As políticas do Ministério da Ciência, Tecnologia & Inovação apontam para qual Brasil nós queremos

Thiago Modenesi
Doutor em Educação, professor da UFPE, membro do iCeis - Instituto do Complexo Econômico Industrial da Saúde

Publicado em: 12/09/2024 03:00 Atualizado em: 12/09/2024 05:48

O terceiro governo Lula recompôs o orçamento que havia sido dilapidado pelo governo anterior nos mais variados setores, entre estes na Ciência, Tecnologia & Inovação. Tal atitude reflete uma forma, uma postura de ver o Estado. A ideia-força, na minha opinião, é de um Estado empreendedor, que funcione como mola-mestra de um processo de incentivo, de estímulo ao desenvolvimento da cadeia produtiva de tipo nacional, fomentando o desenvolvimento do setor industrial brasileiro nas suas mais variadas escalas, colocando o Brasil entre as nações industrializadas de ponta no globo.

A professora Mariana Mazzucato é uma importante referência desse tipo de pensamento, em seus livros nos apresenta as várias iniciativas tomadas em grandes países para incubar pesquisas e estimular o desenvolvimento industrial de ponta, a exemplo dos Estados Unidos, Coréia do Sul e China. Diferencia bem o que é investimento do que é gasto, e de como o Estado nacional pode e deve fazer apostas que as empresas privadas, várias vezes, não ousam fazer.

O Estado consegue ousar, experimentar e entregar resultados surpreendentes nas mais diversas áreas, foi assim com o touchscreen, a siri e várias outras inciativas incubadas, testadas e desenvolvidas por ele, e depois compradas e absorvidas por grandes empresas que vem aos poucos desmontando seus setores de pesquisa de maneira equivocada no momento que vive o planeta.

Outro nome que se destaca nesse debate é o do professor Carlos Gadelha, este faz tal raciocínio em particular quando discorre e trabalha pela necessidade de um complexo econômico-industrial da saúde, projeto estratégico do Estado brasileiro que se desenvolve há décadas, ganhando força e forma no atual governo, principalmente no Nova Política Industrial apresentada pelo presidente Lula recentemente, alocada nos mais diversos editais e iniciativas para tornar isso real, em particular nos editais do Ministério da Ciência, Tecnologia & Inovação.

É neste contexto que o debate do que se concebe como investimento ou como gastos ganhou força, profundidade e elaboração. Alocar recursos para tornar o Estado robusto, articulado, gerador de emprego e renda não se enquadra como gastos, mas sim como investimento para dar forma e futuro para o Brasil.

Tudo isso tem a ver com a maneira como a Finep – Financiadora de Estudos e Projetos do Ministério da Ciência, Tecnologia & Inovação – tem apresentado editais variados com possiblidades de taxas de juros abaixo do mercado, buscando ofertar para setores da indústria nacional, pequenos empreendedores e afins na área de ciência, tecnologia & inovação formas de buscarem recursos para conseguirem se inserir e desenvolver iniciativas que ajudem a capilarizar a nossa indústria nacional, de maneira articulada, planejada e focada com as políticas em curso do governo federal.

Aqui não se trata de gasto e sim de investimento como afirmamos, alocação de recursos para dar profundidade e escala a construção de uma nação que possua bases sólidas na ciência, na inovação e no empreendedorismo, nos inserindo entre os principais atores internacionais na busca de propostas e soluções na saúde, educação e outros temas que afetam o globo, edificando uma indústria nacional forte, que gere emprego, renda e desenvolvimento.

Se tem uma lição que a pandemia da Covid-19 nos deixou foi essa: devemos investir e organizar o Estado brasileiro de maneira que possamos enfrentar e superar desafios nas mais diversas frentes, não cabe no século XXI um Estado fraco, complementar ao grande capital, mas sim um Estado forte, que estimule e alavanque o empreendedorismo nacional das mais variadas formas, criando as condições para situar o Brasil entre as grandes economias do mundo.

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