Sofrimento mental e Burnout: a realidade dos síndicos de prédios

Guilherme Berbert
CEO Condohub, vice-presidente da Associação de Síndicos Profissionais de Pernambuco

Publicado em: 27/08/2024 03:00 Atualizado em: 27/08/2024 05:20

Muitas vezes, o síndico é visto como um super-herói, aquele que resolve todos os problemas do condomínio com um estalar de dedos. No imaginário popular, ele é o personagem que está sempre disponível, pronto para solucionar qualquer situação, desde uma lâmpada queimada até conflitos entre moradores. Contudo, a realidade está longe de ser tão simples, e essa visão romântica pode esconder um fardo pesado: o sofrimento mental e o burnout.

Ao contrário dos super-heróis dos quadrinhos, que possuem poderes ilimitados e parecem imunes ao cansaço, os síndicos são seres humanos, sujeitos às mesmas pressões e vulnerabilidades que qualquer outro profissional. A expectativa irreal de que possam lidar com todas as situações sem falhas cria um ambiente propício para o esgotamento emocional. O burnout, caracterizado por exaustão extrema, sentimentos de inadequação e uma desconexão emocional, é um problema crescente entre aqueles que ocupam essa função.

A carga de trabalho incessante, somada à necessidade de tomar decisões complexas e frequentemente impopulares, acaba levando muitos síndicos a um estado de esgotamento físico e mental. A falta de reconhecimento e o isolamento, agravados pelas demandas constantes e críticas frequentes, contribuem para o aumento desse quadro.

Nos últimos anos, a pandemia de COVID-19 trouxe ainda mais desafios para os síndicos, que passaram a carregar sobre os ombros a responsabilidade adicional de implementar e monitorar medidas de segurança sanitária. Essa sobrecarga amplificou a necessidade de suporte emocional e psicológico, algo que muitas vezes falta a esses profissionais.

É crucial que os condôminos compreendam que, apesar de todas as suas habilidades, o síndico não é um super-herói invulnerável. Assim como qualquer outro ser humano, ele também precisa de descanso, apoio e reconhecimento. Medidas simples, como a criação de canais de comunicação eficazes, pausas regulares e a valorização do trabalho realizado, podem ser essenciais para prevenir o burnout.

A conscientização sobre a saúde mental dos síndicos é o primeiro passo para garantir que eles possam continuar a desempenhar suas funções de maneira eficaz e equilibrada. Afinal, para que o condomínio funcione bem, é fundamental que o “super-herói” esteja em boas condições de saúde mental e emocional.

Em suma, é importante abandonar a ideia do síndico como um super-herói infalível e começar a vê-lo como um profissional que precisa de suporte e compreensão. Cuidar da saúde mental desses profissionais é, no fim das contas, um investimento na qualidade de vida de todos os moradores.

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