O SAEB de Pernambuco

Alexandre Rands Barros
Economista

Publicado em: 24/08/2024 03:00 Atualizado em: 24/08/2024 06:07

A semana passada saíram os resultados do IDEB e SAEB, incluindo os dados agregados por estados. Como já enfatizado em texto anterior, os indicadores relevantes a serem analisados são as notas do SAEB, pois o IDEB é poluído por taxa de aprovação. O foco nas primeiras mostra que os estudantes pernambucanos tiveram o melhor desempenho entre os estados do Nordeste no ensino médio. Tanto em matemática quanto em português eles obtiveram as melhores notas neste nível de ensino. As médias foram inclusive acima da média dos estados do Sudeste, tanto em português como em matemática.  Nessa última disciplina superou RJ e SP. Entretanto, a evolução entre 2021 e 2023 foi abaixo da média regional no ensino médio, em todas as três medidas, português, matemática e nota padronizada (combinação de português e matemática). É um resultado razoável por causa da dificuldade de crescer mais quando você já tem a maior média. Mas isso significa que as distâncias estão se estreitando. Embora as escolas privadas continuem melhor do que as estaduais no ensino médio, a diferença caiu entre 2021 e 2023. Há uma melhora relativa do ensino público, o que é uma boa notícia. Vale lembrar que o ensino médio é de responsabilidade do Governo Estadual. Como a avaliação foi em 2023, primeiro ano de Raquel Lira, sem tirar o mérito da atuação da atual governadora na educação, os créditos são principalmente do ex-governador Paulo Câmara.

Nos últimos anos do ensino fundamental, os estudantes pernambucanos tiveram média maior do que os do conjunto do NE, mas inferior a que atingiram os do Piauí e do Ceará na região. Esse desempenho se estendeu a português, matemática e nota geral padronizada. Significa que podemos melhorar muito para nos tornarmos o melhor da região. A falta das escolas de tempo integral nesse nível de ensino certamente foi uma das explicações para esse desempenho relativamente mais modesto. Cabe destacar que as notas nesse caso foram inferiores à média do Sudeste. Também é importante salientar que as notas do ensino fundamental, últimos anos, melhoraram entre 2021 e 2023, inclusive mais do que a média regional e mesmo do que o Ceará e do que o Sudeste. Os méritos aqui são das prefeituras, que são responsáveis pelo ensino fundamental. Nesse nível de ensino também aumentou a o desempenho das escolas públicas em relação às privadas, algo muito importante para a educação do estado.

Os alunos pernambucanos também tiveram desempenho acima da média nos anos iniciais do ensino fundamental. Tanto em matemática, como em português e, óbvio, na nota média padronizada. Entretanto, nossos alunos tiveram performance média inferior aos de Alagoas, Ceará e Piauí, na região, e à média do Sudeste. A taxa de crescimento entre 2021 e 2023, particularmente, teve crescimento inferior a obtida por estudantes do Piauí, Maranhão e Alagoas. Isso significa que estamos contratando um futuro de pior qualidade relativa de nossa educação. Políticas de apoio e incentivos a cuidarem mais da educação são fundamentais, para que possamos perseguir o desempenho do Sul e Sudeste, não correr atrás dos estados do Nordeste.

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