes de 2050, que é atualmente previsto por aproximadamente uma centena de países.

“Nada indica ainda que o uso de combustíveis fósseis tenha atingido o seu máximo, apesar do pico estar frustrantemente próximo”, afirmou o britânico Pierre Friedlingstein, da Universidade de Exeter que liderou o estudo. 

Além disso, a ONG Reino Unido, Global Witness, destacou que as 30 maiores empresas de petróleo e gás do mundo registraram uma média de 400 bilhões de dólares por ano desde que o Acordo de Paris foi assinado em 2015. “Excetuando as empresas com sede em países em desenvolvimento, os lucros de 30 das mais rentáveis empresas petrolíferas poderiam financiar esses países e ajudar na transição energética e com as consequências dos desastres climáticos. O mundo já está pagando pela crise climática e as pessoas pagam com a sua saúde, com as suas casas e meios de subsistência”, diz a Global Witness.

Segundo a ONG, a indústria dos combustíveis fósseis é um setor que arrecada bilhões e que evita a responsabilidade nas alterações climáticas e devem arcar com a sua parte para reparar os danos que causaram.

Outra ONG, a Urgewald, ainda assegurou que a produção do setor do petróleo e gás atingiu o recorde absoluto em 2023. “Estão identificadas 1.769 empresas ativas nesta indústria, dominando 95% da produção global de hidrocarbonetos”, aponta a Urgewald.

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