A revolução digital e seu impacto na saúde em Pernambuco

Mário Rino Martins
Cirurgião Oncológico, especializado em cirurgia robótica

Publicado em: 29/08/2024 03:00 Atualizado em: 29/08/2024 05:54

Estamos em meio a uma revolução digital que vai além da simples introdução de novas tecnologias, transformando profundamente como vivemos, trabalhamos e cuidamos da nossa saúde. Essa digitalização está redesenhando a economia global e impactando áreas cruciais, como a medicina, de maneiras que ainda estamos começando a compreender.

No setor de saúde, o avanço das tecnologias digitais, impulsionado por inteligência artificial (IA), big data, telemedicina e dispositivos vestíveis, tem revolucionado o cuidado com os pacientes. A IA já se destaca pela capacidade de diagnosticar doenças com precisão comparável, e muitas vezes superior, a dos médicos humanos. Essa tecnologia auxilia na análise de grandes volumes de dados médicos, permitindo diagnósticos mais rápidos e precisos. Contudo, a confiança excessiva em IA pode resultar em diagnósticos equivocados se os algoritmos não forem corretamente calibrados.

O big data oferece uma análise detalhada de dados de saúde, ajudando a prever surtos e orientar políticas de saúde pública mais eficazes. Entretanto, a segurança e a privacidade dos dados são preocupações constantes, dada a quantidade de informações sensíveis envolvidas.

A telemedicina, que ganhou força durante a pandemia de COVID-19, tem redefinido o acesso aos cuidados médicos. Consultas virtuais aumentaram a conveniência para pacientes em áreas remotas ou com mobilidade reduzida, mas nem todas as condições podem ser avaliadas adequadamente dessa forma, o que pode limitar a eficácia do atendimento.

Os dispositivos vestíveis, como relógios inteligentes, estão transformando o monitoramento da saúde, permitindo o acompanhamento contínuo de sinais vitais e oferecendo dados em tempo real. Isso possibilita a detecção precoce de problemas e intervenções rápidas, com potencial para salvar vidas e reduzir custos com tratamentos mais complexos. No entanto, a precisão desses dispositivos ainda precisa ser aprimorada, e a dependência tecnológica pode diminuir a percepção dos próprios sinais corporais pelos pacientes.

Essas inovações representam tanto desafios quanto oportunidades. Em Pernambuco, temos dois ecossistemas vibrantes: o da saúde, com instituições de destaque nacional, e o da tecnologia da informação, conhecido pela inovação. No entanto, ainda há pouca interação entre esses ecossistemas, o que poderia resultar na criação de soluções inovadoras e no surgimento de novas empresas de tecnologia na saúde.

O mercado global de healthtechs, avaliado em US$ 175 bilhões, está em expansão, e no Brasil, o crescimento anual projetado é de 27% até 2025. Uma maior colaboração entre os setores de saúde e tecnologia em Pernambuco poderia resultar em um sistema de saúde mais eficiente, acessível e de qualidade, além de gerar novas oportunidades de negócios e empregos, posicionando o estado como um exemplo nacional.

A revolução digital está transformando a saúde de maneiras profundas e duradouras. Pernambuco, com sua tradição de inovação, tem a oportunidade de liderar essa transformação, adotando tecnologias de ponta para melhorar a saúde e o bem-estar de sua população. Continuar investindo em inovação e educação tecnológica é essencial para aproveitar plenamente as oportunidades desta nova era.

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