Seminário debate a história das relações entre Brasil e Alemanha

Marcus Prado
Jornalista

Publicado em: 23/09/2024 03:00 Atualizado em: 23/09/2024 05:37

Cerca de 30 pesquisadores do Brasil, Alemanha, Espanha, Israel e Itália, de 16 diferentes instituições, estarão reunidos no auditório do Museu da Vida Fiocruz (Av. Brasil, 4365 - Manguinhos, Rio de Janeiro) nos próximos dias 25 e 27 de setembro, para tratar de temas atuais como refugiados, ecologia, vetores, crise climática, ciências naturais e sociais. As relações entre Brasil e Alemanha, em suas diferentes expressões, serão temas do 1º Seminário Internacional Brasil-Alemanha: Circulação, Intercâmbio. O seminário também tem como objetivo “construir pontes entre instituições brasileiras e de outros países”.

A organização do evento é fruto de uma parceria entre a Casa de Oswaldo Cruz e o Instituto Latino-americano da Universidade Livre de Berlim. O palestrante mais esperado é o cientista e historiador Sylk Schneider (Weimar, Alemanha), de muitos amigos nos meios acadêmicos do Recife e teve o seu aprendizado de nossa língua nesta capital e na Alemanha. É autor do consagrado livro Viagem de Goethe ao Brasil: uma jornada imaginária, obra que ficará na bibliografia de nosso país e da Alemanha sobre o assunto raramente estudado, uma das pesquisas mais impressionantes sobre Goethe e a flora brasileira. Indispensável pela sensibilidade investigativa, pela riqueza das fontes exploradas, pelas interpretações convincentes. O trabalho, que se destaca na edição física por sua naturalidade encantadora (Nave Editora-Florianópolis), versa sobre Johann Wolfgang von Goethe, celebrado poeta, dramaturgo e romancista, e o Brasil. (Sua obra-prima é o drama trágico Fausto). As ilustrações do livro de Sylk que retratam as plantas brasileiras do período estudado são de uma riqueza única. Goethe, (o maior poeta alemão do seu tempo), dedicou grande parte da sua vida à botânica, um botânico voltado para as plantas exóticas e medicinais do Brasil, para a metamorfose das nossas plantas. (Há capítulos que fazem lembrar a monumental edição pernambucana de Morão, Rosa & Pimenta. Leia-se Gilberto Osório de Andrade e Eustáquio Duarte. Prefácio de Gilberto Freyre).

Depois de um longo período sem uma aprofundada pesquisa sobre o tema, que abrigava deficiências naturais, chegou o momento de elogiar uma obra e a consistência das suas revelações sobre um assunto fascinante. Dezenas de pranchas de botânica, mapas e manuscritos do acervo da Klassik Stiftung Weimar, em sua maioria documentos da biblioteca particular de Goethe, são reproduzidos pela primeira vez nesta edição brasileira. Além das muitas dezenas de fontes históricas levantadas pelo autor, durante vários anos, na Alemanha e no Brasil, houve as coleções digitalizadas do Diário de Pernambuco. Nesse sentido chama a atenção do leitor o prefácio de Berthold Zilly, num entusiasmo e elogio muito bem percebido sobre o autor e por sua “tarefa hercúlea”, como foi dito por um dos analistas do livro, R. R. dos Santos.

Sylk Schneider é curador e pesquisador, com mestrado em Economia — ênfase em Estudos Regionais da América do Sul — na Eberhardt-Karls-Universität, de Tübingen, e na Universidade Federal de Pernambuco. Foi curador de quarenta exposições em museus da Alemanha. A tradução desse livro é de Daniel Martineschen, que ganhou por seu trabalho o prêmio Jabuti de tradução (2020).

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